
TEMPEROS DE FRIDA. Foto: Renato Mangolin
Uma homenagem à vida e obra de Frida Kahlo, com música ao vivo e cores no palco.
Depois do sucesso alcançado no Rio de Janeiro e em diversas cidades por onde passou, o espetáculo “Temperos de Frida” retorna à cena carioca a partir de 12 de março, na Casa de Cultura Laura Alvim – Sala Rogério Cardoso, sempre às 19h30, com apresentações às quartas e quintas-feiras até o dia 27 de março.
A última exibição da peça aconteceu no Festival de Teatro da Amazônia, onde encantou o público e os curadores amazonenses com sua estética vibrante e narrativa envolvente. O espetáculo resgata a força e a sensibilidade da icônica Frida Kahlo, trazendo à cena um encontro único com Catrina, a Dona Morte, em uma dramaturgia marcada por cores, música e intensidade emocional.
Há uma forte conexão entre Frida Kahlo e Laura Alvim, ambas mulheres à frente de seu tempo, corajosas e visionárias. A própria Laura Alvim, conforme mencionado por Fernanda Montenegro em palestra realizada no espaço em 2022, abriu sua casa para artistas e indivíduos marginalizados, consolidando um ambiente de arte e resistência – valores que dialogam profundamente com a essência de Frida Kahlo.
Com apresentações em diversos espaços culturais do Rio de Janeiro, o espetáculo reafirma a força de Frida e Catrina, que parecem insistir em permanecer na cidade.
Segundo o crítico Gilberto Bartholo:
“‘Temperos de Frida’ é daqueles espetáculos que ficam gravados na mente e no coração e jamais serão esquecidos, pelo conjunto de seus elementos, o que leva a uma montagem magnífica”.
Segundo Roberto Blattes, palestrante, escritor e gestor cultural:
“Quando meu amigo Francisco Leite me chamou para assistir à peça Temperos de Frida, senti um chamado que vinha de longe, como se alguém puxasse uma fina linha invisível que me atravessava o peito.
Francisco, com suas mãos de artista, vestia a cena. Eu sabia que os figurinos e adereços que ele criava teriam o peso da história e a leveza dos sonhos, e por isso chamei amigos, espalhei nos stories, como quem atira confetes num vento favorável. Queria que o máximo de pessoas estivesse ali para ver. Para sentir.
Mas antes que a cortina se abrisse, uma ausência se fez presente. Elvis. Ele teria sido o primeiro a chegar, ansioso, vibrante, talvez vestindo uma camisa bordada com flores mexicanas. Mas Elvis não estava. Já não está. Há tempos partiu sem aviso, deixando um rastro de conversas interrompidas e um riso encabulado que às vezes ainda ecoa dentro de mim. Fã incondicional de Frida Kahlo, ele teria chorado ao ver a peça, teria comentado que aquele vermelho não era apenas vermelho, era lindo, que o azul era de cobalto e de céu, que o amarelo tinha gosto de manga madura.
Quando as luzes se apagaram, os primeiros acordes ressoaram e tudo aconteceu como num feitiço. Rosana Reátegui era Frida, e não era. Ela era todas as dores e todas as cores da pintora. Sua voz, rasgada e terna, falava com os mortos e os vivos, e entre eles estava Elvis.
O teatro respirava junto, ofegante. A canção Cucurrucucú Paloma brotava da garganta de Natália Sarante como pássaros em voo, atravessava o ar em espirais invisíveis e pousava, leve e certeira, no peito de quem as ouvia, como se sempre tivessem morado ali.
violão de Luciano Camara fazia chorar as cordas, como se cada nota fosse arrancada do fundo da alma.
A morte, vestida de Catrina, ria sem pressa, lembrando a todos nós que a vida é um instante que se acende e se apaga, um fósforo riscado no escuro.
E então, ao final, quando o silêncio se fez antes dos aplausos, senti que Elvis tinha estado ali. Talvez entre os refletores, talvez misturado ao azul de cobalto da luz, talvez sentado ao meu lado, sussurrando: Foi lindo, não foi?
Foi, meu amigo. E ainda é.”
SINOPSE

TEMPEROS DE FRIDA. Foto: Renato Mangolin
É a noite de comemoração do Dia dos Mortos, tanto no Brasil quanto no México. Na cultura mexicana, a morte é celebrada com alegria e cor, como parte essencial do ciclo da vida.
O bar “Viva la Vida” abre suas portas para receber aqueles que desejam celebrar. A anfitriã recebe seus amigos: uma cantora e um violonista. No centro da cena, vivida pela atriz Rosana Reátegui, está Frida Kahlo, ao lado de Catrina, a Dona Morte, que tantas vezes lhe fez visitas ao longo da vida.
De forma lúdica e provocativa, a peça questiona: se todos são afilhados da morte, como responder ao chamado da madrinha? A dramaturgia é costurada por momentos marcantes da vida de Frida Kahlo, frases emblemáticas e canções tradicionais mexicanas, como “La Llorona”, “La Bruja” e “Cucurrucucú Paloma”, interpretadas ao vivo por Natalia Sarante, acompanhada pelo violão de Luciano Camara.
Em “Temperos de Frida”, os sabores, o canto e a palavra se encontram em uma experiência sensorial e emocional intensa, transportando o público para um universo onde arte e vida se entrelaçam de maneira mágica.
FICHA TÉCNICA
- Concepção, Atuação e Dramaturgia: Rosana Reátegui
- Direção: Tatiana Motta Lima
- Canto: Natalia Sarante
- Stand in: Pia Boix
- Violonista: Luciano Camara
- Figurinista, Adereços e Visagismo: Francisco Leite
- Cenografia: Renato Marques, Daniele Geammal
- Colaboração Dramatúrgica: Cadu Cinelli
- Iluminação: Thiago Monte e Renato Marques
- Confecção de Máscara: Paul Colinó Vargas
- Preparação de Máscara: Marise Nogueira
- Direção de Produção: Paty Lopes
- Direção de Cena: Francisco Leite
- Designer: Rodrigo Menezes, Pedro Pessanha
- Fotografia: Renato Mangolin
- Assessoria de Imprensa: Júlio Luz
- Realização: Qinti Companhia e A4 Filmes
SERVIÇO
- Espetáculo: “Temperos de Frida”
- Datas: 12, 13, 19, 20, 26 e 27 de março
- Dias: Quartas e Quintas-feiras
- Horário: 19h30
- Local: Casa de Cultura Laura Alvim – Espaço Rogério Cardoso
- Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema, Rio de Janeiro – RJ, 22420-004
- Valores: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada, conforme legislação vigente)
- Classificação Indicativa: 16 anos
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