– Eu sabia! O que vou dizer na festa do condomínio? – E daí, Matilde? – Ninguém vai querer te dar a mão no culto ecumênico. – Você está preocupada com isso? – Não podemos contar pra ninguém. As…
Pela manhã, leio as mensagens enviadas por Natalia de madrugada: duas fotos, capa e contracapa de um livro antigo e os dizeres “Olha o que escrevi na contracapa!”. Havia uma declaração: “Ana Lúcia é minha melhor amiga”. Sorrio, emocionada. Ana…
Luciana estava presa naquela situação. Havia muito, Dario adiava os planos de casarem-se. Uma dívida nova, um financiamento antigo, os pais precisando de ajuda, um emprego melhor depois do curso no SENAC. Ela sabia: tudo que ele precisava, já…
O frio da manhã entrou no quarto, pelas frestras da construção. Tide se encolheu sob as cobertas mas os pés e as mãos estavam gelados e roubaram seu conforto. Enrolado no edredom, levantou-se para aquecer o fogo. Viu, pelo…
Sabemos que o uso comum pelo falante consagra vocábulos e expressões do idioma. Da mesma forma, faz com que outros sejam substituídos ou modificados. Sabemos, também, que neologismos, muitas vezes, nascem na incorporação de expressões ou palavras de outros idiomas,…
– Por favor, gostaria de ver os modelos de chapéu de praia. – Preferência de tamanho? – Uma aba larga. Que cubra bem. – A senhora é bem clarinha. – É, fujo das sardas. Está ótimo este aqui. Vou…
Voltando para casa, ouvi Erasmo Carlos no rádio, cantando “Minha Superstar”, música do álbum “Mulher”. Eu tinha 10/11 anos quando Erasmo lançou o disco, com uma capa ousada na época (uma foto dele sendo amamentado por sua esposa) e um…
Sete de setembro. Esta não é uma crônica sobre a data cívica. Embora meu pai, militar, amasse as paradas e me acordasse para ver o desfile com ele, mesmo eu sendo uma companhia muda e desinteressada, como toda criança…
As tranças, presas com elástico, caíam nas costas da menina. Carmem procurava fitas na caixa de costura e retalhos. Afastava os objetos misturados, na pressa de saírem para a escola. – Olha, vó! Luvas! – Deixa isso aí. Carmem amarrou…
Compartilharam comigo o artigo do Helio Schwartsman, escrito há umas semanas para a Folha de São Paulo: “Quem pode interpretar quem?”. Nele, questionava-se uma possível tendência global de imporem-se exigências específicas para se interpretarem personagens no teatro. Mal resumindo,…
Depois do teatro, um bate-papo num restaurante charmoso selou a noite, com uma amiga, em Ipanema. Sentar-se numa mesa na calçada é arriscar abordagens diretas, pois o número de pedintes na cidade aumentou demais. Um homem parou na rua,…