No artigo desta semana vamos começar a falar sobre um dos temas mais importantes da era da Internet: Cybersegurança. Há poucos dias atrás um dos eventos que chamou a atenção do mundo foi a extensão global do ataque pelo vírus do tipo ransomware chamado WannaCry. Estima-se que pelo menos um total de 200.000 computadores em 150 países foram vítimas do ataque, que cobrava um resgate a ser pago em bitcoins para que os dados pudessem ser recuperados.
Apesar dos números impressionarem, principalmente a quantidade de países envolvidos, já houve ataques que causaram prejuízos maiores, principalmente se considerarmos ataques a corporações privadas e governos. Para muitos, este ataque serviu para lembrar que temos algumas ações básicas para procurarmos nos proteger: manter as atualizações do Windows em dia, o mesmo para as ferramentas de Anti-Vírus ( e executá-las periodicamente ), além de realizar as cópias de segurança com frequência. Atividades simples, mas que muitas vezes são negligenciadas. É verdade que não é somente isso, já que, por exemplo, precisamos ter muita atenção aos anexos e links suspeitos de e-mails que recebemos.
Acessar a internet requer que tenhamos um senso de responsabilidade cada vez maior. Para se ter uma ideia da quantidade de dados que geramos, reproduzo os números citados por Alec Ross no seu livro “The Industries of the Future”, publicado em 2016: a cada minuto são enviados 204 milhões de e-mails, são inseridas 2,4 milhões de postagens no Facebook, 72 horas de vídeo são enviadas ao YouTube, e 216 mil fotos ao Instagram. Outros números impressionantes que podemos destacar e que constam no relatório “White paper: Cisco VNI Forecast and Methodology, 2015-2020”, também de 2016: o tráfego global sob Protocolo Internet (IP) supera o valor de 1,1 Zettabyte por ano ( 1 Zettabyte é aproximadamente 1 trilhão de Gigabytes ), com estimativa de alcançar 2,3 Zettabytes por ano em 2020, o que representa um valor 95 vezes maior do que o gerado em 2005; a quantidade de dispositivos conectados a redes IP será 3 vezes maior do que a população mundial em 2020 ( 3,4 dispositivos per capita ). É interessante ressaltar que atualmente existem por volta de 3 bilhões de pessoas no mundo que não possuem acesso a Internet ou a banda larga. E se isto for um problema, Elon Musk ( quem mais ? ) pretende acabar com ele através da SpaceX e os foguetes Falcon 9, colocando em órbita 4.425 satélites banda larga entre 2019 e 2024.
A Era do Zettabyte é a era da IoT ( Internet of Things ) na qual vamos ter todo o tipo de dispositivo conectado na Internet. Já não estamos mais falando de celulares e computadores, mas também de meios de transporte, eletrodomésticos, sensores, câmeras, relógios, equipamentos médicos, e roupas, entre outros. Isso significa que todos esses dispositivos passam a ser passíveis de serem invadidos, ou para usar o termo mais comum, hackeados. E, em tempos de interfaces neurais, cabe uma pergunta: poderemos ter nossos pensamentos hackeados ? Loucura ? Apenas para avaliar com calma antes de responder, vale a pena lembrar que em San Jose no mês passado, durante a Conferência F8 da Facebook, foi apresentado um dos ambiciosos projetos da nova divisão da Facebook, denominada Building 8 e dirigida por Regina Dugan ( antiga Diretora do DARPA – Defense Advanced Research Projects Agency ): desenvolver um sistema que permita digitar através do pensamento. E para pensar mais um pouco, fica uma sugestão aos mais curiosos: dar uma olhada no site da Pesquisadora e Professora Tamara Bonaci, da Universidade de Washington (http://www.tamarabonaci.com/home), e ver o trabalho que ela vem desenvolvendo.
Cybersegurança é um tema bastante extenso, e por isso vamos continuar falando a respeito nas próximas publicações, quando iremos abordar assuntos como: tipos de cyberataques com exemplos de casos famosos de ataques a empresas e governos; os casos WikiLeaks e Edward Snowden; privacidade e proteção; cyberterrorismo e a nova visão da guerra ( cyberguerra ); Projeto Tor; Manual Tallin da OTAN; a proposta da Microsoft para a criação de uma Convenção de Genebra Digital, entre outros.
Uma última dica de leitura antes de fechar esta parte inicial: o filme “Duro de Matar 4.0” foi inspirado em um artigo publicado em 1997 chamado “A Farewell to Arms”, de John Carlin e disponível no site da Wired: https://www.wired.com/1997/05/netizen-2/