Amparado pelo bom humor, primeiro solo de Marcélli Oliveira aborda temas contemporâneos delicados, como falta de perspectiva, suicídio e solidão.
A cada 40 minutos uma pessoa comete suicídio e a cada três segundos alguém tenta fazê-lo. Foi de olho nestes números alarmantes que Marcélli Oliveira desenvolveu seu primeiro solo, “Se não agora, quando?”. Partindo da premissa que assuntos como depressão, solidão e suicídio precisam deixar de ser tabu para se tornarem assuntos naturais, tratados de forma cuidadosa e respeitosa, a atriz e autora estreia o espetáculo sob direção de Leonardo Hinckel no dia 07 de Fevereiro, às 19h, no Teatro II do Sesc Tijuca.
Em cena, a personagem acompanha diariamente da janela do seu apartamento a vida dos vizinhos do prédio da frente. Como nada do que planejou para sua vida deu certo, ela se alimenta do que acontece com eles. Porém, após um tempo, nem a vida corriqueira deles lhe interessa mais. Na sacada do seu apartamento, a mulher solitária está decidida como nunca a se matar. De repente, uma luz se acende no 5º piso do prédio da frente. É um novo morador!
“As pessoas ainda cochicham pra falar de depressão e suicídio. Enquanto isso, os números só aumentam. Só no ano passado, três pessoas que eu conhecia cometeram suicídio. No caso de duas delas, a família divulgou a morte como outra causa. A gente precisa começar a gritar sobre o assunto e não mais cochichar. Precisamos parar de esconder e falar sobre o assunto” ,preconiza Marcélli, justificando a escolha do tema de seu terceiro texto teatral – os dois primeiros são “Casório” (2012) e “Às Terças” (2014).
Conhecida pelos trabalhos sempre permeados pelo bom humor, com este não será diferente. Consciente da densidade que tais assuntos costumam trazer, ela mantém um olhar de leveza e naturalidade no texto.
“Eu quero que as pessoas assistam a peça e conversem depois sobre esses temas numa mesa de bar. Quero que elas vejam que está tudo bem se sentir sozinho, que é normal ter algum medo e que está todo mundo se sentindo assim também. Não é vergonha, mas precisa ser conversado”, atesta Marcélli, que também atua há quatro anos como roteirista de humor na TV.
A vida real inspira a ficção: pesquisas comprovam que antidepressivos estão em segundo lugar na fila dos remédios mais consumidos, e estimativa da Organização Mundial da Saúde indica que em 2020 a depressão será a segunda maior causa de afastamento do trabalho.
“Precisamos abordar esses assuntos com naturalidade e dar a eles a devida importância que têm. No Brasil, aproximadamente 32 pessoas se matam por dia. A gente diz que está tudo bem, mas o coração anda cada dia mais acelerado, a ansiedade é cada vez maior”, reforça o diretor Leonardo Hinckel.
“Nos sentimos sozinhos mesmo em uma sala lotada de gente e nos isolamos mesmo querendo companhia. Numa crise de pânico faltamos ao trabalho alegando enxaqueca, virose ou a morte de algum parente. Admitir que se têm depressão é ainda visto como sinal de fraqueza. O tabu precisa ser vencido depressa e muitas vezes o humor é a forma de se falar de assuntos pesados, porque ele tem a coragem de falar sobre coisas que as pessoas pensam, mas não dizem”, resume a autora.
A iniciativa de protagonizar sua ideia foi natural como a escolha do repertório.
“Eu sempre soube que faria porque gosto muito de escrever sobre temas que estão pulsando e me colocar em cena para falá-los. Até hoje só escrevi protagonistas femininas, gosto de escrever pras mulheres. Escrevo sobre o que entendo, sobre o que me faz pensar, pulsar e, enquanto puder, minhas protagonistas serão femininas. Já têm bastante gente por aí priorizando os personagens masculinos, não é mesmo?!”, provoca Marcélli.
SINOPSE:
Uma mulher decidida a se matar. Da janela do seu apartamento ela acompanha diariamente a vida dos vizinhos do prédio da frente. Como nada do que planejou para sua vida deu certo, ela se alimenta do que acontece com eles. Porém, depois de um tempo, nem a vida deles lhe interessa mais. Tudo é igual, vazio e sem graça. Na sacada do seu apartamento, a mulher solitária está decidida como nunca antes estivera. De repente, uma luz se acende no 5o piso do prédio da frente. É um novo morador!
SERVIÇO:
“SE NÃO AGORA, QUANDO?”
QUANDO: Temporada de 07 a 16 de Fevereiro / 06 a 15 de Março. Horários: Sexta-feira a domingo – 19h
ONDE: Sesc Tijuca – Teatro II. Rua Barão de Mesquita, 539 – Andaraí – Rio de Janeiro. Tel.: (21) 3238-2164 / 2428 / 2139
QUANTO:
R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia-entrada) / R$ 7,50 (associados do SESC).
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Comédia Dramática
FICHA TÉCNICA:
Texto: Marcélli Oliveira
Direção: Leonardo Hinckel
Elenco: Marcélli Oliveira
Luz: Paulo Cesar Medeiros
Cenário: Marieta Spada
Figurino: Tiago Ribeiro
Diretor Musical: Leandro Castilho
Design Gráfico: Raquel Alvarenga
Videomaker: Jony Luz
Fotógrafa: Lívia Kessedjian
Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria – Gisele Machado & Bruno Morais
Produção: Rubi Schumacher – Curiosa Cultural
Idealização: Marcélli Oliveira
SOBRE A AUTORA:
Marcélli Oliveira é atriz, dramaturga e roteirista. É formada pela Escola de Atores de Porto Alegre e pela
Unirio, no Rio de Janeiro. Como atriz, já trabalhou com Felipe Martins, César Augusto, Marcelo Valle, Ricardo Kosovski e Daniel Herz, entre outros. Em 2006, ganhou o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Esquetes do Tempo Glauber. Como dramaturga, Marcélli escreveu “Casório” (2012), peça em que também atuava, com direção de Alexandre Contini e contracenando com Tammy Di Calafiori e Carol Garcia no elenco. Em 2014, escreveu a peça “Às Terças” com Gottsha , Stella Maria Rodrigues e Carina Saccheli no elenco. Há quatro anos, Marcélli trabalha como roteirista na Rede Globo, tendo integrado o programa “Zorra” e atualmente na “Escolinha do Professor Raimundo”.
SOBRE O DIRETOR:
Leonardo Hinckel é diretor e ator – formado na Unirio em Direção Teatral e na Escola Técnica Martins Pena. Como ator, já trabalhou em importantes companhias de teatro como Alfândega 88, dirigida por Moacir Chaves; Armazém Companhia de Teatro, dirigida por Paulo de Moraes e, atualmente, faz parte da Companhia Ensaio Aberto, dirigida por Luiz Fernando Lobo. Como diretor realizou as peças “Ralé”, de Máximo Gorki; “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare; e “Peer Gynt”, de Ibsen.