Sapateadora brasileira Isabella Serricella vem ganhando os palcos de Nova York

Sapateadora Isabella Serricella | Foto: Steven Pisano

 

A carioca, que se dedica a mostrar a cultura do tap dance, tem se apresentado em espaços de referência da cidade

Ela é integrante das companhias The Knee-heart Connection, sob a direção do premiado Orlando Hernandez, e kamrDANCE, com a direção de Alexis Robins. Recentemente, brilhou em apresentações no RAC (Rhythmic Arts Center NYC) e em Cityseed. Agora, ela se prepara para a sua nova performance no renomado Museu Guggenheim, no início de 2026

 Vivendo há três anos em Nova York, a sapateadora brasileira Isabella Serricella vem trilhando uma bela carreira internacional. Integrante de duas companhias de dança, ela vem ganhando os palcos da Big Apple ao mostrar a cultura do tap dance (sapateado americano). Sua performance já pôde ser vista em espaços que são referência para apresentações de destaque, como no Center for Performance Research (CPR), Judson Memorial Church, Jacob’s Pillow e Snug Harbor Cultural Center. Recentemente, fez parte do Programa de Sapateado da escola Jacob’s Pillow. Formada em licenciatura em dança, em 2015, pela Faculdade Angel Vianna, a carioca está se preparando para estrear sua nova performance, no início de 2026, com a Cia The Knee-heart Connection, sob a direção do premiado Orlando Hernandez, no conhecido Museu Guggenheim.

 

‘Histórias e performances que mesclam de forma emocionante música ao vivo, sapateado, teatro, narração e ritmo incorporado’

Após belas apresentações no RAC (Rhythmic Arts Center NYC) e em Cityseed, em novembro e dezembro, respectivamente, a carioca tem agenda em fevereiro no Museu Guggenheim. Sem contar muito detalhes, para não estragar a surpresa, ela adianta um pouco do que o público pode esperar de sua apresentação nos palcos.

“Orlando Hernández & The Knee-Heart Connection apresenta uma performance rítmica e narrativa, que mistura sapateado, música ao vivo e poesia falada. Conhecido por sua abordagem experimental, o trabalho de Hernández reflete as histórias culturais das comunidades latino-americanas e afro-diaspóricas. Ele traz uma variedade de histórias e performances que mesclam de forma emocionante música ao vivo, sapateado, teatro, narração e ritmo incorporado. E o diretor Orlando Hernandez ganhou alguns prêmios recentemente, e tem ocupado lugares maiores e mais importantes e também já dançou pra grandes nomes do meio”, conta ela, de 29 anos, que complementa como tem sido a sua rotina de ensaios e preparação.

“Os ensaios funcionam em formatos de residências. Com a equipe do Knee-heart Connection, a gente costuma ter uma agenda concentrada perto do show. O período de ensaio cresce pra de 8-10 dias e dançamos logo em seguida, de forma que por agora não temos muito ensaio mesmo. Com uma certa frequência assisto a vídeos das últimas apresentações, pra me manter conectada com a obra. No sapateado a música é tão importante quanto a dança, então escutar também ajuda muito. Nosso próximo encontro está marcado pra fevereiro e eu me sinto muito sortuda de fazer parte desse projeto”, orgulha-se ela, que, que tem feito residências e estudo contínuo com mestres da área por iniciativa própria de aperfeiçoamento e busca por conhecimento.

 

‘É bem bonito de ver que a história do tap, que eu sempre acompanhei por livros, é uma história viva aqui (NY) ’

Isabella resolveu se mudar para Nova York para se aproximar da cultura do tap dance, principalmente, e está encantada com as oportunidades que vem tendo nos EUA.

“A experiência tem sido maravilhosa no sentido de aprofundar na cultura do tap dance. Tem uma riqueza de diversidade de casas de jazz, teatros e festivais, com mais opções de espetáculos, exclusivamente de sapateado; profissionais que fazem parte da história da modalidade, como Dormeshia, Derick Grant, Lisa La Touche, Dianne Walker. Enfim, eles estão ativos dando aula, de diferentes gerações, assistindo a espetáculos, contando histórias sobre os grandes ‘masters’ para os sapateadores mais jovens, circulando e fazendo a comunidade como um todo girar. É bem bonito de ver que a história do tap, que eu sempre acompanhei por livros, é uma história viva aqui, parte da vida dessas pessoas, e elas são acessíveis a quem estiver disposto a aprender com elas”, conta ela, que vem investindo na carreira no exterior com muita dedicação, estudos e atuando de forma voluntária.

Mais que dançar, Isabella tem mergulhado nas histórias transmitidas em aulas.

“Essa cultura afro-diaspórica começou com os povos negros que foram escravizados aqui e isso se conecta muito com a cultura do samba no Brasil, algo que me conecto também. Tudo isso é muito ensinado e falado aqui (NY) por esses profissionais que citei e tantos outros”.

 

‘Subir em palcos tradicionais e marcantes na história do tap dance e do jazz, ainda mais em NYC, um dos lugares onde se fundaram… me emociona’

A experiência no exterior tem sido enriquecedora e admite que demorou a “cair a ficha”. “No fundo é sempre especial ter a oportunidade de dançar e me expressar pela minha arte, não importa onde. Mas subir em palcos tradicionais e marcantes na história do tap dance e do jazz, ainda mais em NYC, um dos lugares onde se fundaram… me emociona porque sinto que estou me aproximando um pouquinho mais dessas artes que tanto admiro”, frisa ela, que é integrante da KamrDANCE, com a direção de Alexis Robins e também tem realizado solos elogiados.

Antes de se mudar para NY, Isabella fez temporadas e turnês pelo Brasil. Com destaque para “Catarse”, com a Cia Motiro, em 2018; “24 lugares”, com direção de Flávia Tápias, em 2020; e “Trash”, com a Cia Motiro, no “Festival Floripa Tap”, em 2021. E desfilou com a escola de samba Vila Isabel, na Sapucaí, em 2019, com direção de Ana Formighiere.

 

Carreira internacional: últimos espetáculos em cartaz

Há três anos em Nova York, Isabella Serricella tem se dedicado à cultura do tap dance, e já realizou diversos trabalhos em palcos, espaços, festivais e centros de dança importantes. Entre os espetáculos:

  • “Too soon to discover planets, too late to discover islands” – diretor Orlando Hernandez – New York Live Arts, CPR (Center for Performance Research), Judson Memorial Church, Jacob’s pillow, Snug Harbor Cultural Center;
  • “NYC Joint” – diretora Christina Carminucci – Steps in Concert at NYU Skirball Center for Performing Arts;
  • “Mercy Velvet Project” – KamrDANCE – Arts on Site, Ailey Studios, NXTHVN, Yale Schwarzman Center;
  • “NYC Tap Ensemble” – diretor Derick K Grant – Inwood Art Works, Studios Gibney;
  • “To Let the Spell Break” – diretora Adriana Ogle – CPR (Center for Performance Research);
  • “Tap Dance Day Celebration (Honorable Harvest)” – diretora Melissa Almaguer – The Jazz Gallery, Arts on Site e Mooncalf NYC;
  • Programa de Sapateado da escola Jacob’s Pillow no verão de 2025.

 

 

Author

Mestre em Artes Visuais, com ênfase em dança – UFRJ (2013), Especialista em Estudos Contemporâneos em Dança –UFBA/FAV 2007 e Bacharel em Dança, Intérprete e Coreógrafa, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – 2006/1. Possui formação em jazz, ballet, ballet moderno – Horton, dança contemporânea, sapateado e canto popular. Qualificada Profissional da Dança, artista-dançarina sapateadora e Instrutora de Dança, seguimento sapateado, pelo SPDRJ, atua como professora de sapateado, jazz e balé desde 2007 em diversos espaços de dança do Rio de Janeiro. Integrou a Cia de Dança Contemporânea Helenita Sá Hearp – 2004/1 a 2005/1, Cia Étnica de Dança e Teatro – 2007 a 2008, Projeto Ateliê Coreográfico do Centro Laban RJ – 2008 a 2009, Projeto de residência internacional da coreógrafa Erica Essner (Erica Essner Performance CoOp) no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro 2007 e do grupo A.C.Ho com a performance Q _ _ _ _ _ , realizada no eventro Transperformance em 2011. Como cantora atuou na Cia Nós da Dança no espetáculo Bossanossa – 2009. Foi coreógrafa residente no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro de julho de 2005 a julho de 2006, onde realizou seu primeiro trabalho autoral Chora Corpo Choro, composto pelos solos Rádio e Violão Mudo e pelo quarteto Choro na Feira. Seu segundo solo autoral Ah vai andas?! participou, em junho de 2012, em work in progress do evento Novíssimos da Ocupação Dança pra Cacilda. Em 2015 integrou o corpo de jurados dos festivais de dança Barra Dance e Barra Dance Kids. Sua oficina de Sapateado para Terceira Idade foi contemplada nos anos de 2014 e 2015 nos editais Viva a Cultura e Viva o Talento da secretaria de Cultura do RJ. Hoje atua como professora de balé e sapateado na ONG Projeto Dançarte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *