Desde o lançamento do álbum “The Mandrake Project”, e da anunciada turnê pelo Brasil, expectativas foram criadas, seja pela qualidade do trabalho lançado, seja pelo reencontro de Bruce Dickson com seu público.
Isso refletiu na conversa que tive com algumas pessoas do público.
Já no BRT, sim, repórter de show pega transporte público, tive a oportunidade de conversar com um casal, Luiz Eduardo (27) e Carolina Porto (31).
Luiz me contou ser fã do Iron Maiden, ao ponto de fazer detox das músicas ouvindo os álbuns solos do Bruce, já Carolina se disse uma fã recente (tem uns 2 anos, então não é tão recente assim). Ambos declararam estarem ansiosos pela apresentação.
Quando perguntado sobre o álbum, disse que não era maravilhoso, mas era um bom retorno do velho Bruce! As composições eram boas, mas dava para ouvir o peso da idade na voz da “Sirene de ataque aéreo” (Air-Raid Siren), apelido ganho quando se apresentou pelo Iron na primeira vez.
Quase na entrada do Qualistage, conversei com Natali (36) e João Henrique (34).
Curiosamente havia uma inversão de papéis em relação à Carolina e Luiz, Natali é uma fã bem longeva do Iron, enquanto o Luiz disse conhecer pouco.
Natali falou de suas expectativas, dizendo que esperava um bom show, enquanto João disse ter ouvido o “The Mandrake Project” (bora chamar de TMP que é mais fácil) e gostado bastante, falando que se tratava de “um ouvido puro”, em relação a não poder comparar os trabalhos de Dickson.
Já dentro do Qualistage encontrei alguns amigos, inclusive um ex-companheiro dos tempos em que cantava em bandas de Rock, Arony, com sua companheira Raquel, que disse estarem ansiosos pelo show.
Aqui um parêntese, TMP é um trabalho consistente, com boas composições, que teve alguns problemas na produção. A voz do Bruce parecia sentir o peso da idade, com ele se adaptando à sua nova realidade, com ataques mais curtos em notas muito agudas, e não as sustentando muito tempo.
Eu esperava ver um bom show do melhor frontman de Metal em atividade, mas ciente de que não ouviria a mesma potência dos álbuns antigos. Como me enganei!!!!
A abertura coube a banda Noturnall, que nasceu do Shaman, chamada às pressas por conta um problema de saúde de um dos integrantes da banda Clash Bulldogs.
Se não era maravilhoso, as composições próprias são, digamos, controversas, enquanto se constata que os músicos são competentes, tendo Thiago Bianchi e cia realizado um show morninho para o pequeno público presente naquele momento.
O palco era bastante minimalista, tendo os instrumentos e uma tela de alta definição por trás dos músicos, onde assistimos as imagens transmitidas.
Quando chegou a hora de “Bruce Bruce”, a expectativa e energia da audiência era tangível, e, pontualmente, já largou com a projeção de “Toltec 7 Arrival”, o público já era num bom tamanho, tomando toda a pista premium e os camarotes, embora houvesse conforto para assistir ao show, ou seja, o carioca chegando em cima da hora.
Se não estava lotado, estava cheio!
Em seguida veio Accident of Birth, do álbum de 97, ali já se ouviu que o Bruce do TMP estava rejuvenescido, e com aquele carisma que já conhecemos, ele estava melhor, focado, e mostrava toda sua forma no palco.
A voz estava cristalina, diferente da gravação de TMP, e quase não se notava o peso de seus 65 anos! O velho Bruce estava no palco, pulsante, brincalhão, respondendo ao público como sempre foi, e isso é muito bom.
CONFIRA ALGUMAS IMAGENS DO SHOW
A performance teatral, agudos sustentados, por menos tempo, sem qualquer impacto na apresentação, e a interação com os membros de sua banda, estava tudo ali.
Do alto de seu 1,68, Bruce dirigia o público com sua tão conhecida maestria, trocando com a audiência, que reagia aos gestos, gritando, pulando, e cantando as músicas junto!
Do TMP, Bruce nos brindou com Rain on the Graves, Afterglow of Ragnarok, Many Doors to Hell e Ressurrection Men.
Aliás, ele nos deu um belo panorama de sua carreira, tocando músicas de Balls to Picasso, Accidental Birth e The Chemical Weding .
Ali se viu como o velho e o novo se encontravam, se Bruce tinha 62 anos, passou por um câncer na língua, se viu que sua voz continua límpida, com aquela presença de palco teatral
Acompanhado de uma banda excelente, formada por Dave Moreno (batera), Mistheria (teclados), Tanya O’Callaghan (baixo) Philip “Viking” Näslund (violão e guitarra) e Chris Declerq (guitarra).
Todos em ótima performance, se divertindo no palco, e transmitindo a energia dessa diversão para nós, que assistíamos ao show.
Se houve um ponto alto, foi Tears of The Dragon, uivos, mãos para cima, celulares a postos, tudo que se espera de uma audiência fiel e entregue às músicas que eram tocadas.
E os músicos entregaram um show com fechamento energético, “lá em cima”, acariciando nossos ouvidos com The Tower.
É um show imperdível, de um frontman que soube se adaptar a idade, e entregou uma apresentação ainda melhor do que se esperava, uma performance épica, que não será esquecida tão cedo por quem lá esteve.
O Rio de Janeiro, que carece de apresentação das bandas de Rock e a divulgação de seus artistas natal, teve ontem o reencontro com Bruce, um verdadeiro bálsamo para que curte música no geral, e Metal especialmente.
Ali se viu que a carreira de Bruce vai durar ainda muito tempo, para nossa felicidade.
O bom e velho Bruce está no palco, e foi foda, como sempre!
Eu, Luiz, Carolina, João e Natali saímos muito felizes que que vimos e ouvimos!
Setlist do show:
- Toltec 7 Arrival
- Accident of Birth
- Abduction
- Laughing in the Hiding Bush
- Afterglow of Ragnarok
- Chemical Wedding
- Many Doors to Hell
- Gates of Urizen
- Resurrection Men
- Rain on the Graves
- Frankenstein (The Edgar Winter Group cover)
- The Alchemist
- Tears of Darkside of Aquarius
- Bis:
– Jerusalem
– Book of Thel
– The Tower