Victorino Aguiar, professor aposentado e um típico morador da Zona Norte, transformou-se numa verdadeira máquina de escrever, e agora está lançando seu sexto livro, Recontagens, uma coletânea de 16 narrativas curtas, protagonizadas por personagens fragilizadas, com limitações e restrições emocionais de toda ordem.
O livro terá seu lançamento oficial no Bar Ernesto, na rua da Lapa, 41, no dia 4 de outubro, a partir das 18:00.
Nascido e criado no subúrbio carioca, Victorino Aguiar iniciou sua carreira literária aos 12 anos, quando publicou no jornal escolar um poema dedicado a sua mãe, falecida quando ele tinha apenas 4 anos. Victorino Aguiar morou boa parte da vida com o pai viúvo e inválido, de favor, nos fundos de uma padaria. Depois de passar pelo internato, conheceu as agruras da vida, que iria superar mais tarde, ainda jovem, saindo da adolescência, quando começou a trabalhar. Iniciou sua atuação como Professor de Língua Portuguesa e Literatura aos 21 anos, antes mesmo de ingressar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde se licenciou em Letras.
Durante muito tempo Victorino Aguiar produziu e guardou na gaveta centenas de textos, a maioria dos quais ele destruiu.
Foi só em 2006 que ele conseguiu publicar o primeiro livro de contos, URA! URA! URA! e outras histórias entre o Céu e a Terra.
Em 2010, veio a lume mais um livro de contos. Com o sugestivo título Ladrão de mulher, escrito em estilo coloquial e com desfechos rápidos, o livro foi uma grata surpresa literária, pela qualidade da prosa – ágil, enxuta e precisa.
Em 2020, Victorino Aguiar publicou seu primeiro romance, Povo heroico – mãe gentil, nas palavras do próprio autor, “um texto experimental híbrido, que transita livremente entre os gêneros conto, crônica e documento, uma espécie de distopia malcomportada.”
Em 2021, vem a público mais um romance, Flora Diniz: singulares memórias de uma viúva, seguido por outro, em 2022 – O inventário.
O autor tem pronto para publicação um livro inédito de poemas, Poesia líquida, dois romances inéditos ainda sem títulos, dois romances e um livro de contos em gestação, além de crônicas, artigos científicos etc.
Com seu estilo tenso e mordaz, porém humanista, sem perder o viés crítico que o caracteriza, Victorino Aguiar se coloca certamente na trilha dos grandes autores contemporâneos.
Confira abaixo nossa entrevista exclusiva com o autor.
ENTREVISTA
(Entrevista cedida ao nosso colunista de Literatura, CÉSAR MANZOLILLO)
1) Como a Literatura entrou na sua vida?
De forma trágica, à la grega, incontornável e irremediavelmente impositiva. Nasci numa família muito pobre e numerosa. Minha mãe teve pelo menos 12 filhos. Um deles morreu com 7 anos de idade, bem antes de eu nascer. O último filho morreu na maternidade, depois de ela já haver morrido de eclâmpsia. São ingredientes nada desprezíveis, quase uma condenação ao exercício da Literatura. Por volta dos 8 anos, fui internado numa instituição que acolhia menores em situações desfavoráveis. Por essa época, eu já compunha muitas músicas, para as quais eu mesmo produzia os textos. Daí, rapidamente migrei para a produção de poemas e de ligeiros textos performáticos musicados, quase sempre de viés cômico, e que eu encenava com a participação de outro interno. Mas eu ainda não fazia registros escritos desses textos. Um pouco mais tarde, por volta dos 9, 10 anos de idade, caí nas graças de um casal sem filhos, proprietários de uma livraria em Todos os Santos, bairro onde eu morava na época com meu pai. Eu fui o filho que eles não podiam ter. Tive, da parte deles, um inestimável estímulo à leitura. Nos períodos de férias, eu passava a maior parte do tempo com o casal, às vezes, até dormia na casa deles. Fiquei com uma livraria toda à minha disposição, o amor à Literatura tomou conta de mim. Foi a partir dessa época que meu afeto por textos escritos se manifestou. Minha primeira publicação foi feita justamente no jornal que era impresso pela gráfica criada e mantida pela instituição em que eu estava internado, e que usava mão de obra dos próprios alunos – eu incluído. Naturalmente, devo ter sido beneficiado e recompensado pela minha condição de tipógrafo. O poema, dedicado à minha falecida mãe, tem pouco valor literário; quando o escrevi, devia ter mais ou menos 10 anos de idade, e menos de três anos de estudo formal; mas o valor afetivo é incomensurável – mãe é mãe!!! Guardo com muito carinho um exemplar da edição em que o poema foi publicado, em maio de 1962.
2) Depois de ter se aposentado, em 2020, você passou a se dedicar à Literatura em tempo integral. Como tem sido a experiência?
A melhor possível, apesar de ela ter coincidido com a eclosão da pandemia e com o período político mais conturbado dos últimos tempos, além de outros incidentes da minha vida pessoal. Nunca me senti tão pleno quanto atualmente. Gosto de participar de eventos literários – saraus, lançamentos, leituras e palestras. Se pudesse, iria a todos, a tantos quanto a bipolaridade me permitisse.
3) Você escreve poesia, romance, conto e crônica. Alguma preferência por um desses gêneros?
Pergunta difícil… O primeiro pedaço… Papai ou mamãe… Amo igualmente a todos eles. Vejo no romance, no entanto, o único que me permite exercitar e exprimir o amor por todos eles, até por aqueles ainda não gerados. No romance, eu enxergo o conto, a crônica, a poesia, o poema, o documento, o roteiro, a resenha, o ensaio etc.
4) Seu livro Recontagens será lançado em breve. Poderia nos falar algo sobre a obra?
Recontagens é uma coletânea de 16 narrativas curtas, protagonizadas por personagens fragilizadas, com limitações e restrições emocionais de toda ordem, que foram publicadas nos meus dois primeiros livros de contos. Vão aqui as histórias, com as respectivas sinopses, na ordem em que surgem no livro:
1) Uma vez Flamengo – Torcedor pouco convencional, vítima de abandono na infância e comprometido por formação machista, se defronta com dificuldades no Maracanã.
2) Provérbios – Durante a ditadura militar, universitário contestador passa por maus bocados.
3) Ladrão de mulher – Recordações de idoso têm encontro marcado com tragédia no circo.
4) O carismático – Ativista político quebra a rotina do centro de uma grande cidade.
5) Transferência – Terapeuta não dá conta de uma paciente, e se transforma em personagem do problema dela.
6) O julgamento do poeta – Num futuro não muito distante, jovem transgressor é vítima de cancelamento.
7) Almas gêmeas – Idoso vulnerável, com problemas emocionais e de memória, narra encontro insólito e enigmático de dois rapazes na praça de uma pequena cidade.
8) João sem braço – Político profissional, apesar de ter carreira tragicamente prejudicada, consegue dar um passo à frente.
9) Adultério – Doente emocional com problemas de alcoolismo se ampara na Filosofia e na religião para evitar tragédia.
10) A morta – Marido tenta, sem sucesso, requisitar os serviços da polícia para elucidação do assassinato da esposa.
11) O testamento – Morte trágica de aspirante a escritor deixa viúva a ver navios.
12) URA! URA! URA! – A narração da ascensão e queda da ditadura militar é pano de fundo para o romance abortado de um idealista.
13) A senhora – A morte suscita as primeiras reflexões filosóficas de uma criança.
14) Chumbo, chuva e choro – Crítico da ditadura militar sofre as consequências de suas posições ideológicas, e acaba por perder o emprego.
15) A promessa – Devotos não conseguem pagar promessa, e a inadimplência tem graves repercussões.
16) Frederico – Cidade pequena se depara com crime insolúvel.
O pré-lançamento da obra será feito na Bienal Rio 2023, nos dias 2 e 3 de setembro, entre 14:30 e 17:00. Me sentirei honrado e feliz com a presença dos amigos e familiares.
Todos os meus livros estarão expostos e disponíveis para compra.
O lançamento oficial será feito no dia 4 de outubro, a partir das 18:00, no Bar Ernesto, na rua da Lapa, 41, ao lado da Sala Cecília Meireles.
5) Planos futuros: o que vem por aí nos próximos meses?
Pretendo publicar meu primeiro livro de poemas – Poesia líquida – ainda neste ano. Tenho dois romances inéditos, prontos para publicação, e dois romances e um livros de contos inéditos em gestação.
Não deixe de ler estes outros livros do autor:
Flora Diniz: singulares memórias de uma viúva
Flora Diniz é uma garota adiante do seu tempo. Rebelde, ambiciosa,
dona de um temperamento forte, está disposta a enfrentar todos
os obstáculos e tirar do caminho todas as pedras com que ela topar.
De qualquer jeito. Custe o que custar. Doa em quem doer.
Do jeito dela, é claro.
A primeira topada que ela deu foi nascer numa favela, filha de pais
rudes, violentos, apegados a rígidos valores morais, contra os quais,
Flora Diniz se rebela.
Aos dez anos, ela já sonha com a maioridade, para ter acesso
à liberdade e ser dona do próprio nariz, do próprio corpo.
Quando faz 18 anos, ela bota o pé na estrada, se reinventa,
dá a volta por cima e começa a se livrar de todas as pedras
com que ela topa. Isto é, quase todas. Do jeito dela, é claro.
O que ela nem desconfia é que a maioridade não é uma
garantia automática da tão esperada autonomia com que ela sonha.
Mas há males que vêm para o Bem.
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Povo Heroico Mãe Gentil
Nada é perfeito. Nada é para sempre. Mesmo uma nação onde tudo dá certo e onde tudo funciona às mil maravilhas pode mudar um dia. Tudo pode mudar. Tudo mudará. O romance é de uma atualidade contundente. Nele, o leitor encontra uma aquarela da nacionalidade, com suas grandezas e mesquinharias, qualidades e defeitos, heroísmos e vilanias. Vêm juntos e misturados: muito humor, um pouco de sonho, um pouco de realidade, um pouco de utopia. Até uma necessária e indispensável pitada de gentileza.
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Mais livros de Victorino Aguiar:
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SERVIÇO
Lançamento de RECONTAGENS
- Onde: Bar Ernesto. Rua da Lapa, 41.
- Quando: Dia 4 de outubro. A partir das 18h.