Quando se fala em animações Disney é irrelevante falar da técnica de animação, já que a cada nova obra, a empresa entrega algo impecável e superior comparado com os filmes anteriores feitos pelo estúdio. Raya e o Ultimo Dragão , que estreia amanhã, dia 5, na plataforma Disney Plus e cinemas, não é diferente e além de ser uma animação rica em detalhes, tanto na textura e em seu visual geral, o filme tem uma grande história, comovente e admirável.
Apesar da trama se passar no antigo Oriente, o tema chega a ser bem contemporâneo, pois conta como a confiança entre as pessoas pode promover unificação e prosperidade a cada povo. Essa temática é muito bem retratada através da jornada de Raya, em tentar recuperar a antiga vida fértil de sua região, trazendo de volta o ultimo dragão ainda vivo. As camadas da protagonista são muito bem desenvolvidas, ela é apresentada como uma mulher que não acredita na boa vontade das pessoas, devido a um trauma antigo, envolvendo sua principal rival, Namaari. Esse conflito entre as duas personagens representa bem como uma desconfiança constante entre as pessoas pode trazer ainda mais desordem e devastação no mundo, algo que é bem construído visualmente através do cenário distópico, que nos lembra às vezes uma versão mais familiar de Mad Max, com um toque de Indiana Jones em seu ritmo, o que dá uma leveza bem equilibrada e que faz o público de todas as idades se deslumbrar com a riqueza da estética dos muitos mundos e visuais distintos do filme, o que aliás, nos remetem também à cultura e o cotidiano de cada um das tribos apresentadas.
Um ponto que acaba atrapalhando, ou no mínimo incomodando o público mais maduro, são os elementos narrativos focados em cativar o público infantil, como o primeiro ato autoexplicativo, que até ajuda a contextualizar informações e elementos cruciais para o desenrolar da trama, mas cujo modo como isso é apresentado fica ainda muito forçado, além do excesso de personagens cômicos e fofos, que não tem tanta utilidade narrativa, pois só estão no filme para fazer merchandising.
Dos vários alívios cômicos introduzidos, a que mais se destaca (e funciona) é a Sisu, o último dragão, que com a ajuda da direção, consegue se transformar numa personagem cativante. E não só pelas suas ótimas tiradas cômicas, mas também pelo seu modo de pensar, em sempre acreditar que as pessoas podem sim, confiar umas nas outras, que só basta alguém ter iniciativa e dar motivo para despertar essa confiança. Afinal isso poderá unificar todas as tribos e fazer com que tenham um futuro promissor, mas juntos. Nesses momentos Sisu então é a personagem inspiradora, equilibrando bem entre essa personalidade forte com seu senso de humor.
O roteiro cria uma ótima analogia entre as criaturas sóbrias que assombram o mundo de Raya, com a natureza egoísta e gananciosa do ser humano, colocando, de forma física, o que esses sentimentos negativos fazem com cada um de nós. Quando o roteiro tem que explicar isso de forma verbal, a direção consegue ser expositiva, mas comovente ao mesmo tempo, devido ao modo delicado de como a direção trata desse assunto, diferente da questão da relação afetiva entre Raya e Namaari, na qual fica muito vago se as duas tem sentimentos fortes uma com a outra, já que em alguns momentos parece que a direção vai aprofundar isso, mesmo sendo um pouco mais sutil e indireto, mas isso nunca vai pra frente, já que tanto a direção como o roteiro jogam isso para escanteio, perdendo a oportunidade de finalmente acrescentarem oficialmente a primeira protagonista LGBTQ do universo Disney, coisa que aparentemente a própria Disney ainda não tem coragem suficiente para fazer algo dessa proporção, pois isso, com certeza, causaria um impacto positivo no público atual.
Mesmo ainda estando dentro da estrutura padrão da Disney, com elementos mágicos, fofos e principalmente, com um tema impactante, Raya e o Ultimo Dragão comove com o nível da qualidade da história, que traz uma temática muito dentro de nossa realidade, mostrando como o crescimento da desconfiança só fortalece a ganância que corroem cada um de nós, e de como um pequeno gesto de gentileza, consegue unificar as pessoas, encorajando mais elas a terem mais confiança e fé nas boas intenções e em quererem prosperar juntas.
NOTA: 8
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