Coluna de Márcio Calixto

Walter Salles com o Oscar por melhor filme internacional. Ainda Estou Aqui Frederic J. Brown / AFP
Uma semana depois de escrever sobre a agressão a Marcelo Rubens Paiva, a lapada como resposta: o filme homônimo de sua obra ganha o Oscar de melhor filme internacional.
Alma positivamente lavada. Fernanda não chegou a ganhar. Acredito que a alma seria mais totalmente lavada se ela ganhasse. Era merecedora. Por ela. Pela mãe. Pelo Brasil como um todo, que ecoa o pedido de “Sem Anistia”. Anistia para criminoso contumaz realmente não deve ser merecido. Ao mesmo tempo, é fundamental encontrarmos maneiras de frear a extrema direita que cavalga em campos largos sem resistência. Que o filme e o livro são uma primeira resistência, tal qual me proponho com essa coluna e com algumas práxis cotidianas, agora se soma à vitória e à visibilidade que o Oscar trará à questão.
Desde anteontem estou extasiado. Navegando nos sentimento de vitória pela internet, um internauta salientou a diferença de bilionários nesse momento: Walter Salles, o diretor do filme, é um bilionário que possui sua riqueza advinda do universo bancário brasileiro. Rivaliza, agora, brevemente, com Elon Musk, nazistinha contemporâneo, que não está sendo freado. De um lado, um crápula que se acha dono do mundo, e Salles, que alerta usando acontecimentos. Pena que, como movimento midiático, o que veremos vai na esteira do momento. Logo haverá algum outro fato que irá renovar nosso descontentamento e descrédito. Nosso sono em xeque. Nosso sentimento de mundo escarnecido. A sensação de estar em um mundo caduco. Pérfido.
Vou aproveitar a festa. É para isso que ela existe. Vou ao porre, não me socorre, que estou feliz. É o que sobra, por agora.
MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor

Márcio Calixto. Foto: Divulgação.
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