Maior referência nacional em alimentação Low Carb, Dr. José Carlos Souto é um dos destaques entre o time nacional de palestrantes. Ele é autor do blog “Ciência lowcarb” que atraiu mais de 23 milhões de visitas.
Dias 14 e 15 de Julho, São Paulo receberá o Primeiro Congresso Internacional Low Carb. Mariane Barcelos do ArteCult conversou com a produtora e criadora do evento Caroline Guilherme, que nos contou um pouco mais sobre o alimentação Low Card, o congresso e seus participantes que contará, entre outros com destaques nacionais e internacionais neste assunto.
Confira abaixo nossa entrevista:
Mariane Barcelos: Caroline, primeiramente eu gostaria de saber qual a sua motivação para criar esse evento direcionado ao tipo de alimentação Low Carb?
Caroline Guilherme: A motivação que tive para criar esse evento direcionado para alimentação Low Carb foi justamente pela minha experiência inicial com a dieta, onde eu ganhei muita saúde e descobri uma forma de alimentação e nutrição baseada em evidências científicas. Então quando eu descobri a Low Carb, passei a aplicar na minha vida e na da minha família. Acabou virando um estilo de vida e comecei a me apaixonar pela nutrição. Voltei a estudar e iniciei o curso de Nutrição. Apesar de ser chamada de dieta Low Carb, acho que ela é mais do que isso. Ela é um estilo de vida realmente. Ela traz muitas soluções para diversas patologias que têm ligação à má alimentação, especialmente a obesidade, diabetes, síndrome metabólica e tantas outras. Acho interessante que as pessoas possam conhecê-la e consigam entender que a alimentação pode até, em muitos casos, ser mais eficiente que tratar com medicamentos. O que queremos, na verdade, é que as pessoas redescubram a alimentação simples, a comida de verdade, aquilo que você faz em casa. Às vezes a solução é muito simples e as pessoas ainda estão presas ao “ah, eu preciso de um remedinho para emagrecer”, “ah, eu preciso de um remedinho para tal coisa”. A Low Carb trata de forma cientificamente comprovada essas doenças, em vez de mascarar os efeitos da mesma como fazem certos medicamentos. E isso tem que ser propagado ao maior número de pessoas possível.
Você já realizou vários eventos de nutrição pelo país e inclusive recentemente na Europa também, que foi um sucesso. Gostaríamos que falasse um pouco sobre a diferença entre os estados e também a diferença que foi na Europa, já que cada local tem uma cultura alimentar muito própria.
Já realizei alguns eventos, não como produtora diretamente, mas trabalhei, antes de conhecer a Low Carb, para algumas empresas que eram realizadoras, e que atendiam as indústrias farmacêuticas. Entendia bastante e sempre vivi esse mercado de eventos das indústrias farmacêuticas e como isso funciona. Quando me mudei para Brasília, fiz alguns outros eventos, não ligados à nutrição, como a Copa do Mundo, Copa das Confederações e outros. Nesse ponto já havia descoberto a low carb e, como disse, fiquei apaixonada pelo tema. Não pude deixar de lado toda minha experiência com eventos nestes longos anos que tive. Tentei juntar as duas coisas: produção de eventos e o que eu estava aprendendo do mundo da nutrição.
O primeiro evento que realizei foi em dezembro de 2016 em Brasília. Tivemos um público de 200 pessoas e 4 palestrantes (Dr. Souto, Dr. Erik Neves, Djulye Marquato e Felipe Tuono). O público foi bem misto. Havia pessoas leigas e pessoas da área de saúde. Na época havia poucos eventos sobre low carb, então foi uma grande descoberta e um grande divisor de águas para muita gente. O evento teve um resultado muito positivo. Brasília começou a ser atingida com essa ideia da Low Carb, sendo o Dr. Erik o pioneiro em sua aplicação em seu consultório na Capital Federal. Hoje já existem muitos nutricionistas e outros profissionais da saúde atendendo aqui com essa abordagem.
Percebo que os brasilienses são muito preocupados com a saúde. Você vai no Parque da Cidade a qualquer hora do dia e encontra pessoas caminhando, correndo, se exercitando… Existem muitos restaurantes por aqui de “comida saudável”. O problema é que o conceito do que é saudável muitas vezes está completamente errado.
A ideia de um evento na Europa, o meu segundo, surgiu para gente tentar mostrar um pouquinho do quanto o Brasil é preocupado com esse assunto. A gente quis levar um pouquinho do nosso país, principalmente para comunidade brasileira que fica acompanhando a gente de lá e que tem também essa necessidade de conhecimento, de ter contato com a dieta, com as palestras que ensinam muito. Foi baseado nisso que a gente conseguiu reunir o cardiologista britânico Dr. Aseem Malhotra com o Dr. Souto, o Dr. Erik e a nutricionista Raquel, que atua em Londres com a alimentação Low Carb. Contamos com um público misto, onde 70 a 80% eram brasileiros, que mantém boa parte da cultura alimentar brasileira. Alguns brasileiros vieram até da Alemanha, Espanha, Portugal e Holanda. O restante do público era de ingleses que acompanham o trabalho do Dr. Aseem Malhotra e quiseram assistir sua palestra. Foi muito legal. Eles participaram muito, fizeram muitos questionamentos, mas percebi que os londrinos não têm uma alimentação muito saudável, mesmo tendo mais acesso a alimentos saudáveis do que a gente no Brasil. Por incrível que pareça, lá eles têm muitas opções, com custo muito mais baixo do que temos aqui. A aceitação do evento em Londres foi muito grande, tanto que nós recebemos convites para levar esse evento à Alemanha, à Espanha e especialmente a Portugal. No ano de 2019, estaremos trabalhando com essa ideia de conseguir fazer um tour em algumas cidades da Europa e até dos Estados Unidos. Temos algumas propostas e estamos estudando a possibilidade, mas a aceitação realmente está sendo muito muito positiva.
O que lhe fez escolher São Paulo para sediar o 1º Congresso Internacional Low Carb?
Primeiro porque sou paulista e por ter trabalhado muitos anos em eventos em São Paulo, entendo que lá é o centro econômico do país. É mais fácil para você conseguir atingir pessoas de outras localidades, pois é o local de mais fácil acesso. Esse foi o primeiro ponto, mais técnico, da decisão. Segundo porque acredito que em São Paulo a gente consiga ter um apelo muito interessante, porque a alimentação dos paulistas é ruim em geral. O paulista precisa começar a se preocupar um pouco mais com a alimentação para ter mais saúde. Com essa coisa de workaholic, ele acaba deixando de se preocupar com isso porque precisa trabalhar muito! Então quando você desce do seu escritório para comer, acaba escolhendo muitas vezes um fast food. São Paulo é uma capital gastronômica maravilhosa, temos diversas opções. Um evento como esse na capital paulista é um incentivo para que os paulistas tenham uma qualidade de vida um pouco melhor, começando pela alimentação.
São nomes importantes que estarão presentes durante os dois dias de evento. Como foi feita a escolha desses participantes? Mesmo com o mesmo assunto de base, de que maneira as palestras podem se completar?
Quando eu iniciei a low carb conheci o blog do Dr. Souto – algo praticamente inevitável, afinal ele é o médico de referência no assunto e pioneiro no Brasil. Ele comenta, para leigos, diversos artigos científicos de forma muito didática nesse blog. É um grande defensor da Medicina baseada em evidências. E tudo então começou pelo blog dele, onde publica, desde 2011, conteúdos que são facilitadores. A partir daí, acabamos nos tornando amigos e atualmente trabalhamos juntos. Sou admiradora do trabalho dele e não poderia fazer um evento sobre low carb, dessa proporção, sem sua presença. Ele começou a estudar sobre isso depois de ler o livro do Gary Taubes “Good Calories, Bad Calories”, autor que iniciou uma revolução no âmbito nutricional, mesmo como jornalista. Praticamente tudo o que ouvimos hoje como sendo uma dieta saudável, especialmente a partir dos 80, são mitos. Informação baseada em uma ciência de má qualidade, com baixo nível de evidência. Gary colocou isso em questão através de muita pesquisa, de muito estudo, e publicou alguns livros sobre nutrição que são best-sellers. Ele é uma pessoa de muita credibilidade. Esse novo livro sobre o açúcar mostra, entre muitas outras coisas, como a indústria açucareira atuou para culpar a gordura pelo avanço da obesidade, da diabetes e da doença cardíaca. E por outro lado, se esforçou (e se esforça) a mostrar seu produto apenas como um inocente alimento, que pode ser consumido sem culpa, desde que você queime suas calorias. No evento você terá a noção de que as coisas não são bem assim.
Seguindo os passos de Gary, Nina Teicholz, também jornalista investigativa, destrincha no seu livro Gordura sem Medo (já traduzido para o português) os motivos pelos quais a gordura, em especial a saturada, foi vilanizada. Ela mostra, através de análises de milhares de artigos científicos, de uma extensa revisão histórica e de diversas entrevistas, que devemos perder o medo de consumir as gorduras boas e, além disso, aponta quais são elas. Spoiler: não são as que você costuma ouvir por aí… Esse medo, essa lipidofobia foi criada a partir da introdução das diretrizes nutricionais americanas em 1980, que foi coordenada pela indústria alimentícia. Não tem como, após ler o livro deles, não querer que estivessem numa palestra nossa. O Dr Aseem Malhotra é um médico cardiologista britânico que recentemente falou no Parlamento Europeu contra o modo de atuação das indústrias farmacêuticas. Como elas acreditam que a solução para os problemas causados por uma má alimentação devem ser lidados através da criação de novos medicamentos. Ele acredita que os governos devem investir mais em prevenção. As indústrias farmacêuticas querem aumentar mais o lucro empurrando mais medicação. Ele tem trabalhado para expor essa farsa.
Então essas pessoas são fundamentais para um evento como esse. Cada um conta um pedaço da história do atual conceito distorcido do que é uma boa alimentação. Um congresso internacional sobre low carb, não tem como deixar de fora esses quatro. Os outros palestrantes são: Dr. José Neto, Dr. Rodrigo, Dr. Erik, Dr. Marcelo, Drª Teresinha, Rafa Lund, Paty Ayres, Djulye, Nanda, Polyana – médicos, nutricionistas e um educador físico. A gente realiza este trabalho querendo levar a informação de qualidade para as pessoas, baseada em evidências, com muita ética e muita responsabilidade. Então o time é comprometido para que tanto profissionais de saúde como leigos e entusiastas consigam ter informação que realmente impactem a própria qualidade de vida e a de seus pacientes, nos mais diferentes aspectos de suas vidas,
Temos alguns assuntos de certa maneira polêmicos, como o livro que Gary Taubes lançará “Açúcar: culpado ou inocente?” e também a palestra “A Batalha contra as Indústrias Farmacêuticas”. Existe algum assunto, dentro do tema, claro, que você preferiu não abordar durante esse congresso?
Muito pelo contrário! Eu quero que esses temas polêmicos estejam em pauta para que as pessoas consigam ter um pouco mais de consciência, principalmente do quanto estamos deixando-nos vender pelas indústrias e o quanto estamos pagando a conta com a nossa saúde. Não há nenhum tema dentre todos esses que são englobadas pela low carb e pela nutrição que a gente tenha censurado.
Quando você adotou o Low Carb para a sua vida? Como foi esse processo? Essa sua mudança, influenciou na criação do projeto ALIMENTE?
Eu tinha acabado de ter uma filha quando adotei a low carb. Eu tinha uma bebê de 9 meses e comecei a tomar o anticoncepcional que auxiliou no meu ganho de peso. Engordei 20 kg e estava me sentindo mal, auto-estima baixa. Pedi para que meu marido me ajudasse a encontrar uma dieta que pudesse me fazer voltar ao meu peso anterior e pudesse me sentir um pouco melhor. Ele começou a pesquisar. Passou uns 3, 4 meses estudando e me trouxe a proposta da dieta low carb. Durante esse tempo, ele leu o blog do Dr. Souto, lendo também os livros e artigos científicos por ele indicados. Foi assim que percebeu, depois de vários anos exercendo Medicina, o quanto ele estava enganado. O quanto ele foi enganado pelas diretrizes nutricionais transmitidas pelos livros. Ele passou a perceber a dimensão disso tudo.
A gente então começou a colocar em prática. Achei estranho num primeiro momento: como é que gordura não engorda? Sempre associamos consumo de gordura com engordar e foi difícil entender o processo. Demorou um certo tempo para que eu começasse a perder algum peso. Mas aí o ponteiro da balança começou a descer! Comecei a perceber o quanto eu estava ganhando saúde e disposição, o quanto a minha vida estava mudando, o quanto meu paladar estava mudando, o quanto eu estava redescobrindo a alimentação, quanto estava ganhando consciência corporal. Minhas escolhas passaram a ser mais seletivas. Eu me sentia melhor por completo e tinha conseguido voltar ao meu peso inicial. Como falei anteriormente, todo esse processo que eu vivi, esse entusiasmo que a low carb trouxe para minha vida foi algo que me deixou realmente apaixonada. E pensei: “Puxa vida, eu tenho tantos anos de experiência com eventos, eu preciso levar essa informação para as pessoas. As pessoas precisam descobrir o quanto isso é bom. As pessoas precisam saber que low carb nos traz mais vida. Eu precisava levar isso adiante.” A partir daí, fiquei imaginado como seria o primeiro evento. Passei anos alinhando-o, tentando imaginar como seria cada detalhe dele. E o nome ALIMENTE partiu de uma conversa com um amigo meu, que acabou tornando-se um dos palestrantes do primeiro evento, o Felipe. E nós dois, discutindo sobre o nome que teria o evento, falei para ele: “Eu quero nutrir a mente das pessoas. Eu quero levar informação. Quero fazer com que elas saiam do meu evento desses com a cabeça a mil, pensando ‘meu Deus, que legal, eu quero isso pra minha vida, eu preciso passar isso adiante também!’ Não quero fazer lavagem cerebral. Quero plantar a sementinha da boa informação, da boa ciência.” E daí surgiu o nome ALIMENTE, que vem de “alimentar a mente”. Alimentar de informações, de qualidade de vida, de saúde etc. Uma vez criado o nome, realizei o primeiro evento, em Brasília. Então pensei que ele poderia ter outras edições. O ALIMENTE é um produto que propaga informação de qualidade. Hoje a gente pode divulgar sobre low carb, amanhã, sobre qualidade de vida baseada em atividades físicas, depois de amanhã, a gente pode fazer o ALIMENTE na Europa. Ele pode ter várias edições. Este ano a edição do evento ALIMENTE será o 1º Congresso Internacional. Espero que ele continue a ser anual.
Gostaria de pedir que você deixasse uma mensagem para os nosso seguidores, sobre a importância de entender e se importar com a alimentação.
Quando eu penso em mandar mensagens para alguém, me pego pensando no quanto gostaria de ter tido o conhecimento, as informações e os acessos que tenho hoje há uns 10, 12 anos. Certamente eu teria conseguido colocar alguns parentes meus numa condição de vida melhor, com uma saúde melhor, e talvez os tivesse comigo ainda hoje. Quando eu falo isso, penso assim: “Se hoje você tem acesso a essas informações, não perca mais tempo! Corra! Ajude-se e ajude ao próximo, a quem você puder. Dentro de casa, fora de casa, amigos, todas as pessoas que você puder levar isso adiante.” A alimentação é capaz de transformar a vida da gente. As nossas escolhas, o que colocamos no prato. Ninguém está dizendo que você nunca mais vai poder comer um brigadeiro, que nunca mais vai poder comer uma pizza. A gente está dizendo que as boas escolhas, a boa alimentação, tem que fazer parte de no mínimo 90% do seu dia-a-dia, e os outros 10%, sua exceção. É o dia que você escolhe tomar um sorvete com seu filho. É o dia que você está na praia e quer tomar uma cerveja. Que você vai encontrar com seus amigos no rodízio de pizzas. Existe um momento da exceção. Momento em que você pode optar por comer alguma coisa fora, que não seja tão saudável, mas os outros 90% tem que ser focados em uma alimentação saudável. Precisamos saber o que comemos, ler rótulos, desembalar menos e descascar mais, ter consciência do quanto isso impacta na nossa saúde e o quanto isso influencia as pessoas que estão à nossa volta. O quanto influencia nossos filhos, pois veem nossas escolhas, têm isso como espelho. Não precisamos viver em restrição. A gente só precisa viver de maneira mais saudável. Se hoje eu não posso mais comer pizza é porque a minha saúde não está ok. É porque eu já me permiti comer pizza uma vida inteira e cheguei em um ponto que agora a pizza não é mais tolerável. A pizza agora tem que ficar de lado pois agora eu preciso cuidar de mim. Quando digo sobre pizza quero dizer que: quando chegamos no ponto de não poder mais comê-la é porque passamos uma vida comendo como regra e não como exceção. A pizza deve ser uma escolha consciente, baseada no que você come diariamente. Neste caso, a pizza é apenas um exemplo, podemos colocar como açúcar e refinados no modo geral. A boa alimentação é um ato de amor-próprio. É a gente se cuidando, se amando acima de tudo. Temos que cuidar da nossa morada e a nossa morada é o nosso corpo. Não vamos perder essa oportunidade de cuidar dela. Se a gente puder influenciar as pessoas que estão em nossa volta, plantando esta sementinha, isto é também um ato de amor ao próximo.
Tenho certeza que depois dessa entrevista, sua vontade de ir ao congresso só aumentou.
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SERVIÇO
1o. Congresso Internacional Low Carb
Quando: 14 e 15 de julho, das 7h às 19h30
Onde: Hotel Sheraton – Av. das Nações Unidas, 12.559 Novo Brooklin – SP
Confira a programação, informações sobre ingressos e mais no site: www.eventoalimente.com.br
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https://www.sympla.com.br/1-congresso-internacional-low-carb__258690
gostei do seu site muito interessante o conteúdo, queria te dar os parabéns e dizer que vou acompanhar mais vezes para saber sempre as novidades. Bjus