PONTE DE VERSOS: Evento de fevereiro trouxe, no Prato Principal, Afonso Henriques Neto e Alberto Pucheu, ao lado de Thereza Christina Rocque da Motta, editora e fundadora da Ibis Libris

Segundo Thereza Christina, a poesia contribui para a formação do imaginário, do jogo simbólico e da sensibilidade estética, identificando os sentimentos do autor e do leitor

A Ibis Libris Editora entra no ano de seu 23º aniversário com 600 títulos publicados em 2022, títulos novos em produção,  além dos 24 anos da Ponte de Versos, evento que valoriza a literatura nacional e novos autores.

Em fevereiro, a Ponte de Versos contou com a presença de Afonso Henriques Neto e Alberto Pucheu, ao lado da também poeta e editora Thereza Christina Rocque da Motta, fundadora da Ibis Libris Editora, que leram poemas autorais.

A “Ponte de Versos” aconteceu dia 14/02 (terça-feira) na Blooks Botafogo, na Praia de Botafogo (Espaço Itaú de Cinema). Evento Livre para todas as idades e com entrada franca.

A poesia é uma presença constante na vida da poeta Thereza Christina Rocque da Motta , que traduz o mundo real e o simbólico através de palavras que transbordam com facilidade de seus pensamentos. Afonso Henriques Neto e Alberto Pucheu estiveram na Ponte de Versos há 20 anos e agora retornaram Para prestigiar a poesia brasileira.

ALTURAS
Assim como nas alturas,
disseste o que as palavras são.

O caos irrompe as manhãs,como um trem a avançar sobre os trilhos,
e a vida que deixas para trás
clama por outro perdão
sobre vales circundados de memória.

É o corpo e sua terra,
a água longínqua a guardar os ruídos
que retorna sobre o caos de agora,
este que nos atravessa os sentidos.

14/04/2010   (Revista da Poesia e Arte Contemporânea)

Logo após o Prato Principal, foi aberta a Sobremesa, com a leitura de poemas de todos os presentes, encerrando com a Saideira, quando cada um leu mais um poema curto preferido, ou de sua autoria.

Estiveram na Ponte de Versos em 2022:

Em fevereiro, Lílian Maial, Ricardo Ruiz e Rosália Milsztajn.
Em março, Celi Luz e Karla Sabah.
Em abril, Alice Monteiro e Paulo Sabino.
Em maio, Claudia Roquette-Pinto e Léo Ferreira.
Em junho, Adriano Espínola, Monica Montone e Cristina Biscaia.
Em julho, Gilberto Gouma, Manuel Herculano e Marcelo Mourão.
Em agosto, Tanussi Cardoso, Ramon Nunes Mello e Carmen Moreno.
Em setembro, Christovam de Chevalier, Ricardo Vieira Lima e Solange Padilha.
Em outubro, William Soares dos Santos, Hélen Queiroz e Cecília Costa.
Em novembro, Luiz Otávio Oliani e Renato Alvarenga.
Em dezembro, Cristina Fürst, Georgia Annes e Rose Araujo.

Estiveram na Ponte de Versos em 2023:

Em janeiro : Laura Esteves, Jorge Sá Earp e Jorge Ventura

Em fevereiro : Afonso Henriques Neto e Alberto Pucheu

 

Sobre a PONTE DE VERSOS 

Ibis Libris realiza, mensalmente, a “Ponte de Versos”, evento literário tradicional carioca que, este ano, comemora 23 anos. Desde 1999, ocorrendo quinzenalmente na antiga Livraria Ponte de Tábuas, no Jardim Botânico, passando pelo Barteliê, em Ipanema, e pela Livraria DaConde, no Leblon, reunindo poetas novos e já consagrados, a “Ponte de Versos” tornou-se parte da cena poética carioca.

O evento divide-se em “Prato Principal”, onde os poetas convidados leem por 10 a 15 minutos. Em seguida, é aberta a “Sobremesa” ao público, quando cada pessoa pode recitar um poema por vez e, por fim, a  “Saideira”, com a leitura de mais um poema curto cada um. Com isso, incentiva-se a produção e a divulgação da poesia brasileira e estrangeira.

Traga seu poema no proximo evento para a Sobremesa e a Saideira!

Sobre Afonso Henriques Neto

Afonso Henriques Neto. Foto Divulgação

Afonso Henriques Neto nasceu em Belo Horizonte, MG e morou em Brasília. Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro. Publicou, em edição independente, nesse mesmo ano, seu primeiro livro de poesia, O misterioso ladrão de Tenerife. O segundo, Restos & estrelas & fraturas, saiu em 1975. Em 1976, participou da antologia 26 poetas hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda, que reuniu os trabalhos da chamada “geração marginal”, poetas que resistiam à ditadura militar. Daí em diante, publicou mais 11 livros de poesia, o mais recente, em 2022, Cantar de labirinto, poema de fôlego épico, dividido em 16 cantos. Em 2014, editou o livro de contos Relatos nas ruas de fúria. Em 2017, a antologia “Busca da gema nos destroços”, obra publicada em Portugal. Em 2019, o romance Os odiados do sol. Em 2020, publicou Antologia poética, com traduções de poemas de Arthur Rimbaud e, em 2021, os livros A tulipa azul do sonho (Constança, a musa de Alphonsus de Guimaraens, seu avô) e um primeiro livro infantil, Aquilo aquele aquela, com poemas ilustrados por suas netas, Isadora e Natália W. Guimaraens. Publicou vários livros de tradução, entre eles, Ode sobre uma urna grega, de John Keats e O barco bêbado, de Arthur Rimbaud, em 2015, pela Ibis Libris. É professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro da Academia Mineira de Letras.

Pois os poemas sobem

dessa lava bruta

a habitar a oculta

paisagem, a fruta

de infinita aurora

que por nós demora

para que a semente

possa enfim germinar,

mar sempre a quebrar

sore eterno mar.

Cada verso nasce

do diverso verso

que no sem termo

é infindo derramar.

O vento traz poemas

e demais escolhas.

A escolha é do poeta

mineração inquieta.

Trocam-se palavras

para o mesmo tema.

Este parto idêntico

a qualquer poema.

Canto I, in Cantar de labirinto (7Letras,2022)

Sobre Alberto Pucheu 

Alberto Pucheu é poeta e professor de Teoria Literária da UFRJ. Publica livros de poemas e de ensaios. Dentre os primeiros, A fronteira desguarnecida, poesia reunida 1993-2007, mais cotidiano que o cotidiano (2013), Para quê poetas em tempos de terrorismos? (2107), Vidas rasteiras (2020) e É chegado o tempo de voltar à superfície (2022), estes dois últimos publicados pela Cult Editora. Como ensaísta, publicou, entre outros, Pelo colorido, para além do cinzento; a literatura e seus entornos interventivos (2007), Giorgio Agamben: poesia, filosofia, crítica (2010), a poesia contemporânea (2014), Que porra é essa – poesia? (2018) e Espantografias: entre poesia, filosofia e política (2021). Depois de fazer um documentário e de escrever em um jornal sobre Carlos de Assumpção, organizou sua poesia reunida, Não pararei de gritar, publicada pela Companhia das Letras. Realizou outros documentários com poetas, como Leonardo Fróes e Vicente Franz Cecim, além da série Autobiografias poético-políticas, com André Luiz Pinto, Tatiana Pequeno, Bruna Mitrano e Danielle Magalhães. Organizou diversos livros, periódicos e dossiês, tendo mantido o blog virtual “O cuidado da poesia – poemas do e para este tempo”, com 30 textos de convidados, além de ter escrito um de abertura e outro de encerramento, na Cult. Em 2019, fez a curadoria do primeiro número da Cult Antologia Poética. Em 2021, organizou Poemas para exumar a história viva, livro com poemas sobre presos políticos na ditadura militar, publicado pela Cult Editora.

É CHEGADO O TEMPO DE VOLTAR

À SUPERFÍCIE

É chegado o tempo de voltar

à superfície. Apesar do pulmão

estourado, do estômago

explodido, dos olhos

esbugalhados, das veias

estufadas, dos miolos

espatifados, do corpo

maltratado, algo faz

saber que, apesar de tudo,

resta um fôlego qualquer

para mais um segundo,

aguentando o arremesso

final. É chegado o tempo

de voltar à superfície.

Na encharcada escuridão

desorientadora de espaços

e tempos, depois de

a solidão borbulhar

em vertigem, depois

de desmaiado

um sem número de vezes,

depois de, em um lampejo

súbito de alguma explosão,

não saber se está acordando

ou se desce sonâmbulo

para aquela zona ainda mais

funda, depois de ver o pico

do Everest espelhado

às avessas abaixo

e aqueles seres ínfimos

e imensos, escutando

seus sons de horrores

e deslumbramentos, depois

de boiar em uma nuvem

submersa de explosões,

sentindo que tem medo

e que não tem mais nada

a perder senão o medo,

ficando a dois sopros,

se tanto, da morte, é chegado

o tempo de voltar à superfície.

Com o rosto voltando-se

para cima e a respiração

desafogando-se

e encontrando

pela primeira vez

o ar por sobre o abismo

do qual emerge, é chegado

o tempo, é chegado o tempo

de voltar à superfície.

In É chegado o tempo de voltar à superfície (Cult, 2022)

Sobre a Ibis Libris

Ibis Libris é uma editora de primeiros livros de prosa e poesia, ficção e não ficção, infantis, juvenis e cultura em geral. Foi fundada em 18 de agosto de 2000, e hoje tem mais de 500 títulos publicados, principalmente de literatura. Sua fundadora, Thereza Christina Rocque da Motta, é poeta, editora e tradutora. Lançou “Joio & Trigo”, seu primeiro livro de poemas, em 1982. Tem 25 livros publicados, entre eles, “Capitu” (2014), “Breve anunciação” (2013) e “As liras de Marília” (2013). É membro do Pen Clube do Brasil e da Academia Brasileira de Poesia. Fundou a Ibis Libris em 2000, e criou o selo Bisbilibisbalabás em 2002. Em 2021, criou o selo Maat somente para mulheres.  Em 2022, lançou “Sheherazade”, seu primeiro livro de contos, pelo selo Maat.

A Ibis Libris Editora inscreveu, pela primeira vez, mais de 10 títulos no Prêmio Jabuti de 2022, concorrendo em 16 categorias. Além disso, Thereza Christina fez o pedido de inserção do Dia da Primavera dos Livros no Calendário Oficial da Cidade, aprovado em 6 de outubro de 2022.

Segundo Thereza Rocque da Motta, a “Ibis Libris foi criada para dar voz aos autores que desejam transformar seus sonhos em livros e, por isso, criei  uma editora para transformar sonhos em realidade”.

 

 

Author

Redação do Portal ArteCult.com - Rio de Janeiro. Expediente: de Seg a Sex - Horário Comerciall. e-mail para Divulgação Artística: divulgacao@artecult.com. Fundador e Editor Geral: Raphael Gomide.

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