Os últimos minutos parece que nunca passam

Essa é a última semana de “Vida Útil“, e claro que eu precisava falar desse espetáculo. Do teatro independente espera-se tudo, inclusive obras gostosas de serem assistidas.

A peça apresenta, de forma cômica, questões ligadas às relações de trabalho dentro de um ambiente corporativo. Em uma sexta-feira aparentemente qualquer, no momento de fim de expediente, os “colaboradores” de uma empresa estão discutindo sobre o cumprimento de uma demanda repassada pelo chefe. (Sinopse)

Impossível não dar todo honraria possível ao dramaturgo Rafael Martins que trouxe ao espetáculo um texto dinâmico, divertidíssimo, contemporâneo que traduz com máxima lealdade a tudo que acontece em um final de expediente em um ambiente administrativo, quem passou pelos escritórias da vida vai entender muito bem a obra escrita. Isso me impressionou bastante. E o legal é que a peça está em temporada na Cinelândia, no Centro Cultural da Justiça Federal e vai para o Glauce Rocha no próximo mês. O centro da cidade foi um grande polo empresarial antes da pandemia, e ainda temos umas células empresariais por lá, portanto, o público alvo precisa somente saber que está lá. Pode-se dizer que é um bom happy hour com os colegas de trabalho.  A diversão é certa.

O cenário é elegante e muito de acordo com o espaço que a peça teatral nos remete. Parece uns pufs de acrílicos com cores diferentes, pequenas mesas ao lado com objetos de escritórios. Posso dizer que existe simplicidade, mas bem arquitetado por Marcelo Morato. Aliás, ele também é o diretor artístico, que não deixa transparecer falhas, seguiu o ritmo do texto, não sentimos o espetáculo passar.  Sem contar os jogos cênicos muito bem-postos nas cenas.

Foto de @andregarzuze

Já o figurino dos personagens é assinado por Wanderley Gomes, que parece transformar tecidos em coro por meio de tintas. Tudo colorido, jovial, que inclusive estão bem alinhados ao cenário.

A iluminação é criação do Bruno Aragão, também segue o mesmo padrão que dos demais da equipe criativa, em uma sequência sem nada over, nada que nos transparecesse chamara atenção.

O artista Lucas Garbois, chamou muitíssimo minha atenção ao trazer a sonoplastia com um grampeador em mãos, além de uma atuação gostosa de assistir.

 “Além da identificação com minhas questões, queria uma peça com a qual eu sabia que a plateia ia se identificar. É alarmante o número de pessoas afastadas do seu trabalho por questões ligadas à depressão e à ansiedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à falta de saúde mental do trabalhador, e isso gera uma perda de aproximadamente um trilhão de dólares para a economia global. É com urgência que temos que debater mais esses temas”, observa Luciano (idealizador e produtor). 

Percebi o teatro cheio em uma dessas quartas-feiras que queremos ir correndo para casa depois de um dia de  trabalho, e isso já diz um pouco do espetáculo, que vale a pena conferir!

 

Ficha Técnica

Texto: Rafael Martins
Direção: Marcelo Morato
Elenco: Jade Freneszi, Julia Couto, Lucas Garbois e Luciano Pontes
Figurino: Wanderley Gomes
Iluminação: Bruno Aragão e Bruno Henrique Caverninha
Operação de Luz: João Gaspary
Operação de som e trilha sonora: Diogo Perdigão
Assistência de direção: Luca Matteo
Assistência de produção: Matheus Quintão
Fotografia: André Garzuze
Filmagem: Tamo em Copa Filmes
Programação Visual: Leonardo Pereira e Anaclara Salvador
Assessoria de Imprensa: Carlos Pinho
Realização: Terceiro Sinal Produções

SERVIÇO

Espetáculo “Vida últil”

  • Temporada: de 08 a 30 de maio de 2024
  • Teatro Glauce Rocha, Av. Rio Branco, 179 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
  • Dias e horários: quartas e quintas, às 19h.
  • Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada).
  • Lotação: 201 lugares
  • Duração: 1h10
  • Classificação etária: 14 anos
  • Venda de ingressos: pelo site Sympla (https://www.sympla.com.br/vida-util__2415130) e na bilheteria do teatro.
  • Instagram: @vidautil.teatro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

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