Na virada para 1983, em Vitória no Espírito Santo, todos estão comemorando a chegada de um novo ano, com exceção de Suzano (Johnny Massaro), um jovem biólogo que percebe em seu corpo, marcas e sintomas de algo avassalador.
Diante da falta de informação e da certeza sobre o julgamento alheio, ele se aproxima de Rose (Renata Carvalho), uma artista transexual, e de Humberto (Vitor Camilo), um videomaker homossexual, que estão lutando contra a mesma coisa. Juntos, eles se isolam daqueles que amam, para tentar sobreviver a primeira onda da epidemia que hoje conhecemos como HIV/AIDS.
Dirigido por Rodrigo de Oliveira, “Os Primeiros Soldados“, carrega em sua narrativa uma forte premissa sobre a guerra. Do título a toda a sustentação da história, a produção entrega versos, através de metáforas, que fluem em perfeita sincronia com os pensamentos, angústias e com o forte sentimento de pesar que paira sobre a vida dos personagens.
Com pouquíssimos momentos de descontração, o longa busca levantar uma discussão sobre a disseminação do vírus HIV, durante o início da década de 80. Anos em que a doença ainda era considerada como tabu, por não ser compreendida por órgãos de saúde e pela comunidade.
Vista como um inimigo invisível, a AIDS matou milhares de pessoas, que não sabiam como a doença era transmitida e tão pouco, como poderiam se curar de algo que, até então, era erroneamente visto como uma enfermidade que atingia exclusivamente a comunidade LGBT.
Com diálogos curtos e cores frias, o filme apresenta uma história sobre medos e incertezas, que transcendem as ações dos personagens, estando presentes principalmente em olhares ou em momentos de silêncio, que teimam ironicamente, em serem ensurdecedores.
“Os Primeiros Soldados”, estreou exclusivamente nos cinemas brasileiros em 07/07.
VICTÓRIA PROFIRIO