Já considerado um dos nomes mais prestigiados do cinema do horror, depois de “O Exorcismo de Emily Rose” e do aclamado “A Entidade”, Scott Derrickson presentear os fãs do terror com a adaptação do conto de Joe Hill, O Telefone Preto, que faz uma brilhante mistura de thriller e o sobrenatural.
A inicio, o filme possui a ambientação muito realista, com situações que poderiam facilmente acontecer, com exceção do elemento do telefone preto, que dá origem a um dos arquétipos sobrenaturais colocado na narrativa para ajudar o protagonista a sobreviver ao seu tempo no cativeiro do Sequestrador. Isso acaba se tornando uma cartada interessante da trama, pois o roteiro explora bem esse elemento, tendo uma boa execução, porém, a forma como o diretor conduz a introdução de cada uso do telefone preto na trama não acaba sendo natural, dando a sensação de ser algo forçado, como se o telefone fosse apenas um recurso de facilitação do roteiro para a trama progredir, porém a direção deixa isso notável na condução.
No restante do filme, o diretor só traz acertos na sua condução, ele não tem pressa de contextualizar toda a situação que ocorre na cidade sobre as crianças desaparecidas, tanto, que o primeiro ato mostra a existência do Sequestrador e como ele provoca medo na vizinhança, mas no início, o diretor foca no cotidiano e na relação do protagonista Finney (Mason Thames) com sua irmã Gwen (Madeleine McGraw), antes de mudar o foco por completo. E quando essa mudança acontece, é algo bem orgânico, ao deixar as coisas fluírem quase que naturalmente, sem forçar demais.
Quando finalmente o Sequestrador (Ethan Hawke) dá as caras e começa a ter mais presença, o ritmo fica mais tenso e a direção consegue manter essa intensidade em toda a história. Ao invés de trabalhar no terror físico ou nos sustos baratos, o diretor aposta – e acerta – no terror através dessa tensão que impacta o espectador sobre o destino do protagonista, junto com a ambientação, com cenários desconfortáveis ou no mínimo, inseguros, sempre destacando a existência do perigo mortal no local, seja ele mais notável por conta da presença do Sequestrador ou apenas pela insinuação de sua existência nas ruas da cidade que ele atua.
O roteiro não faz questão de ficar explicando tudor, como o próprio telefone preto ou os sonhos de Gwen, ou até mesmo a motivação do Sequestrador, tais explicações realmente não são relevantes por conta da história se sustentar muito bem sem elas. Talvez a única ressalva sobre isso é a respeito da personalidade do Sequestrador, cuja atitudes, em alguns momentos, poderiam ser mais exploradas. Nesses momentos, o roteiro se coloca num precipício ao tocar no assunto sobre o seu objetivo em relação às crianças que sequestra, mas nunca vai além disso.
Os personagens são muito bem desenvolvidos, até mesmo aqueles que caem no clichê, como por exemplo o do parente mau caráter, pois tem camadas construídas sobre o mesmo, o que faz o personagem não ser tão odiado. Só mesmo para o próprio Sequestrador, que precisou de um pouco mais de personalidade em sua construção ou uma citação de sua origem para termos mais compreensão de seus atos.
O Telefone Preto consegue provocar medo ou, no mínimo, desconforto, utilizando apenas a tensão da ambientação e o próprio Sequestrador, deixando o terror físico presente e ressaltando ainda mais a existência do perigo letal.
NOTA: 8,5
BRUNO MARTUCI
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