
Se a palavra eixo faz referência a um ponto principal, o título desse texto aponta para o teatro que acontece fora do centro da cidade do Rio de Janeiro, mas dentro do estado, fortalecendo coletivos que trabalham com afinco para que suas produções aconteçam.
A cerca de duas horas e meia da capital, o Fester, em Resende, realiza um trabalho minucioso na organização de seu XIX Festival. Entre os espetáculos habilitados para participar da mostra estão “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, com Marcos Damigo — também apresentado durante a pandemia — e “Menina Mojuba”, de Marcela Treze, que quebrou recordes de público nos teatros da cidade e não para, além de incontáveis prêmios.
Na programação infantil, estarão “Uma História de Rabos Presos”, da Cia Cerne, e “A Menina Dança”, produção da Lamparina Produções. Curiosamente, ambos os espetáculos nasceram de editais culturais do Sesc.
“A Menina Dança” no início do ano, contou com o patrocínio do Instituto Vale Cultural, via Ministério da Cultura para estar em diversas escolas públicas contando a história da nossa heroína de guerra Maria Felipa de Oliveira, e neste mesmo mês de novembro na página do Artecult – Youtube, estará também participando do Festival Satyros de São Paulo, que completa 26 anos.
Em Resende, o elenco traz Taty Aleixo e Chelle, que integraram o elenco de Vozes Negras, e Sirlea Aleixo, indicada ao Prêmio Shell em São Paulo, sem esquecer Bellas Silveira, que acaba de retornar de um festival de dança na Inglaterra e de oficinas ministradas por ela na Alemanha, Espanha e França.
Já “Uma História de Rabos Presos”, que assisti com o talentoso Leandro Santana, me desperta uma dúvida curiosa: será que ele estará em Resende?
Participar do festival de Resende não é tarefa fácil: a comissão da prefeitura exige que toda a documentação esteja impecável, sem qualquer pendência com instituições federais, estaduais, municipais e judiciais.
Enquanto isso, na Região dos Lagos, acontece o VI Festar, em Araruama. O festival levará o teatro para as ruas da cidade, o que considero um gesto democrático e gentil.
Entre os destaques, está o espetáculo “As Aventuras de Quitapena”, da cidade do Rio de Janeiro, que apresenta a nossa América Latina e esteve este ano no Festival Colmeia Artística e no Tijuca Tênis Clube, sendo neste último indicado ao prêmio de Melhor Cenário.
O Festival Colmeia é um espaço que acolhe artistas independentes em uma casa no topo de Santa Teresa, que pulsa arte e vida, com uma das mais belas vistas do Rio. Há salas de ensaio e exposição, além de uma área externa dedicada a shows de novos artistas.
Já o Tijuca Tênis Clube tem visto crescer, ano após ano, seus festivais de teatro adulto e infantil, mesmo sem qualquer aporte financeiro. Por lá já passaram o potente “Macacos”, de Clayton Nascimento, e “Emaranhada”, de Amarilis Irani, espetáculo que circula pelo país e foi indicado ao Prêmio Dib Carneiro, crítico especializado em teatro infantil e criador do cobiçado Prêmio Pecinha é a Vovozinha.
Vale mencionar que, diferente de outros festivais, os três últimos citados não contam com patrocínio, mas têm enorme importância para os profissionais que atuam nesse mercado cada vez mais competitivo.
No Festar de Araruama, além dos espetáculos, haverá oficinas gratuitas e festas pela cidade. As oficinas também serão ministradas por artistas da Cia Os Ciclomáticos, que este ano estiveram em turnê pela Europa. O festival também se destaca por acolher a comunidade LGBTQI+, reafirmando a diversidade como parte essencial da cena teatral contemporânea.
E é assim que o teatro resiste — com trabalho, amor e coletividade.
Parabéns a todos os envolvidos, e que as festas das nossas artes sigam presenteando o público e fortalecendo quem faz o teatro acontecer.
Para saber mais:
- Satyros: instagram.com/ossatyros/
- Festar: instagram.com/festar.araruama/
- Fester: instagram.com/cultura.resende/

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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Foi uma experiência incrível aqui na Colmeia Artística Coletiva. Temos um enorme carinho pelo trabalho dela.