O título desse artigo é meio pretensioso mas, vamlá!
Quase tudo já foi dito sobre o fenômeno da venda de livros voltados para as crianças e jovens. Sagas como Crepúsculo – com 120 milhões de exemplares vendidos pelo mundo afora -, Harry Potter – com incríveis 450 milhões de livros vendidos – e Percy Jackson – pouco mais de 50 milhões de unidades vendidas – até hoje continuam a apaixonar multidões de crianças e adolescentes – e adultos também.
Criam-se fãs-clubes e promovem-se encontros ao estilo dos fãs de Star Wars nos anos 80 – e que também continuam vivíssimos em dias atuais.
Mesmo em tempos de crise econômica, a venda desse gênero literário cresceu 4% comparando 2014 a 2013. Nunca o jovem leu tanto, sejam livros de papel, sejam textos na internet. Em 2014, foram comercializados mais livros desse tipo do que para adultos: 57,3 milhões contra 48,7 milhões.
Os motivos apontados para isso são vários, mas não se pode negar o casamento entre literatura e cinema. O interessante é que o fã do filme acaba lendo o livro e vice-versa.
Agora, eu tenho uma teoria que ainda não vi retratada em nenhuma análise e peço licença para humildemente expô-la aqui. O sucesso dos livros voltados para essa galera tem um mote bem claro, nas histórias que conta: o amor dos pais pelos filhos. Piegas, mas verdadeiro. E posso provar. Atenção, porque agora vem muito spoiler.
Em Harry Potter, foi o amor de sua mãe, Lilian, que o protegeu da morte certa quando bebê. E continuou protegendo-o até o final do sétimo livro.
Em Crepúsculo, a grande batalha final entre os vampiros foi motivada pelo amor do casal Edward e Bella pela sua filha Renesmee, ameaçada pelo clã Volturi.
Em Percy Jackson, o deus Poseidon desafia Zeus para proteger seu filho Percy. Sem falar na sua mãe mortal, que se sacrifica para salvar o filho.
Até em Jogos Vorazes, o mote principal é o amor de irmã mais velha que Katniss – que, muitas vezes, faz papel de mãe –, tem pela caçula da família, a ponto de fazê-la se oferecer para ir lutar nos jogos em seu lugar.
E, na trilogia Divergente, vemos a mãe e o pai da heroína Tris morrerem para salvá-la e ao seu irmão.
Longe de ressaltar a tragédia, penso que, em tempos de tantos adolescentes e jovens “órfãos de pais vivos”, esse tipo de história mexe com eles. Em tempos de famílias onde os filhos ficam soltos, abandonados, distantes dos pais em diversos sentidos, essas histórias revelam pais dispostos a matar e a morrer por seus rebentos. E isso causa impacto, não há como ignorar. Tem magia, tem aventura, tem luta, mas esse forte laço de amor está lá, dando tempero e sentido em tudo. E, com certeza, as histórias dos livros são muito mais ricas e interessantes do que os roteiros do cinema. Porque o livro tem um aliado imbatível: a nossa imaginação!
Seria muito bom se alguns desses pais lessem esses livros. Poderiam, talvez, compreender melhor como seus filhos pensam e sentem. No mínimo, poderiam ter mais assunto para conversar e se aproximar… Se é literatura ou mera leitura, não vem ao caso. O importante são os sentimentos que livros assim despertam. Está tudo ali: os conflitos, os medos, as revoltas, os sonhos dos adolescentes. Suas buscas por respostas, seus erros, arrependimentos e raivas. O companheirismo e a confiança entre seus iguais também faz toda a diferença.
Se esses pais lessem junto com os filhos essas obras, talvez muitas famílias fossem diferentes, sei lá! Eu costumo considerar que um livro tem esse tipo de poder e importância. Acho que existem muitos por aí que transformam vidas e mudam rumos… mas isso sou eu.
O fato é que o amor – seja paterno ou materno, filial, entre pares ou entre iguais – sempre vai render muitas páginas de aventuras, de histórias apaixonantes e de reações enlouquecidas por parte dos jovens leitores. E muitos escritores mais recentes já despertaram para a força disso.
É claro que tem outro grande mote que sempre funciona para atrair o público infantil e juvenil: o humor. Mas isso é pauta para outro texto…