Ambientado na década de 90, mais precisamente no ano de 1993, Cameron Post, interpretada por Chloë Grace Moretz, leva uma vida aparentemente normal. Criada por sua Tia Ruth (Kerry Butler) que possui a guarda da jovem após a morte de seus pais, Cameron tenta equilibrar a vida adolescente entre as tradições religiosas nos estudos bíblicos, com seu romance escondido junto de sua melhor amiga Coley (Quinn Shephard). Tudo parecia ir bem até o baile de formatura, onde foi flagrada em meio a drogas e sexo com sua melhor amiga Coley, dentro do carro de seu namorado.
Sua religiosa tia Ruth não sabe como conversar sobre o assunto com Cameron, vindo a pedir ajuda ao Pastor Craw (Steven Hauck I.), o qual orienta que a jovem seja encaminhada para um Centro Religioso que garante ‘curar’ pessoas que sentem atração por pessoas do mesmo sexo. Cameron aparenta estar confusa e furiosa, pois nunca pensou em si mesma como ‘gay’, até se levada subitamente para o Centro Religioso.
O Mau Exemplo de Cameron Post (The Miseducation of Cameron Post) traz então uma produção que deixa nítida a necessidade de não induzir o público a uma opinião padronizada. Concluir pensamentos, reforçar estereótipos, estão longe de ser a intenção da diretora Desiree Akhavan que utiliza as ações e reações de cada personagem para demonstrar seus sentimentos, de forma que a linguagem corporal complementam o roteiro, causando maior profundidade e intensidade ao sofrimento psicológico gerado em cada um dos jovens do Centro Religioso que são submetidos aos métodos de tratamento da Dr. Lydia Marsh (Jennifer Ehle) que comanda o Centro Religioso após assumir o sucesso no tratamento de seu irmão reverendo Rick. As cenas de Jennifer Ehle são todas marcantes.
Confinados a maior parte do tempo, os jovens sofrem psicologicamente, pois são levados a acreditar que não são dignos de retornar ao convívio de seus familiares e da sociedade. Cada jovem vive uma luta pessoal, pois querem seguir a religião e suas doutrinas para serem aceitos, mesmo que isso signifique perder a chance de descobrirem quem realmente são e porque a atração pelo mesmo sexo os tornam tão rejeitados, quando na verdade só querem poder serem livres e amados independente de gênero, como é o caso da jovem Erin (Emily Skeggs), entre muitos outros personagens que foram pouco explorados.
Em contra partida, o personagem Mark, interpretado por Owen Campbell, desenvolve uma trama levada ao extremo da exaustão, transmitindo o que o sofrimento e a dor da rejeição podem a vir desencadear neste delicado momento de autodescoberta de um adolescente.
Jane Fonda e Adam Red Eagle (Sasha Lane e Forrest Goodluck) atuam como a voz da lógica para Cameron, buscando mostrar que não há nada de errado com ela, fazendo com que se sinta mais à vontade em ser ela mesmo. Embora busque formas de seguir o tratamento e atingir a perfeição que tanto acredita existir em Erin e no reverendo Rick, a jovem Cameron acaba encontrando o apoio que precisa para sua autodescoberta na amizade com Jane e Adam. Ao se unirem, conseguem criar uma nova perspectiva, onde não tenham que ir contra a salvação pela fé da qual são forçados por suas famílias a buscar, ou irem contra seus anseios fisiológicos dos quais são orientados a sentir nojo.
Utilizando os recursos de câmera em movimento com o intuito de acentuar a intensidade e profundidade dos sentimentos de cada personagem, a fotografia complementa com tons cinzentos para aumentar o drama vivido durante o filme. Os elementos apresentados incentivam o questionamento, sobre a produção, que não busca contradizer quais que crenças ou religião, tão pouco alimentar a necessidade de autodescoberta. Fazendo-se inconclusiva em algumas momentos, propositalmente, para abrir um leque de pensamentos e conclusões que devem ser despertados pelo próprio espectador.
CONFIRA O TRAILER
O Mau Exemplo de Cameron Post será distribuído no Brasil pela Pagu Pictures, e com previsão de estreia para a próxima quinta-feira (18/04/2019). O filme é muito cuidadoso ao lidar com questões relacionados a fé, crenças, família e gênero, apesar de não se aprofundar em nenhum dos temas abordados. Existe uma grande tensão durante todo o filme, uma espécie de guerra fria, onde o menor movimento pode ser visto como inadequado, ou até mesmo promover consequências imensuráveis.
Confira meu vídeo sobre este filme:
MAYARA MARIA
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