Yorgos Lanthimos ficou ainda mais conhecido nesta última temporada de premiações por estar a frente do exímio A Favorita, entretanto, não foi a primeira grande obra entregue pelo grego à sétima arte. Anteriormente o diretor, e também roteirista, nos agraciou com Dente Canino, O Lagosta (adicionado recentemente ao catálogo da Netflix) e posteriormente O Sacrifício do Cervo Sagrado (adicionado recentemente ao catálogo da Amazon Prime).
Ter um filme não só dirigido por Yorgos (como o caso de A Favorita), mas, também roteirizado, como o caso de O Lagosta (2015), nos entrega logo de cara um pouco mais de como ele enxerga as relações humanas. Aqui a acidez domina os três atos do filme, o que o torna um delicioso, e ao mesmo tempo tenso e reflexivo, ensaio aos relacionamentos. O filme concorreu na categoria de Melhor Roteiro Original ao Oscar, mas, inexplicavelmente foi preterido para Manchester a Beira Mar.
O filme conta a história de David (Colin Farell), recém deixado por sua então esposa, e neste futuro “distópico” proposto pelo roteiro, toda pessoa solteira tem 45 dias para conseguir um novo parceiro, ou então, ela irá se tornar um animal previamente escolhido por ela mesma. Estes 45 dias ocorrem dentro de um hotel, gerenciado e rigorosamente controlado, por uma gerente sem nome (Olivia Colman).
Colin Farell, é bom que se diga, esta em uma performance incrível, surgindo num personagem barrigudo e nitidamente triste pela recente separação.
O filme é sabiamente dividido em três atos, sendo o primeiro um dos extremos, onde conhecemos não só David e a gerente do hotel, mas, outros personagens, vividos por Bem Whishaw e John C. Reilly. Neste primeiro ato, logo de cara somos apresentados a uma das tônicas do longa que são os extremos, numa alegoria simples, porem muito eficaz, onde David não pode se classificar como bissexual, pois esta classificação já deu muita confusão no hotel.
No segundo ato, somos apresentados a outro extremo, este liderado por uma líder solitária (Léa Seydoux) e que entre suas seguidoras, encontramos Rachel Weisz, que até o momento apenas narrava o longa. Aqui, pode parecer que o filme perde um pouco de seu fôlego, mas, defendo que a ideia do diretor, mais uma vez, foi perfeita, e ele apenas está contando a história no mesmo ritmo do primeiro ato, e que parece mais lerdo aqui por não oferecer tantas novidades narrativas.
Assim, é natural que o auge do filme e da acidez e ironia desta história, apareça na conclusão dela, com algumas cenas agoniantes e um novo significado para uma frase clichê, mas, que se dita aqui, pode entregar algum spoiler.
Vale conferir também a escolha da fotografia do diretor, que opta por mostrar o distanciamento destes personagens em meio a planos longos, dando entender que de fato, são todos estranhos uns aos outros e o mais importante: sozinhos.
Se ainda está na dúvida se vale assistir…
CONFIRA O TRAILER:
Bons filmes e nos vemos em breve! 😉
JOÃO FRANÇA FILHO (CINESTIMADO)
Acompanhem-nos em nossas redes sociais:
@artecult , @cinemaecompanhia , @cinemaatm , @tiltcine @cabinesete e Cinestimado
Acompanhe o resumo do dia do universo de Cinema & Séries:
Pingback: O Sacrifício do Cervo Sagrado: o peso da culpa e a tragédia de Ifigênia | ARTECULT.COM