O premiado cineasta Guillermo del Toro geralmente nos entrega histórias fantásticas e nos propõe um mergulho em diferentes e fantasiosos mundos. Seu retorno aos cinemas é marcado pela história de “O Beco do Pesadelo” (Nightmare Alley), longa baseado no romance de William Lindsay Gresham e no qual não temos tanta fantasia como de costume na obra de del Toro, na verdade, dessa vez, boas doses de realidade.
Com distribuição em nosso país pela Searchlight Pictures e um elenco renomado com grandes estrelas de Hollywood como Cate Blanchet, Willem Dafoe, Toni Collette e Bradley Cooper, o filme faz jus, em grande estilo, à expectativa gerada e entrega atuações espetaculares. O filme estreia hoje (27/01), mas já passou por aqui no Festival do Rio, ano passado.
Os mais adeptos à forma como Del Toro trabalha em suas películas sabe que o diretor possui uma mão firme no que diz respeito à apresentação de universos encantados cujos filmes passeiam um pouco por nuances dramáticas, pelo suspense e sempre com uma atmosfera sombria. Bem, todos esses elementos conectados são de fazer os olhos do público brilharem. Vivenciar qualquer história apresentada por esse diretor numa telona é sempre celebrar o amor pela Sétima Arte. “Hellboy”, “O Labirinto do Fauno” e o seu mais rescente longa, “A Forma da Água”, todos trabalham com a temática do culto do desconhecido e como o ser humano aprende a lidar com as diferenças.
Mas em O Beco do Pesadelo del Toro segue nessa direção, mas com um formato diferente: trabalha muito mais dessa vez o lado psicológico dos seus personagens e demonstra como a nossa mente humana pode ser a nossa maior aliada… ou nossa maior inimiga.
O Beco do Pesadelo tem um excelente primeiro ato e Del Toro sabe muito bem conduzir nossa atenção pelo mundo circense da década de 40 nos Estados Unidos. As criaturas que ali faziam parte daquele universo, os chamados charlatões, enfim, tudo é demonstrado de maneira orgânica e crescente para nos preparar para a cereja do bolo. Contudo, no desencadear da trama, algumas ideias que eram pertinentes e interessantes se perdem e somos levados a um outro víeis o que não se relaciona com o primeiro ato e soa de maneira despretensiosa, dando espaço a ideias que não ficam coerente com as ideias iniciais do diretor, o que é uma pena. A sensação, no final das contas, é um gosto agridoce na boca de um prato que gostaríamos de ter conhecido mais seu tempero, pois tinha um grande potencial.
A abordagem de realizar a trama através de um thriller psicológico, apresentando elementos ligados ao sobrenatural precisava ser melhor estruturada, pois em determinado momento o plot twist do personagem principal pode cair por terra, não surpreendendo o público fiel.
No que diz respeito aos ponto altos da trama, valem destacar: a fotografia e a trilha sonora, que como em todos os filmes do diretor não deixam nada a desejar e alavancam a qualidade da cinegrafia proposta, a criação de um universo fantástico e o designer de produção que, com certeza, deverão ser aspectos técnicos a serem lembrados nas temporadas de premiações. E, é claro, o elenco de ponta, pois todos os personagens estão a altura do que foi proposto pelo roteiro a cada ator: temos personagens complexos, com histórias que nos prendem e que gostaríamos de ver muito mais, valendo aqui salientar a espetacular entrega de Bradley Cooper (Carlisle), que mostra toda a sua potência em um personagem extremamente complexo e repleto de dubiedades. Não irá nos surpreender caso receba a indicação ao Oscar de Melhor Ator por esse papel.
Confira o trailer:
Por fim, Del Toro entrega uma obra com pouco mais de duas horas e meia em que, em determinados momentos, vemos sua identidade, mas no desenrolar da trama não nos encanta tanto quanto seus filmes antecessores. Mesmo assim, O Beco do Pesadelo é uma obra que vale a pena ser conferida!
Aguardando ansioso para a próxima história deste grande cineasta, pois ele é uma verdadeira caixinha de surpresa!
Grande abraço e até a próxima pessoal!
NOTA : 7,0
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