Foto: Lorenzo Ramos
A Não É Mais Inverno vem lapidando seu som desde 2019, quando deu o primeiro passo com o single “A Busca”. De lá pra cá, a banda construiu uma discografia consistente com dois EPs, alguns singles e o álbum Caos/Cosmos, lançado com produção própria, e mixagem e masterização por Murilo Ribeiro — brasileiro radicado na França — além da produção executiva de Djin Samsa, do Ponto Nulo No Céu.
Agora, em 2025, a banda amplia ainda mais seu universo musical com o lançamento de “Reencontro”, uma faixa que mergulha fundo nas emoções humanas. A música é um convite à reflexão sobre perdas, mudanças e a luta silenciosa para manter os vínculos afetivos, mesmo quando a distância e o tempo parecem inevitáveis.
Entre versos carregados de melancolia e aceitação, como “Prefiro pensar que você não se foi, mas não quero me enganar”, a Não É Mais Inverno entrega uma composição madura, que dialoga diretamente com quem já se viu tentando conciliar razão e sentimento. O refrão, sincero e tocante, ecoa uma súplica íntima: “Por que não ver que eu estou aqui? Por você, por você e por mim.”
O instrumental, característico do rock alternativo que a banda vem moldando ao longo dos anos, transita entre a suavidade nostálgica e a intensidade emocional, criando uma atmosfera que acolhe a dor e transforma a saudade em arte.
“Reencontro” não é apenas mais um single — é mais um capítulo de uma história que fala sobre amadurecer sem endurecer. E, mais do que nunca, mostra que para a Não É Mais Inverno, o tempo passa, mas a honestidade emocional permanece como assinatura.
“Reencontro” é uma música que fala sobre perda, aceitação e a tentativa de manter um elo emocional com alguém que já não está mais tão presente — seja fisicamente ou emocionalmente. A letra é marcada pela sinceridade crua de quem ainda sente, mas que também entende que precisa seguir em frente.
A canção se divide entre momentos de esperança (“prefiro pensar que você não se foi”) e a dolorosa consciência da realidade (“estou tentando me enganar”). A dualidade entre não querer se iludir e ao mesmo tempo desejar que ainda exista alguma conexão é o que dá à música sua força emocional.
O refrão — “Por que não ver que eu estou aqui? por você, por você e por mim” — é um clamor quase infantil e muito honesto: a vontade de ser visto, reconhecido, de manter viva uma relação que talvez só exista agora dentro de si mesmo.
O trecho final (“Talvez seja melhor assim…”) mostra uma aceitação melancólica: entender que o fim também pode ser um começo para o próprio reencontro consigo mesmo.
A sonoridade da letra, com repetições e versos que soam como mantras, reforça a sensação de luta interna, de insistência, e finalmente de libertação. “Reencontro” fala tanto da dor de perder quanto da força que nasce quando a gente aceita que precisa continuar — por nós mesmos.
JEFF FERREIRA
