Uma forma terna de falar com as crianças sobre a morte
Como explicar à netinha sobre a ausência eterna da tia? Que resposta uma avó, que prefere a verdade, pode dar a uma criança que pergunta sobre a morte? Certamente uma resposta amorosa. É assim no livro Na beira do mar, o amor disse ‘oi’, de Odette Castro, lançado pela Páginas Editora.
A pequena Ana quer saber o que aconteceu com sua tia, que não chegou a conhecer. Por que ela está no porta retrato da casa da avó e não nos encontros de família, na cidade que habita? O diálogo é emocionante, permeado por sinceridade e amor, para resultar na resposta de que ao morrermos, permanecemos nas coisas lindas e belas, além de estarmos nos outros.
O primeiro livro para crianças de Odette Castro é ilustrado em aquarelas por Luísa Simão, uma das mais importantes artistas de Minas na composição de obras literárias. No texto de Na beira do mar, o amor disse ‘oi’, construído com leveza, a avó tem ouvidos, olhos, mãos e boca para a neta.
Em 2015, Odette publicou a primeira edição de Rubi, livro em homenagem à sua filha Beatriz, que nasceu com a rara síndrome de Rubinstein-Taybi. Ficou conhecida nas redes sociais pelos textos sensíveis, em que ia relatando as dificuldades que a filha encontrava em uma cidade nada amigável. Beatriz faleceu aos 31 anos. Em 2020, foi lançada a segunda edição da obra, com capa de Anna Cunha.
Artista, escritora e ativista social, Odette é conhecida em Minas pelos seus projetos: “Uma flor por uma dor”, em que distribui flores de crochê confeccionadas por ela mesma, “Fale certo”, com dicas de escrita e fala inclusivas, e “Um mundo em crochê”.
Agora, na edição de Na beira do mar, o amor disse ‘oi’, Odette apresenta o delicado tema da morte para as crianças. Ela aproveita, ainda, para homenagear o artista plástico e escritor Marcelo Xavier, dono da famosa máxima “Todo mundo cabe no mundo”, que dá nome ao bloco de carnaval que criou em Belo Horizonte, para reunir pessoas com todos os tipos de deficiência. Marcelo publicou mais de 20 livros infantis, premiados no Brasil — recebeu por duas vezes o Jabuti — e adotados em diversas escolas do país. Ele é portador da síndrome ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).
O que motivou a autora a escrever e lançar o livro para crianças foi a experiência com a própria neta. “É uma situação vivida por muitos pais e avós: a curiosidade da criança gerando desafio para nós. Uma das perguntas mais difíceis de se responder é sobre a morte”, afirma a escritora. Odette complementa que sempre dizia à neta que a tia Bê, como Beatriz era carinhosamente chamada, “estava encantada, partiu, não está mais aqui”.
“Este livro pode ajudar os pais a conversarem com as crianças de forma mais leve sobre a morte. Por mais difícil que seja, a palavra certa é essa mesma: morte”, conta. No livro, Ana ouve da avó o sentido dessa palavra: “É quando pessoas ou animais que amamos deixam de morar aqui, neste planeta, e passam a viver dentro de nossos corações, na natureza, nos rios, no mar, no raio de sol, no pingo da chuva, em todo lugar!”. Ela então carrega para o seu cotidiano a ideia de que mesmo ausentes, as pessoas que amamos e já faleceram estão em todo lugar. A cena final se desenvolve na praia, o que gerou o sentido do título.
Serviço:
Na beira do mar o amor disse ‘oi’
Texto de Odette Castro e ilustrações de Luísa Simão
Páginas Editora
20 Páginas
R$ 45,00
À venda pelo site paginaseditora.com.br e nas principais plataformas
Sugestão de olho:
“Este livro pode ajudar os pais a conversarem com as crianças de forma mais leve sobre a morte”