A revista eletrônica Múltiplo, publicada por André Carim chegou a impressionante marca de 60 edições, sendo publicada de forma regular a exatos 5 anos.
E ninguém melhor para falar dessa publicação do que o próprio idealizador e editor, que gentilmente concedeu-me essa entrevista:
1 – Olá André. Em primeiro lugar, parabenizo pela impressionante marca de 60 edições da REVISTA MÚLTIPLO. Para começar gostaria que falasse quem é André Carim?
André Carim: Olá, bom dia (são 10:48 da manhã de domingo, 7/11). Obrigado, fico feliz que a edição virtual tenha chegado tão longe e com a ajuda dos amigos e fãs de HQs vamos manter ele longevo por muito tempo ainda. Bom, André Carim é um fã e amante de HQs desde a década de 1990, onde comecei a publicar o Fanzine Ilustrado e o Múltiplo, que na época eram distribuídos em xerox. Hoje, inclusive, comecei a receber do amigo Edgard Guimarães as digitalizações das edições daquela época, que infelizmente perdi com o passar do tempo e em breve começarei a disponibilizar aos leitores. É um resgate importante desse trabalho que começou lá atrás de forma impressa, mas artesanal. Sou Servidor Público e mexo com HQs e Fanzines/Revistas nas minhas horas de folga.
2 – Como surgiu a iniciativa de produzir essa revista? Conte-nos dos primórdios.
André Carim: Então, na época eu costumava receber por assinatura (na época se pagava com selos) mensalmente um fanzine de Belo Horizonte, distribuído pelo Antônio Roque Gobbo, que era responsável pela Biblioteca de Histórias em Quadrinhos à época e ele divulgava nessa publicação material nacional, artistas da época, HQs e outras publicações. Me interessei pela forma como era confeccionado e entrei em contato com ele, que me passou diversas dicas do que era um fanzine. Comecei a produzir fanzines artesanais e até me arrisquei em alguns desenhos naquele tempo (dom que não tenho mesmo…kkkk) e produzi diversas edições do Fanzine Ilustrado. O Edgard Guimarães me mandava material também e eu enviava as minhas edições para ele em xerox. Foi aí que ele me sugeriu a publicação de um fanzine bimestral, com duas páginas produzidas por artistas diferentes e juntas formariam a edição. Topei a ideia dele e o nome sugerido: MÚLTIPLO. Foi dessa ideia que surgiu a publicação que teve diversos números publicados, mais ou menos uns 2 ou 3 anos, e onde a Adriana, a Agente Laranja começou seus primeiros passos como personagem, em HQs ilustradas por artistas e amigos daquela época, entre eles o amigo Laudo Ferreira, que foi o primeiro a produzir uma HQ da personagem, além de ter dado o visual dela.
3 – Tem ideia de quantos autores nacionais e personagens já desfilaram nessa publicação?
AC: Vixe, tenho não, não faço a mínima ideia, só sei que foram muitos, mas muitos artistas mesmo, sejam eles na primeira passagem do Múltiplo (1993), sejam eles desde que retomei a publicação em novembro de 2016, depois de ficar 10 anos afastado dos quadrinhos. Mas o talento é inegável, foram muitos artistas que contribuíram não somente com HQs, mas também ilustrações, entrevistas, artigos, charges, enfim, um material rico e que pode ser acessado gratuitamente no grupo do Múltiplo e Fanzine Ilustrado: https://www.facebook.com/groups/410201319362851/files. Só sei que há muito material nacional, desde personagens de época, quadrinhos autorais e quadrinhos de super-heróis. A produção foi tão eclética, e ainda é, que qualquer fã de HQs pode se satisfazer com as edições em PDF que estão disponíveis.
4 – Você tem alguma edição que destaca?? Que é sua preferida?
AC: Como se diz, para um pai não há filho feio. Todos são importantes de alguma forma. Se fosse destacar alguma edição especial para mim, destacaria as edições onde foram publicadas Força Extrema, Agente Laranja e os especiais de cada aniversário da edição. Tenho edições com entrevistas com grandes mestres dos nossos quadrinhos: Emir Ribeiro, Mike Deodato, Sílvio Ribeiro, Laudo Ferreira e tantos outros que me presentearam com suas respostas sobre seus trabalhos. Faltou apenas um amigo e grande mestre a conceder entrevista: Júlio Shimamoto. Mas material do mestre não falta, além de algumas respostas dadas por ele durante a trajetória da revista. Aliás, o mestre Shima contribuiu também com capa para o Múltiplo em xerox.
5 – Quais os desafios para manter uma publicação tanto tempo ativa?
AC: Os desafios são enormes no que tange à dificuldade de conseguir colaborações de material nacional. Tem muito artista que faz questão de ajudar, envia HQs, ilustrações, entre outros materiais, mas também tem aqueles que questionam a publicação por ela ser gratuita e colaborativa. Mas foi e é importante para artistas que estejam começando e queiram divulgar o seu material. O Cristiano, do Força BR é um exemplo disso, publicou no Múltiplo uma HQ de seu projeto quando ele iniciava suas produções, pode procurar, está lá numa das edições do Múltiplo. E assim continua sendo, o Múltiplo é a cada do artista nacional, que tem o seu trabalho divulgado, mostrado a todos e que pode e muito auxiliá-lo na sua produção futura. Além, claro, do Múltiplo continuar com seções de divulgação de HQs nacionais e independentes.
6 – O que podemos esperar do futuro da Múltiplo?
AC: Como disse na resposta anterior, o futuro da publicação depende não somente do André Carim, mas de todos que amam HQs e HQs nacionais, claro. Não existe o Múltiplo sem o colaborador. E isso eu tenho tido frequentemente de grandes artistas como Luiz Iório (que está num projeto comigo no QI também, com HQs bimestrais da Agente Laranja), Zilson Costa que tem enviado sempre HQs de seu Homem-Caveira, do Glauco Torres Grayn, que mesmo em Portugal contribui com material frequentemente, e com todos os amigos que vez ou outra tiram um tempinho do seu trabalho para enviar material e manter viva a publicação do Múltiplo. É um trabalho de uma vida, que sai mensalmente. O que podemos esperar do Múltiplo? Muito trabalho e busca sempre para elevar e mostrar o nosso quadrinho, os talentos que temos e acima de tudo, me divertir e divertir a todos com material de qualidade, seja de artista amador, iniciante, ou grandes mestres dos nossos quadrinhos.
7 – Pode falar de outros projetos? O que podemos esperar do André Carim?
AC: Ideias é o que não faltam. Eu, como quadrinhista também, tenho os meus projetos pessoais. O Múltiplo é super importante e pretendo continuar a inovar na publicação sempre. Já a partir desse número teremos novidades, sempre buscando dar destaque a nossos personagens. Tenho projetos importantes para o universos de meus personagens, como a Agente Laranja, Milena, a Garota Zumbi, o Pantera do Cerrado (revistas da campanha começam a ser enviadas essa semana), serão edições impressas e importantes para cada um deles. Também novidades no universo das Vampiras, onde a May Santos dará continuidade à saga “A Magia da Lua de Sangue” e o Toninho Lima está fazendo a HQ com a origem de duas das minhas vampiras: Isabela e Valquíria. Vou dar sequência em campanhas a Trem do Terror e Metal Fantasia (número 3 das duas, uma sai campanha agora em novembro, a outra talvez final do ano). E claro, tenho já prontas 3 HQs da Agente Laranja esperando oportunidade de também irem ao catarse e serem produzidas. Vem muito material aí. Por isso, conto com o apoio de todos para tornar esses materiais viáveis em curto espaço de tempo.
8 – Abro espaço para uma mensagem aos fãs das HQs nacionais.
AC: A mensagem é só uma: Unamo-nos em prol de nossos quadrinhos, ajudem sempre que puderem o Múltiplo a se manter vivo, ele é a nossa casa, ele é feito por todos nós. Sem a sua ajuda não existe o Múltiplo. E aos fãs de quadrinhos, especialmente os nacionais, deixo um pedido especial, apoiem, comentem, divulguem, se façam presentes nas publicações, sem vocês não existem quadrinhos nacionais. É para o leitor que todos os trabalhos são feitos. Então, se você curte algum quadrinho nacional, apoie e divulgue, mostre aos amigos e seus familiares. Vamos fazer com que tudo cresça com qualidade de edições que estão surgindo. É um momento especial, a nova fase de ouro dos nossos quadrinhos. Obrigado ao Adalberto pelas perguntas, pelo espaço e por sempre me ajudar nas edições do Múltiplo. Um abraço a todos.
Com isso termino esse post, mas sem antes evidenciar minha satisfação pessoal em contribuir com essa revista por meio de resenhas e artigos desde a edição 53. Pra quem quiser curtir, são as seções Vi, Li e Gostei e Gibizando.
Desejo longa vida a Múltiplo e convido vocês à conhecerem.