Com curadoria de Denise Araripe, a exposição acontece no Centro Cultural Cândido Mendes, em Ipanema
O artista plástico Mário Camargo apresenta a exposição ‘hoje, eu contei pras paredes’, com curadoria de Denise Araripe, no Centro Cultural Cândido Mendes, em Ipanema, ressignificando tecidos que já tocaram corpos, de superfícies que sustentaram pesos, de materiais que guardam o uso, o tempo e o abandono. Sofás antigos, colchas gastas, panos esquecidos, tapetes sem destino: restos que carregam memória. Os trabalhos são presos nas paredes, por agulhas e funcionam como verdadeiras peles.
‘Hoje, eu contei pras paredes’ não cabe mais em palavras. O que se vê não nasce de uma tela neutra, nem de um suporte obediente. Esses fragmentos são recortados, justapostos e costurados. A costura não é acabamento — é gesto. Ela não esconde: atravessa, marca, insiste. A pintura vem depois. Cores densas, vibrantes, quase físicas, pousam sobre essa pele composta. O preto surge em círculos irregulares, espalhados como constelações instáveis, como células, como respirações interrompidas. Nada se repete exatamente. Nada se organiza por completo.
Entre o tecido e a cor, instala-se um campo de tensão: o concreto do material e o abstrato da forma, o afeto do que foi vivido e a frieza do que se transforma. Essas obras não querem moldura. Não querem distância. São presas diretamente às paredes, como se pedissem apoio, como se devolvessem às superfícies arquitetônicas aquilo que elas silenciosamente absorvem todos os dias. Aqui, a parede deixa de ser fundo. Torna-se corpo que escuta. As paredes sabem guardar. Sabem sustentar. Sabem permanecer quando tudo o mais é descartado.
“Esta ideia de ressurreição do rejeitado, em conjunto com as costuras industriais que substituíram os traços, evidenciam o ressurgimento de uma nova poética. O crítico de arte francês Pierre Restany previu que eu, no futuro, abandonaria o chassis e minhas obras passariam a ser “As peles das Paredes” e, realmente, foi o que aconteceu. Hoje, meus trabalhos são presos nas paredes, por agulhas e funcionam como verdadeiras peles”, conta o artista.
A exposição abre dia 07 de janeiro e pode ser visitada até o dia 04 de fevereiro de 2026, de segunda a sábado, das 15h às 19h, no Centro Cultural Cândido Mendes, Ipanema, RJ. Entrada franca.
Sobre Mário Camargo
Artista visual, a arte o transforma, facilita o gerenciamento do seu dia a dia. A arte o acalma, a arte o faz pensar melhor.
Como quase todas as crianças, Mario Camargo demonstrou, desde sempre, interesse pelo desenho. Por convite de uma amiga pintora, fez sua primeira exposição e nunca mais parou. Esther Emílio Carlos, crítica de arte do Ibeu, se apaixonou pelo seu trabalho e abriu várias portas: ele chegou a expor em Santiago do Chile e depois em Paris. Quando participou da feira de arte MAC 2000, em Paris, foi o único brasileiro presente entre 100 artistas franceses. Chamou atenção neste evento sua forma de pintar, executada diretamente no chão, ao sol, usando tinta acrílica líquida. Mario interrompia a secagem com jato d’água e, neste processo de busca quase arqueológica, criava suas obras. Na ocasião, Pierre Restany, crítico de arte francês, profetizou: “você abandonará os chassis e sua pintura se tornará a pele das paredes”. Durante anos o artista conviveu com estas palavras, que se tornaram realidade. Já participou de diversas coletivas e individuais, no Brasil e no exterior.
“O processo de pensar melhor, me leva a frases de Nietzsche, sobre a função da arte na sociedade:
“A arte existe para não morrermos da verdade”.
“A arte existe para que a realidade não nos destrua”.
Essas definições de Nietzsche sintetizam o pensamento das pessoas e, é uma forma de enfrentarmos as nossas barreiras e de nos ajustarmos ao que nos cerca.
A arte transmite verdades, muitas vezes mostradas nas entrelinhas subliminarmente, nos projetos, nos desenhos e são denúncias muitas vezes à frente do seu tempo”, explica Mário Camargo
Serviço
Exposição: ‘Hoje, eu contei pras paredes’
Artista: Mário Camargo
Curadoria: Denise Araripe
Abertura: 07 de janeiro, das 16h às 19h
Visitação: até 04 de fevereiro de 2026
Local: Centro Cultural Cândido Mendes
Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema – RJ
Dias e horários: de segunda a sábado, das 15h às 19h
Assessoria de imprensa: Paula Ramagem.
Entrada franca
Censura livre








