Na manhã de hoje, 21 de agosto, ocorreu no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em Brasília, o julgamento do processo na Comissão de Anistia contra os maus tratos e as perseguições físicas, psíquicas e profissionais, que militantes do movimento estudantil de 1968 e outras pessoas que lutaram pela democracia brasileira, sofreram nos 21 anos que nosso País esteve mergulhado numa ditadura militar.
Durante o julgamento o Estado pediu desculpas e fez um retratação formal ao escritor, poeta, jornalista e nosso colunista Luis Turiba.
Turiba em 1968 foi militante estudantil do PC do B e foi preso e torturado pela Ditadura Militar, sofrendo perseguição política em seguida, durante vários anos.
No julgamento, após resultado deferido a favor de Turiba, o escritor leu o seu poema Tortura.
O poeta também nos enviou esse poema inédito sobre o dia de hoje:
“É HOJE O DIA
de fechar o ciclo, de tirar a carne seca da janela, de acertar as contas com a maldita, de botar a boca no trombone, servir a cachaça pra Exu, compor um samba enredo, vestir a nova fantasia, dar bom dia à Poesia, molhar o pano da cuíca, tirar o peso dos ombros, botar o boi na sombra, destampar o sol com a peneira, curtir a quarta-feira de cinzas, vestir a velha camisa do Zico, levar as crianças ao circo, fazer o Estado pedir penico e saborear as memórias da juventude sem culpa, sem remorso, sem heroísmo ou fantasias.HOJE SAIU
A MINHA ANISTIA
minha reparação, minha superação dos pesadelos, meu drible de Mané Fuleiro.
Hoje volto a ser um pleno cidadão brasileiro,
como aquele moleque que em 68 lutava com gritos e pedras contra a ditadura militar.
Hoje é o dia mais feliz da minha Democracia.
O hoje durou a eternidade,
como diz o velho samba da Ilha: hoje vou tomar um porre, não me socorre, vou ser feliz.
O axé de hoje é existencial,
a liberdade é o raio que nos ilumina:
Democracia sempre,
Ditadura nunca mais!”
Confira algumas imagens do julgamento (Fotos: Rose Araujo):
Em breve, na sua coluna, Luis Turiba contará como foi o processo até o dia do julgamento e sua estadia em Brasília, quando visitou também a sede do Jornal de Brasília, onde trabalhou.
E para saber mais sobre o período em que Luis Turiba esteve preso pela Ditadura, veja seus textos “A Poética da Memorábilia” e “Acertando as contas com a Ditadura” aqui na sua coluna do ArteCult.