O ARTECULT esteve no lançamento do livro ERGONOMIA DIGITAL da EducaBooks e de autoria de Anna Lúcia Spear King, Mariana King Pádua, Eduardo Guedes e Antônio Egídio Nardi.
O livro é mais uma iniciativa do incrível Instituto DELETE, uma entidade envolvida em várias ações interessantíssimas para o uso consciente das tecnologias.
O lançamento aconteceu na Livraria da Travessa no bairro de Botafogo no Rio e contou com a presença dos autores, convidados e imprensa especializada.
Confira as imagens do evento:
Sobre o Livro
Hoje em dia o que mais temos visto é um uso indevido, abusivo e indiscriminado dos aparelhos do mundo digital (computador, telefone celular, tablets, entre outros) no cotidiano. Ergonomia Digital é o primeiro livro elaborado com a finalidade de orientar pessoas, empresas, famílias, instituições de ensino e entidades públicas ou privadas sobre como lidar com o uso destes dispositivos de modo apropriado e atentando às posturas e aos mobiliários utilizados.
Trata-se de um manual de Ergonomia Digital que fornece dicas e informações relativas às boas práticas recomendadas para serem empregadas no dia a dia ao se utilizar qualquer tecnologia. Sempre que formos interagir com um aparato tecnológico, seja por lazer ou trabalho, devemos pensar na Ergonomia e no mobiliário a ser utilizado. Precisamos estar sempre atentos as nossas posturas e verificar se o ambiente de trabalho está adequado e adaptado a nossa constituição física, peso, altura e necessidades especiais.
Conversamos então com uma das autoras, Mariana King Pádua, sobre o conteúdo do livro e os benefícios da Ergonomia Digital. Veja nossa entrevista exclusiva abaixo:
Entrevista com Mariana King Pádua
Mariana King é Fisioterapeuta, Acupunturista, Terapeuta Corporal, Cantora e agora Escritora!
Ela nos cedeu uma entrevista exclusiva sobre seu livro e sobre as iniciativas do Instituto DELETE. Veja :
ARTECULT (Raphael Gomide) : Mariana, muitas pessoas ainda não ouviram falar em Ergonomia. Poderia esclarecer nossos seguidores sobre o conceito, sua importância e falar um pouco do atual estágio da ergonomia no Brasil? Desde quando você trabalha especificamente com este tema?
Mariana King:
Ergonomia é a ciência que prioriza o homem no processo produtivo. A palavra vem do latim ERGO (trabalho) e NOMOS (regras), ou seja, são regras para se organizar o trabalho. É uma disciplina que estuda as interações de todos os aspectos da atividade humana com outros elementos, visando segurança nas condições de trabalho, bem estar e desempenho global do sistema, de modo a projetar ambientes e produtos compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações de cada pessoa. A ergonomia é lei, é norma regulativa a ser cumprida (NR-17). Ela é preventiva, relativa a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, mas também cuida das normas de higiene e segurança.O projeto ergonômico deve ser sempre feito por fisioterapeutas, que vão avaliar as condições de trabalho em relação à biomecânica do movimento exigido pela atividade e à antropometria do indivíduo que a exerce, para, em seguida, recomendar as intervenções necessárias aos postos de trabalho, bem como as respectivas orientações sobre correções de postura e manuseio de materiais, para fins de saúde, segurança e bem estar do indivíduo, assegurando assim a ótima interação entre tarefas, produto ou ambiente e as capacidades humanas dentro de suas limitações, de modo a obter ganhos de produtividade através do conforto humano.No Brasil já existem equipes de fisioterapeutas especializados que promovem projetos ergonômicos para grandes empresas, tanto em relação à questões ambientais (espaço físico, luminosidade, circulação de ar, etc) e fatores de segurança para a saúde do indivíduo (mobiliário adequado, inspeção no correto manuseio da atividade, regulação de tempo e intervalos na execução de tarefas, etc), quanto na prevenção e promoção da saúde, com implementação de atividades em grupos de funcionários, ginástica laboral e interrupções na jornada de trabalho para curtos momentos de lazer e interação social. Afinal, os aspectos psicológicos também se enquadram dentro da ergonomia.Em geral, a preocupação com a ergonomia ainda é uma questão restrita às grandes e médias empresas, por isso há pouco conhecimento do público em geral. Normalmente as pequenas empresas e, especialmente, entre autônomos, atividades domésticas e de lazer, há muito pouca preocupação com essas questões, visto que as pessoas tendem a se adaptarem ao espaço e mobiliários já existentes, seja por comodidade, fatores econômicos ou simplesmente por falta de orientação. Eu trabalho com exercícios de correção e conscientização postural há mais de duas décadas e posso assegurar que a maioria das lesões e distúrbios osteomusculares estão relacionados à atividades de vida diárias, que são exercidas sem a postura correta e sem a devida compreensão do movimento em ação. Quando falamos de ergonomia, pensamos logo em atividades industriais e de escritório, já que registram os maiores incidentes dentro das ocupações profissionais, mas a verdade é que, por exemplo, a forma como varremos uma casa, mexemos a panela ao cozinharmos e até mesmo nos sentamos (ou deitamos) diante da TV para descansar no fim do dia também fazem parte da ergonomia e necessitam de atenção e cuidados para não prejudicarem nossa saúde e bem estar, situações essas em que raramente há preocupação de como serem feitas de maneira correta e que são grandes responsáveis por diversas dores físicas e limitações funcionais.
ARTECULT: O livro Ergonomia Digital procura orientar as pessoas sobre como lidar com o uso da tecnologia de modo apropriado. Como nasceu a idéia de escrever este livro com seus co-autores? Como vocês se conheceram?
Mariana King:
Em seus estudos sobre transtornos de ansiedade e agorafobia (fobias sociais), a psicóloga Anna Lucia Spear King percebeu o crescente número de pessoas com dependência das novas tecnologias e, quando defendeu sua tese de Doutorado sobre Nomofobia, foi convidada a fundar o Grupo Delete, institucionalizado desde 2013 no Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O Professor Doutor Antônio Egidio Nardi, orientador da tese, é o psiquiatra do Grupo desde sua criação, que mais tarde teve a inclusão de Eduardo Guedes na área de pesquisa das mídias digitais. Eu me juntei à equipe em 2016, quando apresentei meu projeto de mestrado voltado para os vícios posturais e ergonomia associados ao uso das tecnologias, tornando-me desde então a fisioterapeuta responsável pelas questões de saúde física do Grupo Delete.O livro Ergonomia Digital é fruto de um trabalho elaborado especialmente para adultos e empresas a partir de uma visão psicológica, fisiológica, médica e das multimídias, para que pudéssemos abordar questões relativas à ergonomia digital de um modo mais eficaz, destinado à questões ergonômicas, ao comportamento dos indivíduos na sociedade e nas empresas ao usarem as tecnologias. Devido ao tema ser atual, bastante abrangente e de grande interesse da população, decidimos criar o livro com a proposta de orientar as pessoas sobre as atenções e necessidades diárias no manuseio e convivência com a evolução tecnológica. O objetivo é justamente alcançar o público leigo no assunto, principalmente para as questões de uso cotidiano, doméstico e de lazer. Porém, é útil também para as empresas que não têm projetos ergonômicos determinados e para os funcionários atentarem para suas necessidades perante seus ofícios.O livro é bastante instrutivo, com figuras representativas, de fácil leitura e que pode ser consultado em capítulos, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Traz informações específicas para os casos de celulares, desktops, laptops, tablets, etc, bem como orientações de outras publicações do Grupo Delete: Nomofobia, Etiqueta Digital e Cartilha Digital, este último voltado para crianças e pais, responsáveis pela educação de seus filhos em meio às novas tecnologias. E, por ser um livro dedicado às questões de saúde, o Ergonomia Digital ainda apresenta os distúrbios físicos mais comuns ao uso indevido dos aparatos tecnológicos, indicações de mobiliários adequados, regras de postura e manuseio das plataformas digitais e, ainda, alguns exercícios físicos para prevenir lesões e distúrbios osteomusculares ou minimizar os danos já instaurados.
ARTECULT: Uma das coisas legais (dentre tantas) do livro é quando aborda o uso correto do celular. Este é um assunto que com certeza interessa a todos nós que utilizamos esta tecnologia cada vez mais devido ao avanço da Internet e de outras tantas tecnologias relacionadas a este dispositivo. Quais os perigos da má utilização do celular e quais as principais dicas dadas no livro sobre este tema?
Mariana King:
O uso dos celulares requer atenção para duas áreas de extrema importância: os olhos e o pescoço. Normalmente as primeiras queixas do uso abusivo das tecnologias estão relacionadas com os olhos. A chamada “Síndrome de Visão do Computador” pode ocorrer após duas horas consecutivas de exposição prolongada frente aos displays destes produtos e também agravadas pelas posturas corporais indevidas. O brilho e a luz emitidos por estes dispositivos são os principais responsáveis pelas alterações na visão, cujos primeiros sintomas são: olhos ressecados e/ou vermelhos, irritação na vista, coceiras, fadiga ocular, sensação de peso nas pálpebras, perda de elasticidade do nervo ótico, visão embaçada e enxaquecas. Em casos mais extremos, pode ocorrer estresse da córnea e consequente perda momentânea da visão, devido à exposição prolongada e/ou concentração ocular excessiva sobre uma determinada tarefa em execução no dispositivo. Existem várias formas de cuidados com os olhos, mas as principais medidas preventivas são: ajuste da luminosidade do display de acordo com a do ambiente – os aparelhos mais modernos já vêm com esse ajuste automático e, para os mais antigos, também existem aplicativos específicos para essa regulação; evitar o uso do aparelho por mais de duas horas consecutivas; manter os olhos sempre lubrificados – piscar diversas vezes a cada 30 minutos e beber bastante água; tirar os olhos das telas e direcionar o olhar para outros pontos do ambiente (mais distantes) de modo a exercitar a visão em diferentes perspectivas, visando estimular a elasticidade do nervo ótico e o ajuste do foco ocular em pontos distintos; consultar um oftalmologista regularmente.O termo “Pescoço de texto” é utilizado para denominar as dores no pescoço e problemas na coluna cervical devido à inclinação anterior da cabeça para visualização da tela. As vértebras cervicais costumam sofrer compressões e/ou deslocamentos, provocando maior desgaste do disco intervertebral, quando o pescoço e os ombros estão tensos ou em posições erradas, favorecendo assim o surgimento de artroses ou hérnias discais, por exemplo. Além disso, a diminuição do espaço intervertebral limita os graus de movimento da cabeça, levando a um aumento da rigidez muscular na região, e assim por diante. O processo evolui como uma “bola de neve” até alcançar patologias irreversíveis, caso não seja tratado preventiva ou precocemente. O pescoço de texto é um problema que está se tornando sério nos tempos atuais devido ao uso excessivo, diário e por muitas horas consecutivas do telefone celular, tablet ou outro dispositivo, e ainda pouco considerado pelas pessoas do mundo moderno. É preciso estar muito atento à essa questão, porque é na região cervical que residem as mais importantes estruturas de sobrevivência dos seres humanos como: artérias e veias fundamentais para a circulação sanguínea, nutrição corporal, conexões nervosas e bom funcionamento do cérebro. Para prevenir o pescoço de texto, também existem alguns métodos que devemos aplicar em nosso dia a dia: elevar o aparelho celular até a altura dos olhos, ao invés de inclinar a cabeça para visualizar a tela; evitar muitas horas consecutivas de uso do aparelho; manter sempre a coluna ereta; a cada meia hora de uso é indicado uma leve massagem na região cervical e ombros; movimentar a cabeça em todos os ângulos antes e depois de uso prolongado do aparelho, sempre após a massagem cervical; em casos de dores locais crônicas e/ou identificação de posturas viciosas já instauradas, procure sempre um especialista para maiores orientações.Há ainda a questão das dores articulares em polegares e punhos, que estão diretamente associadas ao excesso de digitação e tensão exercida sobre antebraços, mãos e dedos. Apesar de serem queixas menos comuns em relação aos telefones celulares, onde apenas os polegares são sobrecarregados, já há registros de sintomas associados à LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e até mesmo caso de rompimento de tendão do polegar por uso abusivo dessa ferramenta. Por isso é indicado sempre o alongamento de punhos e dedos antes e após o uso consecutivo desse dispositivo.Além dessas preciosas dicas, é sempre recomendado um sono regular, dieta balanceada, ingestão de líquidos para hidratação das estruturas articulares e prática de exercícios frequente para manter o corpo saudável e em equilíbrio (especialmente caminhadas e alongamento).
ARTECULT: A Ergonomia Digital é uma das frentes de atuação do Instituto DELETE. Conte-nos um pouco sobre este trabalho no Instituto, por favor.
Mariana King:
O Instituto Delete é um centro pioneiro no Brasil, fundado pela psicóloga Anna Lucia Spear King em 2013 no Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Somos uma equipe composta por profissionais da área da saúde, responsável pelo atendimento médico e psicológico de usuários abusivos e/ou dependentes de aparelhos do mundo digital. Além dos atendimentos médico, psicológico e fisioterapêutico, temos como objetivo, orientar a população em geral sobre os benefícios e prejuízos relacionados ao uso abusivo de aparelhos do mundo digital no dia a dia, apresentando conceitos de Uso Consciente, Ergonomia e Etiqueta Digital. O Instituto Delete visa também realizar pesquisas científicas e descrever na literatura os impactos das tecnologias interferindo no cotidiano dos indivíduos e as consequências relacionadas. Somos a favor dos aparelhos do mundo digital, mas defendemos seu uso consciente.
ARTECULT: Além de Ergonomia Digital, o Instituto Delete possui várias frentes interessantes de atuação, dentre as quais nos chamou atenção o tratamento médico e psicológico para os usuários abusivos e/ou dependentes das Tecnologias. Fale-nos um pouco sobre esta linha de atuação e suas principais iniciativas.
Mariana King:
O termo “dependência de internet” (DI) não é bem definido, uma vez que não se sabe ao certo se as pessoas se tornam dependentes da plataforma ou do conteúdo da rede. O que existe é uma condição patológica em que os indivíduos não são mais capazes de reconhecer as repercussões negativas de seu consumo sobre sua saúde física, psicológica, convivência familiar, vida social e carreira profissional, além de frequentemente falharem em seus esforços para suspender ou limitar seu objeto de consumo. Apesar do termo NOMOFOBIA estar associado ao uso do aparelho celular (“No Mobile Phobia”), ele se refere a uma coleção de comportamentos ou sintomas relacionados ao uso da internet e de todos os aparatos tecnológicos que permitem seu acesso, englobando dessa forma o “objeto” da dependência e assim podendo caracterizá-la como tal. Quanto ao conteúdo da rede, há subtipos específicos de vício em internet, apesar das atividades poderem estar todas interrelacionadas: redes sociais (que englobam todos os tipos de mensagens de texto), sexo e jogos on-line, todos recentemente classificados pela American Psychiatry Association como uma patologia em categoria específica dentre os transtornos psíquicos. O quadro biopsicossocial para a etiologia das dependências afirma que as pessoas viciadas em internet têm sintomas semelhantes aos relatados por pessoas que sofrem de dependência de substâncias.A DI está aumentando em todo o mundo, principalmente entre adolescentes e adultos jovens, e já é considerada uma condição de saúde pública em alguns países. O uso irrestrito da internet é um fenômeno global recente, e tem provocado mudanças comportamentais que necessitam ser observadas de modo a prevenir possíveis distúrbios físicos e/ou psíquicos, ou ainda tratar os danos já instaurados. Como pioneiro nos estudos de impacto das tecnologias no comportamento humano, o Instituto Delete tem por missão orientar a população sobre o uso consciente das tecnologias (educativo/preventivo) e oferecer tratamentos médicos, psicológicos e fisioterapêuticos gratuitos de suporte e reabilitação em DI. Os interessados em consultorias ergonômicas particulares ou para empresas devem acessar nosso site: www.institutodelete.com, enquanto os interessados em tratamentos devem encaminhar e-mail para grupodelete@gmail.com, contendo identificação e motivo da procura, onde receberão instruções sobre o procedimento de triagem e encaminhamento para consultas específicas.
Imagens do lançamento do livro
Sobre o Instituto DELETE
O Instituto Delete – Uso Consciente de Tecnologi@s é um centro pioneiro no Brasil e institucionalizado desde 2013 no Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trata-se de uma equipe composta por profissionais da área da saúde dedicados à informação, orientação, ergonomia digital, etiqueta digital, pesquisas científicas e tratamento médico e psicológico para os usuários abusivos e/ou dependentes das Tecnologias.
Então é isto, pessoal, não deixem de conferir este interessantíssimo livro! E não deixem também de conhecer o Instituto DELETE.
Mais abaixo você encontra os links do livro e do Instituto.
SERVIÇO
Livro ERGONOMIA DIGITAL
- Editora EducaBooks / Instituto DELETE
- ISBN: 9788593236280
- Idioma: Português
- Encadernação: Brochura
- Formato: 14,8 X 21
- Páginas: 150
- Ano de edição: 2018
- Edição: 1ª
- Site: www.InstitutoDelete.com
- e-Mail: grupodelete@gmail.com
- Facebook: fb.com/Institutodelete
- Twitter: @grupodelete
- Instagram: #InstitutoDelete
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Muito bom seu artigo, parabéns pelas dicas!