Liga da Justiça de Zack Snyder (“Snyder Cut”): A versão definitiva que já deveria ter sido lançada

A versão estendida do filme “Liga da Justiça“, com a visão original do diretor Zack Snyder, finalmente é lançada, depois de muito tempo de especulação sobre a existência desse corte e de muita insistência dos fãs.  Algo que muitos esperam ver nessa nova versão são as correções dos erros que o diretor Joss Whedon e os executivos da Warner fizeram em suas escolhas criativas (que não foram poucas). Para a satisfação dos fãs da DC, o famoso “Snyder Cut” consegue alcançar esse mérito, entregando um filme totalmente novo.

A Liga da Justiça. Cena da versão de Zack Snyder. Foto: Divulgação Warner Bros.

Basicamente, a história continua a mesma da versão lançada para os cinemas em 2017, mas com bastantes alterações entre as passagens, que são muito mais aprofundadas dentro das 4 horas de duração. Apesar dessa longa duração, a montagem consegue ser dinâmica entre essas passagens, estendendo-se em alguns momentos para preencher lacunas feitas na versão anterior. Principalmente nas cenas de batalha, em que o diretor consegue manter a empolgação através de seus planos grandiosos, utilizando a câmera lenta, que, junto com a nova trilha sonora composta por Junkie XL, dão um tom mais dramático a esses momentos. Na versão de cinema, a trilha foi composta por Danny Elfman.

Aguaman, Cyborg e Flash. Cena de Liga da Justiça (Snyder Cut). Foto: Divulgação Warner Bros.

Saber das 4 horas de duração pode até espantar de início. Mas o filme é exibido no formato de minissérie, composta por uma introdução, 7 capítulos e um epílogo. Isso pode ajudar o público a acompanhar a trama em partes, apesar de funcionar bem como um filme de 4 horas. A partir da terceira parte, não se vê o tempo passar, diferente das duas primeiras partes que possuem ritmo mais devagar e,  embora não sejam maçantes, são o momento em que sentimos mais o peso do tempo do filme. Talvez o público se questione, nesse início, sobre a qualidade do ritmo que a história vai tomar. Mas, para alivio do espectador, o ritmo muda por completo, cumprindo, também,  a função de introduzir, de modo orgânico, os novos integrantes da Liga –  o Cyborg (Ray Fisher), o Aquaman (Jason Momoa) e o Flash (Ezra Miller) – , justificando-se a presença e os atos de suas escolhas dentro da narrativa e aprofundando-se na vida pessoal de cada um deles. Principalmente na história do Cyborg, que descobre seus poderes tecnológicos ao mesmo tempo em que enfrenta conflitos pessoais, como a perda de sua mãe e seu desentendimento com seu pai. Mesmo com esse aprofundamento, ausente no desenvolvimento do filme de 2017, o Cyborg continua sendo o personagem mais fraco da Liga. Em parte pelo roteiro, que não consegue criar nele uma personalidade marcante, mas, também, pela falta de carisma do ator, o que pesou bastante ao contracenar ao lado de vários artistas com um forte apreço dos fãs.

Lobo da Estepe. Cena de Liga da Justiça (Snyder Cut). Foto: Divulgação Warner Bros.

Outra renovação feita são os efeitos visuais, que estão bem mais refinados, principalmente nos detalhes de alguns personagens inteiramente em CGI, como o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). Com um visual mais ameaçador e uma motivação que vai além do desejo de conquistar o planeta, ele tem algo pessoal por trás de seus atos, relacionado ao seu mestre Darkseid (Ray Porter), que, finalmente, tem sua primeira aparição dentro dos filmes da DC e promete ser uma figura impiedosa e conquistadora para o futuro desse universo.

Darkseid. Cena de Liga da Justiça (Snyder Cut). Foto: Divulgação Warner Bros.

Algo que, também, mudou, por completo, foi o ritmo,  agora bem mais sério e sombrio, devido à retirada de todos os momentos cômicos criados por Joss Whedon durante as refilmagens, e a nova fotografia, que, além de criar uma estética mais escura, mostra que o diretor opta em exibir o filme no formato 4:3, o que faz a tela ser mais compacta. Esses recursos técnicos demonstram como é possível fazer um filme bom de heróis, sem precisar copiar o estilo Marvel, com algo mais saturado e colorido e piadas bobas sendo feitas a cada 10 minutos.

Já outros elementos continuam um pouco desnexos no resto do filme, como a apreciação sem explicação de personagens em uma cena ou outra ou do sonho de Bruce Wayne (Ben Affleck) no cenário apocalíptico, mais bem utilizado em Batman vs. Superman. Aqui, só mostra um possível presságio do que ainda pode estar por vir. Mas o próprio Snyder não soube encaixar bem essa cena, ficando muito avulsa do restante do filme.

A versão de Zack Snyder para “Liga da Justiça” mostra como a interferência constante dos estúdios pode alterar drasticamente o resultado final de um filme, em vez de deixar o principal realizador conduzir o projeto, já que o “Snyder Cut” é, sim, uma obra incrível que supera as expectativas dos fãs.

CONFIRA O TRAILER

Esperamos que o resultado positivo da recepção dos fãs e da crítica faça com que a Warner dê aos diretores  mais liberdade na criação artística em projetos futuros dentro do Universo da DC nos cinemas.

NOTA: 7,5

BRUNO MARTUCI


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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