Ele já foi vereador por quatro mandatos em Niterói e é autor de 64 Leis que vigem em Niterói, sempre com uma atuação exemplar, por ser um incansável defensor da Cultura, dos direitos e dos interesses da população mais vulnerável. Hoje, contudo, o que chama atenção é descobrir que o político Leonardo Giordano, atualmente no posto de secretário das Culturas de Niterói, é também um apaixonado pela cultura geek. Na política há mais de 20 anos, ele conta nesta entrevista exclusiva um pouco sobre sua relação com os quadrinhos, jogos, séries e muito mais. Confira:
1 – Com quantos anos você começou a se interessar pelo universo geek?
Leonardo: “Desde pequeno eu sempre curti o que hoje a gente identifica como “universo geek”. Eu fui uma criança que cresceu lendo histórias em quadrinhos, jogando RPG e games, desde o Nintendinho e o Mega Drive. Sempre curti muito essas inovações, ciência, tecnologia e inovação. Estas linguagens estão misturadas à minha própria infância e adolescência. Há muitos anos eu curto e acompanho as novidades do mundo geek. Hoje em dia, a gente tem novidades, como as séries, por exemplo. Antes, o cinema já me chamava muito a atenção com esses temas, desde “O Labirinto”, com David Bowie, “Blade Runner” com Harrison Ford ou “História sem fim”, com Tom Cruise. Acordava de manhã, super feliz por poder assistir Caverna do Dragão. Eu era criancinha e assistia a esses filmes e desenhos que a gente liga a temas fantásticos ou de ficção científica, que sempre me atraíram muito.”
2 – Qual é a sua atividade geek favorita?
Leonardo: “Eu tive uma fase muito intensa de quadrinhos. Hoje em dia, aquilo que eu mais consumo são séries e games. Tenho mais de 200 jogos na Steam. De série, tenho assistido muito as da HBO. Amei “The boys”, da Amazon, e tenho assistido a desenho animado também, como o Castlevania. O cenário brasileiro nessa área também é promissor, gostei muito do “Cidade Invisível”, com o Jimmy do Matanza, que está na Netflix. Curto muito as produções audiovisuais. Nos games, prefiro os jogos de estratégia, RPG e de sobrevivência.”
3 – Qual é o seu jogo favorito e o que está jogando agora?
Leonardo: “Meu jogo favorito, provavelmente a galera não vai conhecer, embora reconheça as sequências dele. É um jogo antigo chamado Morrowind — ele é do The Elder Scrolls, dessa série ampla, que hoje em dia é muito conhecida, o The Elder Scrolls Online. Mas a versão que eu curti mesmo foi o Morrowind, um RPG em primeira pessoa, e um dos precursores dos RPGs mais modernos. É incrível e tem uma história fabulosa. Agora estou jogando Subnautica, um jogo de sobrevivência e biologia marinha; Stellaris, que é um jogo de estratégia e gerenciamento espacial muito legal; e Romance of the Three Kingdoms, na versão “Total War” dele, que é uma versão de combate, de exército, um jogo com elementos da mitologia e fantasia chinesa, muito maneiro. Vou alternando, quando fico de saco cheio de um, passo para outro.”
4 – Falando sobre universo HQ, qual é o seu personagem/super herói favorito? Está lendo algum agora?
Leonardo: “Eu tenho muitos heróis favoritos. Homem-Aranha é um deles, porque é humanizado, um cara que se atrasa pro trabalho, que tem problemas com a namorada, é difamado pelos jornais e sofre como qualquer pessoa. Sempre preferi esses heróis que têm problemas pessoais, contradições, acho eles mais complexos. O caso do Homem-Aranha é um exemplo. E também acho muito interessante a dinâmica dos vilões, quando são bem construídos e tem uma motivação tridimensional, explicável. E a cultura geek tem feito esse resgate, essa reinterpretação dos vilões. A Disney, por exemplo, lançou Cruella, Loki, e eu percebi um movimento de releitura dos vilões, num processo de revisitar personagens mais complexos. Sem relativizar a maldade, uma abordagem mais complexa nos faz refletir e sermos pessoas menos dadas aos absolutos perigosos. O próprio Loki é um vilão de quem eu gosto. O Doutor Destino também, em uma versão mais quadrinhos, a arrogância dele nos ensina algo. Entre os heróis, também curto o Homem de Ferro, Doutor Estranho e Surfista Prateado. Prefiro os mais complexos do que os mais “perfeitos”, como é o caso do Super-Homem, ou seja, prefiro quando mostram os conflitos e dramas humanos nos personagens.”
5 – O que te influenciou a participar da cultura geek?
Leonardo: “Acho que o contato com o videogame e o início da internet. São dois elementos decisivos do meu tempo histórico. A minha geração foi a primeira exposta ao videogame muito novinha, como eu fui com o Atari. Essa trajetória do videogame para a internet foi decisiva como influência para a minha geração. Além disso, o contato com os quadrinhos nas bancas. Eu tenho uma memória afetiva de acordar no final de semana, com o dinheiro que eu juntei da mesada, e ir na banca comprar os quadrinhos. É uma memória infantil forte. Esses elementos construíram minha infância e foram decisivos. Depois comecei a jogar RPG, jogos de tabuleiro. São todas influências da minha infância e que me levaram a gostar da cultura geek.”
6 – Você tem colecionáveis: o que você gosta de colecionar
Leonardo: “Eu tenho uma coleção de Funko Pop, e muitos livros de RPG, embora eu ame e use cada um deles intensamente, eu chamo essa biblioteca de coleção.”
7 – Como você leva a pauta para a política?
Leonardo: “Acho que no prazer de levar adiante projetos desse tema. O universo geek também é muito importante porque gera emprego. Niterói tem uma forte tradição nessa cultura, é a terceira cidade mais geek do Brasil. E a gente valoriza muito isso. Porque é uma linguagem universal, que inclui literatura, tecnologia, audiovisual, uma cadeia produtiva por trás de um amplo mercado. Tem muita gente envolvida com esse universo aqui em na cidade. É importante Niterói dialogar com essa vertente cultural universal. Eu penso que a gente tem ampla capacidade de produzir muita coisa bacana, com a UFF, por exemplo, que tem produção intensa na área de incubadoras de games, e pode fomentar isso por meio dos editais. Os eventos geek em Niterói são muito promissores, e a Secretaria vai cada vez mais valorizar e levar as políticas públicas para essas práticas e linguagens inovadoras. Principalmente, porque é um tema que dialoga com a juventude, que é quem produz muito nesse segmento. Constituímos um departamento de Cultura Digital e Expressões Contemporâneas na Secretaria das Culturas. Queremos criar projetos de interesse para quem gosta do tema, para a cidade, e garantindo que a Cultura é um direito para todos e todas.”
8 – O canal QuadriMundi (Quadrinhos, Animações e Mangás), em parceria com os quadrinistas e empreendedores Elyan Lopes e Vanderlei Sadrack está organizando o Dia do Super-Herói Brasileiro, evento on line que acontecerá em 24/10. Gostaríamos de saber o que acha desse nosso movimento, por favor!
Leonardo Giordano: “Essa iniciativa do canal QuadriMundi é uma excelente forma de fortalecer a cultura e valorizar a produção nacional nessa área. A parceria do canal, Elyan Lopes e Vanderlei Sadrack nos faz muito felizes quando eles pretendem organizar o Dia do Super-Herói Brasileiro e eu tenho muito orgulho de dar força a essa ideia e participar dela da melhor maneira possível, nós temos reafirmado sempre aqui na Secretariaa das Culturas de Niterói que a Cultura é um direito e a defesa dos quadrinistas nacionais, da produção artística do Brasil é muito importante , inclusive no tema dos super-heróis.”