O pianista Jonathan Ferr, um dos nomes mais celebrados da nova geração do jazz brasileiro, se apresenta na primeira edição do Festival The Town, no dia 03 de setembro, domingo, no palco São Paulo Square, às 18h30, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
Depois de uma longa tour pela Europa por 40 dias, passando por inúmeros festivais em cidades como Berlim, Londres, Paris, Lisboa, Nijmegen (Holanda) e Gent (Bélgica), entre outras, esta é a primeira vez que Jonathan vai levar seu urban jazz como atração headline num palco do tamanho deste festival, dividindo a noite com grandes nomes como Esperanza Spalding e a São Paulo Big Band.
Jonathan vai mostrar sua leitura futurista do jazz numa performance elétrica, rompendo com a tradição do jazz clássico, criando novas camadas em sua sonoridade urbana “neo-jazz” que comunica com o futuro, misturando neo soul, hip hop, r&b, além de usar efeitos de voz, próprio da linguagem do trap, influenciado por artistas como T-Pain, Kanye West e Kendrik Lamar. Ao seu lado o quarteto formado por Maikon Pereira (bateria), Rerisson Luz (baixo), Jonatas Oliveira (teclado) e Alex Sá (sax) e dois vocais, Yasmin Olí e Izy Mistura, enquanto Ferr segue no piano, key star e voz.
A cada nova empreitada artística, o “xamã do jazz nacional”, como foi intitulado pela revista Veja – que aliás acaba de incluir seu disco “Liberdade” entre os cinco álbuns brasileiros lançados este ano que devem ser ouvidos, ao lado dos de Elza Soares, João Gilberto, Xande de Pilares e Iza – nos mostra porque é um dos artistas mais inovadores da nova cena musical brasileira. Traz em sua arte o frescor da canção com a liberdade do jazz em melodias delicadas, mas cheio de força em um espetáculo que busca provocar o curamento, o auto-encontro e a compreensão das belezas. Com isso ele vem quebrando as percepções do público e trazendo um jazz acessível. Suas produções são baseadas ;na filosofia do afro-futurismo, inspirado no americano Sun Ra, compositor de jazz e filósofo pioneiro dessas ideias, em que o movimento usa elementos da ficção científica para se expressar em percepções e projeções dos negros no mundo futurista, colocando-se sempre em protagonismo.
Não à toa que ele ganhou o título de “garoto estandarte do jazz carioca” pelo jornal espanhol El País. Jonathan nasceu em Madureira, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, e começou a se interessar pelo piano ainda criança, assistindo ao programa “Pianíssimo”, de Pedrinho Mattar, na Rede Vida, com seus pais. Aos oito anos, ganhou um tecladinho e começou a dedilhar as primeiras notas, inspirado em Tom Jobim. Na adolescência, se apaixonou pelo álbum “A Love Supreme”, de John Coltrane, e decidiu que seria músico de jazz. A profissionalização viria alguns anos depois, ao ganhar uma bolsa e se formar na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio. Daí seu desejo de popularizar o jazz na periferia e ampliar o alcance do gênero.
Nesse show vai mesclar músicas dos álbuns “Cura”, “Trilogia do Amor” e “Liberdade” – este seu disco mais recente – em que, além de tocar, também canta em algumas canções e assina a autoria das letras, hora sozinho e outras em parceria – uma das novidades deste trabalho. Estarão lá canções desse novo álbum como “Correnteza”, uma produção puramente instrumental, e “Meu Sol”, parceria com rimas do rapper Rashid, além de uma releitura de “Céu Azul”, de Charlie Brown Jr., banda que é fã desde criança, e a inédita “Saudade”, feita para o pai que faleceu recentemente, entre outras.
No país onde o jazz é visto como elitista, Jonathan, com esse jeitão profético e uma excelência no piano e que levanta toda a plateia, é mesmo um sopro de renovação no jazz do Brasil.