Parodio Thomas Edison no título só pra dizer que viver de dança exige energia extra e muita persistência.
Minha história com a dança começou cedinho: aos 5 anos. Estudei variadas modalidades de dança mas, aos 15, decidi na minha formação em Comunicação, pois era difícil explicar para a família que eu queria viver de dança. Depois de me formar em Publicidade, abri um estúdio de dança e percebi que dar aulas é muito mais prazeroso do que a vida de pequena empresária.
Voltei a estudar e passei 5 anos pesquisando dança contemporânea em paralelo à carreira publicitária. Produzi alguns programas televisivos e espetáculos de dança. Montei uma companhia de dança nos Estados Unidos e, atualmente, me dedico aos estudos de danças tradicionais Latino-Americanas e Culturais na Argentina. Hoje, trabalho internacionalmente com dança.
Relembrando essa trajetória, descobri que sempre me dividi entre o trabalho como dançarina, bailarina, coreógrafa e diretora, e minha outra carreira “mais segura” para poder “sustentar” o sonho de viver de dança. Essa relação não é só monetária; viver de dança requer também múltiplos conhecimentos, muito estudo e muito jogo de cintura (sem trocadilhos!).
O mercado brasileiro, embora diverso e rico de possibilidades, infelizmente é pequeno quando se trata de investir em sonho e em talento. E quando digo investimento, não falo somente em investimento do poder público, mas também, e principalmente, de cada cidadão que, por aqui, não tem o hábito de consumir cultura.
Uma dica para quem quer viver de dança: busque sempre manter sua essência e procure um nicho que queira estudar, ache uma linha de pesquisa ou projeto para começar a experimentar suas percepções e montar sua personalidade artística. Monte espetáculos, convide bailarinos e não-bailarinos para dançar. Você pode se surpreender com essa experiência! Como brasileira, posso afirmar de carteirinha que temos muita criatividade e muita inspiração! A transpiração é sempre domada com uma boa dose de humor, versatilidade e persistência para, um dia, finalmente podermos viver de dança.
Nos meus próximos textos, Shirlene Paixão, bailarina, cantora e atriz brasileira, Florencia Lapido, bailarina argentina, e Allison Peterson, bailarina norte-americana, vão dividir conosco as dores e delícias de se viver de dança…