Com mais de 130 milhões de plays no Spotify, o álbum foi premiado com o Leão de bronze na 70ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions e recebeu bronze no Latin American Design Awards, maior premiação de design da América Latina. Além disso, ICARUS também passou por Lisboa, Porto, Coimbra, Madrid, Paris, Londres e Dublin com a Eurotour, teve mais de 60 shows pelo Brasil, mais de 20 festivais, ganhou um videoclipe filmado em película 16mm, foi indicado em “Álbum do Ano”, “Capa do Ano” e “Show do Ano” no Prêmio Multishow, entre outros feitos históricos.
Icarus (2022, Gigantes) é uma obra de transição. Quarto e mais recente álbum de Abebe Bikala, o BK, o trabalho parte das conquistas pessoais do rapper fluminense para celebrar o próprio passado e apontar a direção para o que ainda está por vir. Como o título indica, trata-se de uma perspectiva atualizada do Mito de Ícaro. Um delicado estudo sobre as ambições, fracassos e permanente busca do artista em escapar de um labirinto emocional e poético que vem sendo desenvolvido desde a estreia com Castelos & Ruínas (2016). Canções que partem de uma abordagem particular e autobiográfica, porém, sempre acessíveis.
Embora marcado pela forte homogeneidade, efeito direto da produção de JXNV$ em parte expressiva das canções, Icarus é um trabalho que se divide em dois blocos temáticos bastante característicos. O primeiro deles, inaugurado pela reducionista Luzes, diz respeito ao lado político e consequentemente raivoso do disco, ocupando toda a primeira metade do repertório. A própria Lugar na Mesa, excelente colaboração com L7NNON, funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco menos de três minutos em que a dupla discute repressão, crescimento, traumas e transformação pessoal de forma sempre impactante.
Ser reconhecido no meio dos irmãos (negros) como aliado é importante, porque eu me preocupo com a história do povo preto. A ideia é evoluir e devolver tudo isso para a cultura que me fez ser quem eu sou hoje. Declara BK
Abebe Bikila Costa Santos ou BK, como é conhecido, tornou-se um dos principais nomes do rap nacional nos últimos anos. Com apenas quatro anos de carreira e três discos gravados, o compositor carioca, de 31, também é considerado um dos mais influentes de sua geração. Para ele, suas letras e músicas têm forte identificação, sobretudo com o público negro.
Quando iniciou a carreira em 2016, ele se tornou conhecido ao lançar o álbum “Castelos e ruínas”. Dois anos depois, colocou na rua o disco “Gigantes” e, recentemente, divulgou seu último projeto, “O líder em movimento”, que denuncia o racismo, a vida na periferia e a apropriação da cultura negra. No dia do lançamento, em 8 de setembro, o nome de BK e do disco ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter.
Agora, em 2024, a turnê do disco que teve sua estreia na Fundição Progresso, no ano passado, retorna ao Rio de Janeiro para um evento memorável. No dia 6 de abril (sábado), BK’ fará uma apresentação histórica em um dos locais mais simbólicos da cidade: a Praça da Apoteose.
JEFF FERREIRA