
Primeira exposição coletiva do ano acontece a partir do dia 15 de fevereiro e apresenta recorte de obras de artistas jovens e de nomes consolidados
A agenda de exposições de 2025 começou aquecida na Galeria Contempo. Após realizar individual da artista Ana Durães, foi inaugurada no dia 15 de fevereiro a primeira coletiva do ano na casa da Gabriel Monteiro. “cons.tru.ção | definição em aberto” reunirá 13 artistas representados pelas sócias Márcia e Monica Felmanas: Aldir Mendes de Souza, Beto Fame, Greta Coutinho, João di Souza, Luiz Dolino, Márcio Swk, Marina Ryfer, Natan Dias, Pavel, Renato Dib, Rubens Ianelli, Sérgio Guerini e Thiago Nevs.
Através de trabalhos nos mais distintos suportes, incluindo a pintura, a escultura e a instalação, cons.tru.ção aponta para o desenvolvimento recente de um grupo de artistas. Todos eles, jovens ou mais consolidados, comprovam que continuar produzindo é um exercício de reinvestir na construção de um sentido, ainda que seja ele pessoal e afetivo.
A exposição poderá ser visitada até 8 de março.A mostra coletiva traça um panorama da produção recente dos artistas da galeria.
Tendo como disparador um trabalho de Aldir Mendes de Souza, “cons.tru.ção” é um convite a repensar a noção de construção no contemporâneo. O trabalho de Aldir, intitulado “A Cidade VI”, de 1979, é uma de suas incursões pela (até hoje irresolvida) querela entre cidade e campo. Entre as horizontais das plantações e as verticais assustadoras das metrópoles, Aldir estabeleceu um léxico pessoal para tratar das resultantes visuais do progresso. Sem ser judiciosa, sua pintura nos ajuda a posicionar melhor o problema que a exposição pretende conjecturar.
Outro nome em destaque, Natan Dias – indicado ao Prêmio Pipa em 2024 -, é um artista que, junto ao ferro e ao seu significado nas culturas afrobrasileiras, repensa o construir.
Em contraponto, Dolino, artista de carreira longeva, recombina diariamente um léxico exíguo, mas que parece ainda interminável.
“Os trabalhos reunidos neste pequeno e representativo recorte, com suas marcadas idiossincrasias, não pretendem responder à questão. Na verdade, nem desejam respondê-la. Cada um enfeixa por seu prisma o mundo e, num exercício reflexivo, reimagina o construir, oferecendo a ele um novo direcionamento”.
Entrevista com Márcia e Monica Felmanas, sócias da Galeria Contempo

1. A exposição “cons.tru.ção | definição em aberto” marca a primeira coletiva do ano na Galeria Contempo. Como surgiu a ideia desse recorte e qual a principal mensagem que desejam transmitir ao público?
A exposição e, consequentemente o recorte nela feito, surgiram a partir de um trabalho de Aldir Mendes de Souza, intitulado “A Cidade VI”. Aldir foi um artista paulistano que conjugava sua carreira de médico com a de artista. Dedicou-se sobretudo à pintura, ofício que exerceu até o fim de sua vida – prematuramente interrompida por uma leucemia. A pintura que serviu de disparador para a exposição, feita em 1979, é um dos muitos trabalhos onde explora a tensão entre cidade e campo. Ou seja, embora tenha mais de 45 anos, continua ainda provocativa e parecia insinuar um ponto em comum na produção de todos os artistas: com interesse pele construir. E, consequentemente, que sentido tem para o artista continuar a produzir.

Márcia e Monica Felmanas. foto: Divulgação.
2. A mostra traz um interessante diálogo entre artistas jovens e nomes já consolidados. Como se dá a seleção dos artistas representados pela galeria e qual o impacto dessa diversidade na identidade da Contempo?
A Galeria Contempo é como que filha da ProArte Galeria, criada por nosso pai Miguel há mais de quatro décadas. Sempre tivemos muita familiaridade com trabalhos de artistas já consolidados, pois trabalhamos no mercado secundário. De modo que a Contempo herdou um pouco disso, conjugando produções mais recentes e outras mais longevas. A exposição em si é um exercício de reunir todos eles, pensar eventuais pontos em comum.
3. O trabalho “A Cidade VI”, de Aldir Mendes de Souza, serve como disparador para a temática da exposição. Qual foi o critério para escolhê-lo como ponto de partida e como ele dialoga com as obras dos demais artistas participantes?
Como dito de início, a exposição parte desse trabalho de Aldir. Há alguns anos representamos seu espólio, e temos muito interesse pela sua obra. Aldir foi um pintor com uma produção vasta, participou de bienais. Seu trabalho começa com experimentações formais, passa pelo cafezal como problema de paisagem, chega à cidade para, enfim, converter-se numa síntese geométrica focada na cor. A produção dos anos 1970 assumiu essa importância pois é o momento onde Aldir se interessa mais pela cidade, vibra com os problemas da metropolização – que em São Paulo se tornava mais pronunciada. Como o trabalho de arte é sempre uma pergunta sobre o mundo circundante e sobre o próprio fazer do artista, isso se mostrou então uma pergunta compartilhada, que podia ser buscada no trabalho dos outros artistas. Dolino, por exemplo, há décadas tenta construir sua pintura partindo de elementos recorrentes.
4. A Contempo tem um histórico de promoção de artistas emergentes e participação em eventos internacionais. Como enxergam o atual cenário da arte contemporânea no Brasil e quais são os desafios para galerias independentes?
Talvez o grande desafio das galerias que trabalham artistas jovens seja de fato conseguir afirmar novos talentos e produções em início ou em desenvolvimento. É preciso projetar os artistas, divulgar os trabalhos e apoiar aquilo que desponta como novidade. Sobretudo, é desafiador fazer com que os clientes entrem nessa aposta junto com a gente, possibilitando que trabalhos promissores consigam frutificar.
5. Quais são os próximos projetos e exposições da Galeria Contempo para 2025? Podemos esperar novas individuais ou coletivas com temáticas inovadoras?
A galeria pela primeira vez participará da SP-Arte, que acontecerá no início de abril. Temos algumas exposições individuais já agendadas, e conversas com novos artistas em andamento. A ideia é que a Contempo possa se tornar cada vez mais ativa, que seja um espaço mais eficiente na promoção da arte brasileira dos nossos dias. Mas o trabalho é árduo, há sempre muitas barreiras a serem ultrapassadas. Como novidades podemos sinalizar os artistas Júlio Primeiro e Uéslei Fagundes, que passam a compor o corpo de artistas da galeria. Júlio é um artista cearense radicado no Rio. Parte das formas orgânicas para criar elementos surpreendentes. Uéslei por sua vez é um pintor muito talentoso, tem um olhar atento para o cotidiano e vem tentando reformular incessantemente o suporte de sua pintura.
Confira algumas obras expostas
Sobre a Galeria Contempo
Atuando no mercado desde 2013, a Contempo é um desdobramento da ProArte Galeria e foi idealizada por Monica, Márcia e Marina Felmanas. A galeria foi criada com o propósito de reunir a produção artística contemporânea, representando artistas emergentes e alguns já consolidados. Natan Dias, Thiago Nevs, Mario Morales, João Di Souza, Presto, Greta Coutinho, Marina Ryfler e J. Pavel Herrera são alguns dos que têm se destacado. A Contempo também agrega em seu portfólio obras produzidas por artistas visuais com carreiras consolidadas, tais como Dolino e os pintores Sérgio Guerini, Rubens Ianelli e Aldir Mendes. Ao reunir diferentes linguagens e expressões (a pintura, o desenho, a gravura, o tridimensional, a fotografia e a arte de rua), a galeria pretende abarcar a diversidade da cena contemporânea. A galeria já promoveu mostras na Casa das Américas, em Madri, além de individuais de artistas como Antonio Bokel e Aldir Mendes de Souza. Já passaram pela galeria jovens como Fernanda Galvão, Herbert Sobral, Thiago Molon (Tarm) e David Magila.
Saiba mais sobre os artistas
Aldir Mendes de Souza
Pintor, escultor, gravador e médico, Aldir Mendes destacou-se no campo artístico ainda na década de 1960. Sua pintura avalia as relações entre cidade e campo, urbanização e desenvolvimento. Participou de cinco edições da Bienal de São Paulo e publicou livros sobre sua obra, como Geometrie Parlanti. Suas obras integram acervos de instituições como Masp e Pinacoteca.
Beto Fame
Nascido e criado na zona norte do Rio de Janeiro. Pintor, muralista e arquiteto formado pela FAU UFRJ. Sua produção e pesquisa abordam a cidade como um organismo vivo que se revela de diferentes maneiras, através de múltiplos pontos de vista e elementos.
Greta Coutinho
Pintora e ceramista, Greta tematiza a intimidade de figuras femininas em sua obra. Formada em Letras e Artes Plásticas, participou de programas de estudos e colaborações internacionais. Integra o Grupo FIGAS, combinando pesquisa acadêmica com prática artística. Reside em São Caetano do Sul-SP.
João di Souza
Pintor baiano, explora uma visão fantástica da natureza em telas vibrantes e sensuais, influenciado por sua juventude e artistas latino-americanos. Residente em São Paulo, desenvolve obras de grandes e pequenas dimensões, sistematizando a natureza como ponto de partida para criação.
Luiz Geraldo do Nascimento Dolino
Pintor carioca com formação artística no MAM-RJ, Dolino incorpora formas geométricas às suas obras. Residiu em diversos países, publicou livros sobre sua trajetória e realizou exposições importantes, incluindo uma individual no Museu de Arte Moderna do Rio. Suas memórias influenciam sua produção artística.
Márcio Swk
Grafiteiro carioca, Swk destaca-se no estilo “Wild Style”, combinando cores, letras e formas. Suas composições refletem a paisagem urbana e a luz do Rio de Janeiro. Participou de eventos como Art Rua e Bienal de Graffiti, sendo uma referência na cena de arte urbana brasileira.
Marina Ryfer
Arquiteta e artista visual, Marina explora a luz como material escultórico em instalações com objetos comuns. Atua entre arquitetura e artes visuais, lecionando na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Suas criações destacam a relação entre materiais e espaço.
Natan Dias
Artista multidisciplinar capixaba, Natan trabalha com escultura, serigrafia e arte digital, focando sua prática na memória e nas culturas afro-brasileiros. Participou de importantes exposições, incluindo o 33° Programa do CCSP, e foi indicado ao Prêmio PIPA 2024. Investiga recombinações como prática escultórica.
Pavel
Artista cubano radicado no Brasil, Pavel explora insularidade, migração e memória em sua obra. Mestre em Artes Visuais pela UNICAMP, participou da 11ª Bienal do Mercosul e de residências artísticas. Trabalha sobretudo com pintura, refletindo sobre ideologias e pertencimento no contexto global.
Renato Dib
Artista visual com trabalho amplamente perpassado pelo universo dos têxteis, explora o corpo humano e suas entranhas, assim como o gênero e suas condicionantes sociais. Desenvolve pinturas, desenhos, colagens, instalações e textos. Participou de exposições no Brasil e exterior, dentre elas a Rijswijk Textile Biennial (2017) no Rijswijk Museum, Holanda.
Rubens Vaz Ianelli
Pintor paulistano com trajetória marcada por geometria e engajamento político. Mestre em Saúde Pública, trabalhou com populações indígenas e voltou à arte em 2001. Suas exposições incluem o Museu AfroBrasil e galerias no Brasil e Portugal.
Sérgio Guerini
Pintor e aquarelista de Santo André-SP, Guerini combina fotografia e memória para construção de seus problemas pictóricos. Premiado em salões de arte, expôs no Brasil, EUA e Europa, incluindo uma individual em Portugal. Trabalha com influências de Luiz Sacilotto e técnicas tradicionais.
Thiago Nevs
Artista paulistano, Nevs aborda a memória e a cultura popular em pinturas e instalações inspiradas em técnicas tradicionais e no grafite. Premiado na Bienal Naïfs do Brasil e no Território da Arte de Araraquara, possui murais na América Latina e Europa, mesclando arte urbana com elementos cotidianos e do mundo do trabalho.
SERVIÇO
“cons.tru.ção | definição em aberto”
- Abertura: dia 15 de fevereiro, sábado, das 10h às 16h
- Visitação: até 8 de março de 2025
- Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 16h
- Organização: Marcia Felmanas e Monica Felmanas
- Local: Galeria Contempo
- Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1644, Jardim América
- Telefone: (11) 3032-5795
- Contatos Galeria Contempo: www.galeriacontempo.com.br / galeria Contempo / contato@galeriacontempo.com.br
Informações à imprensa: BriefCom Assessoria de Comunicação




















