Fim de semana chegando. O que assistir?

‘A Descoberta das Américas’, com Julio Adrião é um dos destaques do festival. — Foto: Maria Elisa Franco / Divulgação

 

É impossível não recomendar “A Descoberta das Américas” do encantador de plateia Julio Adrião.

 

SINOPSE

Acontece que um Zé-ninguém de nome Johan Padan, rústico, esperto e carismático, escapa da fogueira da inquisição embarcando, em Sevilha, numa das caravelas de Cristóvão Colombo. No Novo Mundo, nosso herói sobrevive a naufrágios, testemunha massacres, é preso, escravizado e quase devorado pelos canibais. Com o tempo, aprende a língua dos nativos, cativa-os e safa-se fazendo “milagres” com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como filho do sol e da lua, catequiza e guia os nativos numa batalha de libertação contra os espanhóis invasores.

 

E tudo isso com o requinte de uma interpretação PERFEITA!

Julio atravessa o tempo com o espetáculo, o corpo traz cicatrizes da passagem do tempo, no entanto, posso dizer precisamente que em nada o espetáculo mudou, continua sendo uma peça imperdível, uma aula de teatro para os que estão chegando.

Quando cheguei ao Ziembinsk, brinquei ao sentar em minha poltrona, olhei para uma senhoria com roupas que aqueciam visivelmente o corpo dela e disse: vou me sentar ao lado dessa senhora quentinha! E ela respondeu: vai sentar ao lado da mãe do artista. Foi uma boa experiência e uma breve troca que vou desnudar para os leitores.

Primeiro, o espetáculo está a caminho do México e outro país, portanto, vá assistir, porque acho que o espetáculo não estará no Rio tão cedo. Inclusive, o ator está estudando espanhol.

Depois, que o artista tem tratado o corpo, a fisioterapeuta dele estava na plateia, Julio esta tratando alguma contusão, coisas da vida, do tempo…

E tem outro momento que confesso ter sido de uma ternura inesquecível, foi quando ela contou que não ouvia mais o filho direito, mas não havia problema nisso, ela conhecia o texto de perto.

E para finalizar, ela me contou quando a terrível crítica Barbara Heliodora foi assistir ao espetáculo, ela sentou e começou a anotar sobre, quando acabou o espetáculo foi embora. Depois, a crítica volta para assistir ao espetáculo e diz ao entrar: eu vim para trabalhar naquele dia e dessa vez, venho assistir por mim!

Acho que isso é o suficiente para irmos assistir à “Descoberta das Américas”.

 

“O trabalho de Julio Adrião é de primeira ordem, uma obra de ourivesaria em detalhe que preserva a ilusão de improvisação, o fluxo da narrativa dando sempre a ideia de que foi falar de um detalhe que provocou a lembrança seguinte. A Descoberta das Américas pode ser, também, a de um ótimo espetáculo em um espaço ainda pouco divulgado”

HELIODORA, Barbara. Uma Pequena Obra de Ourivesaria. Rio de Janeiro, O Globo, 27 out. 2005.

 

Impossível descordar!

 

*A ourivesaria é a arte de trabalhar com metais preciosos (especificamente prata e ouro), na fabricação de joias e ornamentos.

 

SERVIÇO

Espetáculo “A Descoberta das Américas”

 

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

Facebook: @PortalAtuando

 

 

 

 

Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

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