Fecho o ano com a resistência do artista teatral

Existem artistas que são corajosos e reagem, é o caso da Maria Lucia Priolli, que há mais de trinta anos apresenta “Os Saltimbancos

Com um cenário simples e da mesma forma o figurino, continua levando crianças ao teatro. Um espetáculo simpático, um clássico infantil brasileiro, com músicas do imenso Chico Buarque. A montagem completou este mês de dezembro uma temporada de cinco meses, no teatro Brigitte Blair, que também é um sinônimo de resistência. Um espaço que sobrevive de bilheteria, portanto falamos de guerreiros das artes cênicas. Daqueles que precisamos valorizar, e por que não apoiar?

Minhas primeiras escritas para o teatro são oriundas de espetáculos pequenos, até chegar as grandes produções e até hoje gosto de me aproximar desse teatro que nasce na garra e continua guerreando para permanecer vivo.

No último final de semana de 2024, eu estava lá, com meus sobrinhos de três anos, e eu ria e cantava as músicas que tocam a alma, e como não tocariam, quando falamos do afeto, do amor e da compaixão?

“Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer”

E assim aqueci meu coração.

No entanto, tenho que mencionar um achado, foi Maria Clara Delduque, que encarna uma bela Galinha e com uma voz suave, ela conquista a plateia, adulta e infantil, o figurino está uma graça, com picotes de tecidos coloridos e uma meia calça bicolor. Uma fofura nível máximo em movimentos corporais e textos originais/diferenciados.

Agora tenho na minha prateleira duas galinhas de ponta, Dani Barros, do espetáculo “Maria do Caritó” e “Os Saltimbancos”. A atriz é delicada com doses encantadoras de comicidade. Que delícia essa nova descoberta!

O que me faz escrever sobre o espetáculo? A força que ele tem, a força dos artistas e o encantamento do clássico. Fechar o ano acreditando que é possível, entendendo que o teatro é isso, que somos todos saltimbancos, trazendo graça e sentimentos de amizade para o palco. Fiquei feliz em ver meus sobrinhos rindo, com os olhinhos brilhantes na direção daquele espaço que considero sagrado, por ser tão educador e tão apaixonante.

Sou muito feliz em ver peças como essas que exigem esforços de artistas, fé de que o público aparecerá, sem um tema pesado e tantas outras coisas que eu poderia mencionar. A montagem me levou para outro espaço, para o espaço da esperança e dos sentimentos nobres. E isso me bastou para entrar em 2025, acreditando muito nas artes cênicas do meu país…

Parabéns a Maria Lucia Priolli, por estar lá por ela mesma, por mim e por todos nós.

 

Sinopse

A peça conta a história de quatro animais: A Gata, o Cachorro, o Jumento e a Galinha, que fogem de suas casas por receberem maus tratos de seus patrões. Rumo à cidade grande, se encontram e formam um conjunto musical. Através da união seguem um caminho de liberdade, onde o amor, o respeito e a amizade são fundamentais.

Nossa montagem é consagrada por cantarmos ao vivo e levarmos toda mensagem com beleza e lindas coreografias.

Nesses 32 anos de sucesso em cartaz, realizamos algumas temporadas temáticas.

Queremos agora celebrar a vida e a natureza, ressaltando a importância de sentimentos como o amor, a união e o respeito”, afirma Maria Lucia Priolli, que interpreta a “Gata” desde a estreia da montagem, em 1992. Ao final do espetáculo “As crianças poderão subir no palco para interagir conosco em uma cena especial: uma ciranda com os bichos, cantando músicas compostas por Maria Lucia, a Plantinha e o Rock dos Legumes. Este momento sempre é muito mágico”, comenta a diretora.

 

Ficha Técnica

  • Texto: Sergio Bardotti e Luis Enriquez Bacalov
  • Versão e adaptação: Chico Buarque
  • Elenco: Amanda Bravo ou Maria Clara Delduque ou Luiza Muts (Galinha), Cristiano Sauma ou Felipe Dylon (Cachorro), Orlando Leal ou Cristiano Sauma ou Jardiel Gomes(Jumento) e Maria Lucia Priolli (Gata).
  • Luz: Helinho
  • Som: Felipe Dylon ou Cristiano Sauma
  • Figurino: Penha
  • Cenário: Cassio Priolli e Beto
  • Coreografias: Ruben Gabira e Maria Lucia Priolli
  • Direção e Produção: Maria Lucia Priolli
  • Classificação Etária (livre): Bebês à 12 anos
  • Teatro Brigite Blair
  • Todos os sábados de janeiro

 

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

 

Facebook: @PortalAtuando

 

 

 

 

Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

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