Fazer livros não é para fracos
Um livro não é só seu autor e não é só a edição. Ambos devem estar conjugados da melhor maneira para o resultado ser bom. Eu não entendo um livro só gráfico, sem conteúdo. E não entendo um livro bem escrito e mal editado. Dá dó só de olhar. Há projetos gráficos que se superam, mas percebo que dão mais importância a isso do que para o livro em si, em alguns casos. Não sabem o trabalho que deu para o texto ser terminado. Quanto durou a revisão, o que entrou em questão, até a redação final do livro. Veem só pelo lado de fora.
Uma vez, chamei a atenção do meu designer que estava junto num lançamento, para quanto o livro estava sendo elogiado por fora. Comparei à construção de uma casa, em que só elogiam o exterior. Por trás da tinta da parede, há muitos tijolos e cimento. Muitos canos e ligações elétricas. Toda uma engenharia para fazer a casa funcionar desde a sua fundação. Como filha de arquiteta, e irmã e sobrinha de engenheiros, entendo bem de construções. Mas aplico isso aos livros, como ele é tecido, urdido por dentro. Só quem o faz sabe quanto ele significa. Como ele foi feito. Como foi concebido e finalmente produzido. O livro fica lindo por fora, mas, por dentro, tem que estar igualmente belo, bem diagramado, bem escrito, bem revisado, senão todo o trabalho se perde.
Fazer um livro feio custa o mesmo para se fazer um livro bonito. Mas um livro caro não quer dizer que vá ficar lindo. A qualidade não está só no papel e na tinta (mas até esses têm que ser bons também). Está na criação desse livro como algo individual. E aí passamos à transcendência. O livro sabe o que quer. Como ser existente, também pensa e sabe e se faz entender. Quem lida com livros, descobre que eles têm sua forma de se comunicar e de dizer o que querem. Tenho um sem-número de histórias nesse sentido. Fazer livros não é para os fracos. Ou como diria o avô de um editor que conheço, fazer livros é para profissionais.












Parabéns pelo texto!
Eu sei bem de tudo isso!
Sabemos. Mas os novatos, não. Eu aprendi fazendo. E hoje acompanho os primeiros livros.
Ah, fazer livros! Afinal, é um trabalho para verdadeiros *profissionais*, não para os *fracos*, como bem diz a Motta. Quem não sabe que por trás da capa bonita (que custa tanto quanto uma feia) há uma engenharia de tijolos, canos e ligações elétricas, toda uma *processo criativo* bem diagramado? Mas eita, nem sempre a qualidade está só dentro, né? Um livro caro pode ser apenas papel e tinta (e até então nem sempre bom!), enquanto um texto simples pode te fazer mais pensativo do que um best-seller. A *resistência literária* está na essência, na forma como o livro *sabe o que quer* e te faz entender. E aí, quem lida com livros, sabe que eles têm sua própria *música*, sua própria *verso prosa*.Free Nano Banana
Isso aí. O saber fazer tem que andar junto com o bom senso. Temos que pensar que o barato também pode sair bonito. Otimizar o custo é o segredo, porque o livro sempre custará mais caro ou mais barato dependendo de quem faz. Obrigada pelo comentário.
Para quem é do Rio, o nome de Thereza é um bálsamo. Poder lê-la aqui, no Artecult, é uma outra felicidade. No mercado de design automotivo se fala o mesmo, o carro feio tem os mesmos custos do carro lindo, e um deles vem por alguma mazela do design. Livros lindos encantam com a alma sedutora da arte, e quando há arte fora e arte dentro, é puro deleite do fetichismo artístico. Essa tarde de segunda ficou mais feliz com essa declaração de amor à arte literária. Obrigado, Thereza