
Misha Vallejo Prut – Foto: Divulgação
Fotografia e jornalismo ambiental em exposição durante a COP30
A COP30 não estaria tão presente no debate público sem a força do jornalismo. Acreditando no poder das narrativas para ampliar a compreensão da crise climática e de suas soluções, o Pulitzer Center inaugurou a exposição fotográfica “Jornalismo e Narrativas do Futuro” na Casa Ninja, em Belém (PA), durante o evento.
A mostra reúne imagens produzidas em investigações ambientais e projetos realizados em regiões de floresta tropical, como América Latina e África. São registros visuais que conectam clima, território e soluções lideradas por povos tradicionais – em trabalhos
desenvolvidos com o apoio do Pulitzer Center.
Ao ocupar a COP30 com uma mostra de fotografia, o Pulitzer Center evidencia como o encontro entre jornalismo, arte e sociedade civil pode abrir caminhos para narrativas que não costumam aparecer nas negociações climáticas. Essa combinação amplia olhares, faz circular histórias que raramente chegam às mesas de decisão e ajuda a revelar dimensões da crise climática que só aparecem quando diferentes saberes e experiências se cruzam.São essas narrativas,vindas dos territórios e das pessoas que vivem a floresta, que abrem espaço para imaginar futuros mais justos e possíveis.
Integram a exposição obras de fotojornalistas como Florence Goupil, Sofía López Mañán, Giovanna Stael, Barry Christianson, Lalo de Almeida, Rogério Assis e Misha Vallejo Prut.
“O ciclo de vida de uma reportagem não termina na publicação. Exposições como esta permitem que as histórias sigam reverberando, devolvendo às comunidades o impacto que cada imagem pode gerar”, afirma Gustavo Faleiros, Diretor de Investigações Ambientais do Pulitzer Center.
A organização incentiva não apenas investigações e denúncias, mas apoia também o jornalismo de soluções, fortalecendo projetos que apresentam respostas dadas por comunidades locais para enfrentar a crise climática. O Pulitzer Center oferece bolsas para jornalistas, com editais disponíveis no site oficial. Durante a COP30, ainda promove eventos, encontros de redes colaborativas, workshops e diálogos para fortalecer o jornalismo e o engajamento em rede.
Uma das fotografias da exposição é parte da reportagem do jornalista Tayguara Ribeiro, bolsista do Pulitzer. Com fotos de Giovanna Stael, o projeto destaca a importância dos manguezais e o papel das comunidades tradicionais em sua preservação.
“Eu estava conversando com um pescador da Ilha do Marajó, que fazia pesca de curral. Perguntei sobre as aves que comem os peixes que ficam presos no labirinto. Ele disse: ‘Eles comem. Eu não pesco só para mim — os peixes também são para os animais.” Esse pensamento me ensinou mais do que muitos livros sobre meio ambiente”, relata Ribeiro.
A matéria evidencia como o conhecimento ecológico ancestral é uma forma de monitorar e proteger ecossistemas sensíveis. Já as fotos de Sofía López Mañán unem poesia e jornalismo. Na reportagem escrita pela jornalista Irupé Tentorio, o Gran Chaco – território hostil marcado por longas distâncias, caminhos de terra e pouca informação -ganha novo significado por meio da apicultura.
“A partir do trabalho com as abelhas, entendemos que era possível transformar a economia, ensinar as comunidades originárias, fortalecer as cooperativas. A florada nativa dura oito meses, e dali nasce uma resistência poética. A reportagem mostra que, mesmo em um lugar tão afetado pelo desmatamento, ainda existe cuidado, organização e futuro”, afirma a jornalista.
- Waimiri Atroari_Lalo de Almeida
- Sokriti, primeiro indígena Panará_Rogério Assis
- Resistência Poética – Sofía López Mañán
- Resistência Poética 2 – Sofía López Mañán
- Jongithuba Mathelele Mpampa – Barry Christianson
- Iskonawa woman – Florence Goupil
- Guinea Bissau
- Catador de caranguejo nos manguezais de Ajuruteua 2 – Giovanna Stael
- BK-58
Sobre o Pulitzer Center
O Pulitzer Center é uma organização jornalística independente, sem fins lucrativos, dedicada a promover reportagens inovadoras e de alto impacto sobre os grandes desafios globais. Fundado em 2006, o centro apoia jornalistas, comunicadores e educadores em mais de 80 países, fortalecendo investigações aprofundadas, a produção de narrativas transformadoras e o engajamento de públicos diversos.
Fundado nos Estados Unidos e com atuação crescente no Brasil e na América Latina, o Pulitzer Center tem presença também na África e no Sudeste Asiático. A organização acredita no jornalismo como ferramenta essencial para mobilizar a sociedade, gerar impacto público e impulsionar soluções coletivas. Seu trabalho alcança dezenas de milhões de pessoas por ano por meio de parcerias com veículos de mídia e estratégias de engajamento com comunidades, escolas, universidades e organizações da sociedade civil.

















