Após passar por cidades europeias como Copenhagen, Madri, Paris e Nova Iorque, a exposição “Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau” chega à capital paulista trazendo mais de 100 obras do artista checo pertencentes à Fundação Mucha de Praga. Além das célebres gravuras, vieram pinturas, objetos, capa de livros, caixa e fotos. Uma festa para os olhos dos que admiram o movimento artístico que imperou no final do séc. XIX.
A exposição se encontra dividida em quatro núcleos que abrangem a vida artística de Mucha. Desde o início da sua trajetória na capital francesa até o post-mortem (ele morre em 1939) quando é resgatado pelos artistas psicodélicos dos anos 60.
Nos núcleos:
- Mulheres: Ícones & Musas suas célebres gravuras retratam mulheres que, elevadas a figuras etéreas, representam o belo. E é essa beleza propagada pelo ilustrador que faz bem às pessoas, deixando-as felizes. Nesse núcleo encontramos exemplos de uso da Nouvel Art em caixas de biscoitos, charutos, perfumes, anúncios de teatro (peças da diva Sarah Bernhardt em Paris) e capas de livros. Primórdios da publicidade.
- O Estilo Mucha – Uma Linguagem Visual a ênfase é na forma que Mucha comunica a sua arte às pessoas. Suas gravuras e ilustrações, ao representarem o belo, atraem os olhares das pessoas e isso não passa despercebido pelo business da época. É assim que suas musas vão parar em embalagens de produtos e cartazes afixados na Cidade Luz. Torna-se popular a ponto dos transeuntes “sequestrarem” os pôsteres nas ruas e os emoldurarem para colocar em suas residências. A repetição de suas tradicionais linhas, curvas e elementos de adorno originam seu estilo peculiar e que marcam uma época. Nesta fase, é notória a sua incursão pelo insipiente mundo da publicidade. Sim, foi um dos pais da publicidade e da identidade visual.
- Beleza – O Poder da Inspiração, Mucha, já famoso com seu estilo próprio, se volta para a sua pátria, a então Monróvia, pertencente ao império Austro-Húngaro. E é com elementos folclóricos (guirlandas de flores, batas bordadas), populares de seus compatriotas e com o traço amadurecido que o artista constrói sua obra máxima, a “Epopeia Eslava” – 20 painéis gigantes feitos durante 20 anos (não estão na exposição, mas são reproduzidos em projeções). Nesta fase, se dá a independência do país que se torna a República da Checoslováquia (1918). Sua arte, então, é convocada para inspirar e unir os tchecos: selos e cédulas de dinheiro do novo país são por ele desenhados.
- O Legado do Estilo Mucha (último núcleo) é exibida, em forma de homenagem, a influência de Mucha à arte contemporânea. Desde a sua morte (1939) seu estilo foi sendo deixado de lado, substituído por outros movimentos artísticos. No entanto, em 1963, na Inglaterra, retrospectivas simultâneas do seu trabalho acabaram reacendendo e resgatando sua obra. Foi assim que o movimento psicodélico – final dos anos 60 – bebeu da fonte de Mucha e produziu belos cartazes, pôsteres, ilustrações, etc. Mais tarde, nos anos 80 e 90, ilustradores de HQ japoneses (mangás) e sul-coreanos (manhwas) se inspiraram nos traços legados do artista tcheco. Para alegria dos fãs de quadrinhos, lá estão vários exemplares desta influência.
Em suma, é uma rara e imperdível oportunidade que vai agradar tanto aos admiradores da arte “fru-fru” como os das HQ. Também é imprescindível aos profissionais de design, identidade visual, publicidade, ilustração, marketing que buscam conhecimento.
A exposição está muito bem montada e tem textos explicativos em inglês. Segue na FIESP até 15.12.
SERVIÇO:
- o quê ? Exposição ALPHONSE MUCHA: O LEGADO DA ART NOUVEAU
- quando ? 3ª. a sáb., das 10h às 22h. Dom., das 10h às 20h. Até 15/12
- onde ? Centro Cultural FIESP, av. Paulista, 1.313, Cerqueira César – tel.: 3549-4499 (metrô Trianon-MASP, linha 2, verde)
- quanto ? Grátis
- classificação livre, mas há fotos de nudez em um compartimento separado por cortinas transparentes negras, informando proibido para menores de 14 anos
- site: http://centroculturalfiesp.com.br/evento/exposicao-alfonse-mucha-o-legado-da-art-nouveau