Depois de oito filmes é difícil esperar algo novo dentro do universo de “Jogos Mortais”, mas em 10 de junho chega aos cinemas algo que finalmente entrega algo a mais, diferente, mesmo não tendo muita conexão direta com os jogos de John Kramer, já que “Espiral – O Legado de Jogos Mortais” pode ser classificado mais como um spin off do que uma sequência de fato. O filme se passa no mesmo universo, mas o assassino é outro e apenas imita os métodos de Jigsaw, mas agora os alvos são policiais corruptos, que usam e abusam do poder em cima de pessoas que juraram proteger.
E nesse ponto, temos uma boa renovação na franquia, trazendo um novo estilo, mais investigativo, além de ser algo bem contemporâneo com essa realidade que estamos presenciando no mundo, ou seja, onde tememos mais a força policial do que nos sentimos seguros com ela. O que talvez acabe sendo exagerado são como esses policiais são retratados, de uma forma excessivamente caricata, com expressões carrancudas e com olhar maligno nos olhos, ou sejam, personagens feitos para a gente sentir ódio por eles e não ter tanta compaixão quando são colocados em uma armadilha, que, a propósito, são bem inventivas, não só pelo conceito de criação, mas por também serem bem metafóricas com os crimes e abusos de poder em que cada vítima praticou ao usar sua farda.
O roteiro ainda persiste em forçar a crença do público ao colocar um personagem, exatamente em um lugar específico, para coincidentemente encontrar uma armadilha feita especialmente para ele, além de induzir esse personagem para estar exatamente no local preciso, sem dar muita explicação como o mesmo adquiriu informações sobre o possível paradeiro do assassino. E ainda tem a conveniência de ter uma armadilha muito bem elaborada, com um equipamento bem sofisticado em um lugar inusitado, como dentro da própria delegacia, sem ninguém ter percebido como algo dessa proporção passou despercebido pelos policiais.
Os diálogos parecem imitar o estilo de conversa dinâmica de “Pulp Fiction”, com conversas até bem argumentadas, mas que não têm o mesmo efeito. As escolhas de fazer um paralelo de uma cena do original, como por exemplo, a cena da serra, que induz o personagem a cortar um membro de seu corpo acorrentado para escapar, são muito mal aproveitadas, já que o diretor Darren Lynn Bousman (Jogos Mortais 2, 3 e 4), cria uma tensão que já traz aflição ao público pela automutilação iminente, mas finaliza o momento com uma interrupção bem diferente da que passou pela cabeça do espectador. Ou seja, cria-se uma grande expectativa, mas o roteiro e o diretor entregam ao fã da franquia um dos momentos mais decepcionantes do filme.
O personagem de Chris Rock, de vez em quando, solta um comentário cômico no meio de um momento inadequado, não é algo frequente, mas quebra a tensão estabelecida. Em geral, Rock tem até uma atuação que consegue se distanciar do humor em que estamos acostumados a vê-lo, afinal seu personagem tem um conflito bem construído, por ter feito algo ético e correto dentro da delegacia, mas que seus colegas o veem como um delator, perdendo todo o respeito, o que faz o seu jeito solitário e desconfiado ainda mais compreensível.
Samuel L. Jackson, para variar, faz novamente um personagem dentro de seu estilo “bad motherfuck” de 90% de seus filmes e não tem tanta relevância para a história, tanto que aparece bem pouco e, quando não está em cena, não faz falta nenhuma.
O restante do elenco de apoio já não tem tanta dedicação, cada um apresenta um desempenho pior que o outro, a ponto de ser horrorosos, como se soubessem que iriam morrer em algum ponto do filme, então aparentemente não ligaram muito em criar uma boa performance, e a direção pelo que parece, também não se importa muito com isso.
Em relação ao desfecho, já que é praticamente uma tradição da franquia ter um plot twist revelador, é um dos mais fracos e anticlimáticos dentro de Jogos Mortais, a motivação do assassino até não é ruim, mas o modo como tudo é revelado é desleixado pela direção e os minutos finais tem uma montagem bem bagunçada.
CONFIRA O TRAILER
Apesar de “Espiral – O Legado de Jogos Mortais” ser o filme mais renovador dentro dessa franquia saturada, não tem o mesmo nível da qualidade do original. Mesmo assim está longe ser o pior filme da franquia.
NOTA: 5,5
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