Suzy Hekamiah é escritora, roteirista e artista digital na indústria de entretenimento, nascida em Caxias do Sul -RS, tem conquistado destaque internacional por seu trabalho na literatura.
Radicada em Los Angeles, Suzy desde os cinco anos se apaixonou pela criação de histórias e a arte de mexer com o imaginário das pessoas e de si mesma. Filmes e desenhos animados eram suas principais companhias. Desde jovem descobriu o poder da Arte de causar emoções fortes às pessoas e se apaixonou por isso. E como toda criança, tinha seus amigos imaginários que se tornaram personagem de seus livros.
Por ter tido acesso a uma boa educação de Língua Portuguesa e Literatura, no ensino fundamental, seus recreios quase sempre foram na biblioteca e a facilidade com as letras começava a ser explorada por causa disso.
Aos 13 anos, a profissão “escritor” ganhou uma maior notoriedade quando sua professora de Língua Portuguesa disse que ela se tornaria uma escritora após ler uma de suas redações onde a personagem em 1ª pessoa criada por Suzy era uma soldado refugiada após uma guerra no Oriente Médio. A partir daquele dia, a jovem autora percebeu que criar personagens e colocar suas emoções na Arte, não seria apenas um passatempo, mas adotaria como profissão.
Ficou claro para Suzy que queria como missão de vida levar literatura e arte às pessoas, por causa de suas outras paixões, como: Cinema, Games e Ciências. E então, confirmou a si mesma, que não importaria a área e ainda por ser bem visual e observadora, investiria seus estudos para poder criar personagens em outros campos artísticos.
O resultado de sua escolha como profissão não podia ser diferente: Sucesso!
Começou a escrever profissionalmente aos 18 anos, quando assinou com a editora Literata a publicação de dois contos de Literatura Fantástica. Desde 2009, participou de mais de 50 livros como contista e poetista, tem dois livros individuais e uma HQ publicada no México. Foi uma das organizadoras da Semana do Livro Nacional de Caxias do Sul nos anos de 2013 e 2014. Em 2018, ganhou o Troféu Literatura Fantástica, em 2019 ganhou o Troféu Monteiro Lobato por participações em antologias e já participou de painéis e eventos de Literatura pelo Brasil
Seu trabalho mais recente como contista é a antologia Amor Fatal II, lançada em Fevereiro de 2023 pela e disponível no portal UICLAP.
Em breve , a autora estará lançando seu livro Démodée que teve um pré – lançamento online em meados de 2024, e a versão final impressa sairá em agosto deste ano pela editora ELLA.
Confira a entrevista com a escritora
Qual foi seu primeiro contato com a literatura?
Isso é interessante porque foi até antes de eu começar a ler. Foi através dos quadrinhos que meu irmão mais velho pegava na escola ou quando íamos viajar e meus pais compravam algo para lermos. Eu possuo uma coleção de mais de 700 comic books.
Qual o primeiro livro que você lembra de ter lido inteiro?
Eu acredito que foi Cemitério Maldito do Stephen King ou A Droga da Obediência do Pedro Bandeira. Mas o primeiro infantil quando aprendi a ler foi Girafafá Girafafinha.
Na sua família, seus pais ou mais alguém tinha/tem essa mesma paixão pela arte/literatura?
Minha prima Luana é ilustradora e ama arte em geral como eu. Meu pai queria ser músico, mas nunca foi profissional.
Quando criança, você passou grande parte dos seus intervalos escolares na biblioteca. Isso te trouxe ataques de outras crianças?
Sofreu bullying por isso? Nunca no Ensino Fundamental. Minha primeira escola Guerino Zugno e amigos eram maravilhosos naquela época e ainda conservo muitas amizades daquela tempo . Eu apenas era uma criança introvertida que preferia ficar parada e em silêncio do que no agido dos recreios, mas ninguém me tratava mal por isso. Mas quando mudei de escola no Segundo Grau a biblioteca se tornou um refúgio, sim. Eu tive anorexia durante esse período e buscava me isolar depois que soube das fofocas maldosas sobre a minha saúde. Mas eu não culpo ninguém mais. Éramos todos adolescentes aprendendo a lidar com nossos sentimentos e com a sociedade.
Como que a arte/literatura te ajudou com os problemas que temos durante a vida?
A Literatura ainda é minha melhor terapia.
E eu vejo o mundo de uma forma diferente; Eu vejo primeiro pelo espiritual e então, pelo material. E como um influência o outro. Escrever é o registro dessas emoções e experiências e que eu busco transformar em novos mundos. Acredito que a Arte é muitas vezes uma forma de transformar a dor em algo belo e que vai ajudar a curar outras dores.
Durante o período que tive anorexia foi quando mais me apeguei a escrever mais poemas, quase 400 manuscritos em um ano e muitas vezes eu me inspiro em situações reais para criar um personagem e colocar nele os diálogos que eu gostaria de falar.
Durante um tempo, você trabalhou com tecnologia. Esse tempo lhe fez ter certeza de que ali não era de certa forma seu lugar?
Eu sempre gostei de tecnologia dentro da Ciência Médica, Astronomia e Audiovisual. Eu sempre quis estudar TI e me via como uma pesquisadora que também era artista. Eu comecei na computação fazendo cursos profissionalizantes com 12 anos e foi onde descobri como as animações e games eram feitos. Então, eu segui os cursos e me tornei técnica em informática e trabalhei com programação de websites e entrei para a faculdade de Tecnologias Digitais na UCS. Eu mesma desenvolvi meu primeiro website. Mas eu descobri que era uma péssima programadora para outros e apenas um ambiente empresarial, sem arte, não era para mim. Eu não tinha foco para programar e no meio dos meus códigos tinha anotações das histórias que eu queria escrever… Hoje eu me vejo dentro da área de games e realidade virtual como criadora de ideias e roteirista.
Seus amigos imaginários viraram personagens dos seus livros. Conta um pouco sobre esse processo.
Bem, eu imaginava histórias em brincadeiras como qualquer criança e esse lado lúdico sempre me acompanhou. Eu brincava sozinha na maioria das vezes e isso deve ter influenciado. Então, para mim sempre foi mágico escrever cenários e situações de Fantasia que eu gostaria de viver. Hoje não vejo como um escapismo da realidade como eu via quando criança, mas sinto que o que imagino deve apenas ser escrito.
Você publicou suas obras na internet. Qual a importância dessas obras na internet dentro da sua carreira?
Amei essa pergunta! Porque condiz muito com o meu começo de carreira e ainda há uma grande importância.
No começo, quando eu estava procurando editoras para apresentar os meus originais ( e elas apresentavam um orçamento caro para isso), eu resolvi fazer um blog e comecei a escrever por lá minhas crônicas, poesias e demais ideias… Então, eu comecei a divulgar esse mesmo blog em fóruns de Literatura e em um desses fóruns que fiquei sabendo da seleção para contos em uma antologia de vampiros em 2019 e foi aí que mandei dois contos e os dois foram selecionados e não parei mais de publicar.
Há um publico grande de blogueiros literários que sempre busca divulgar contos online e portais da internet que fui colunista para textos sobre espiritualidade.
A vantagem de publicar na internet é que o contato com os novos e atuais leitores é mais direto e dinâmico e se torna mais viável construir uma rede de pensadores e leitores.
Seu início foi escrevendo poemas. Como foi esse processo para você?
Eu não lembro exatamente como foi, mas eu lembro que eu sempre tive facilidade em rimar e em escrever poemas na escola. Eu não lia muitos, mas eu conseguia fazer os meus e conseguia escrever meus sentimentos através deles no meu diário porque eu achava bonito. Comecei a escrever poemas com 10 anos e ainda tenho os primeiros guardados.
Ao longo da sua carreira, você escreveu em conjunto com outras pessoas. O processo é muito diferente de escrever sozinha?
Eu escrevi apenas um roteiro em duas mãos e foi um pouco mais trabalhoso porque a ideia original não era minha e isso dificultou a minha linha de raciocínio, mas faz parte do jogo e hoje eu consigo escrever roteiros com outras pessoas, mas eu creio que jamais escreveria um livro ou conto de Ficção com outro autor. Creio que existiria uma guerra de egos maior que a arte em si. O que eu tenho feito é escrever o meu e publicar em antologias com outros autores, o que é legal conhecer novos autores.
Atualmente a maioridade dos adolescentes e alguns adultos também, não consomem livros físicos, apenas digital. O que você acha desse processo?
Eu acho normal porque assim como os computadores substituíram as máquinas de escrever e cds os vinis, cedo ou tarde haveria alguma mudança tecnológica para com os livros e que chamaria mais a atenção da atual geração. Minha geração trocou as lojas de cd pelo celular e os livros sofrem essa mudança também. Particularmente, eu prefiro o livro físico porque gosto de colecionar e olhar para um monitor para ler por muito tempo não é confortável para mim.
Mas há o lado negativo de tudo isso; Algumas livrarias e eventos não estão sobrevivendo com a falta de público e os livros digitais custam menos. Isso é bom para o leitor, mas nem sempre para o autor.
Você escreve diversos tipos de texto, tem algum favorito?
Eu realmente amo escrever contos! Eu acho que a estrutura do texto corre na minha mente no tempo ideal e eu posso contar a história toda apenas descrevendo, sem muitos diálogos. E descrever é minha parte preferida.
Você consome conteúdo digital?
Consumo bastante, mas sou bem seleta. Eu normalmente procuro o conteúdo do que deixo as redes sociais me indicarem algo e muitos livros e revistas digitais eu acompanho porque adoro o trabalho.
Quais são suas referências na literatura?
Eu admiro as carreiras do Maurício de Souza, Shakespeare, Mario Quintana, Stephen King e do meu amigo e escritor francês Sire Cedric. Mas em termos gerais eu leio muito Platão, Sócrates e outros gregos como inspiração. Eu leio mais livros didáticos e científicos do que da minha área de Ficção.
Você tem projetos em desenvolvimento? Livros, poemas…
Atualmente estou montando minhas primeiras coletâneas de contos por temas. Eu estou reunindo os que eu já lancei em antologias e escrevendo novos. Serão coletâneas de Literatura Fantástica, mas também de poemas e crônicas.
Em paralelo estou trabalhando em dois livros infantis para este ano, no lançamento do meu livro Démodée e participando de mais seleções de antologias ( já são mais de 50 participações) e não pretendo parar se eu acho o trabalho da editora legal, porque isso é um bom modo de estar em constante contato com novos leitores.
Fora isso, eu estou buscando entrar no mercado de games com algumas parcerias sobre algumas histórias minhas.
Quais são seus planos para o futuro? Tem algo dentro do seu trabalho, que nunca tenho feito e ainda quer fazer?
Eu quero muito escrever para filmes, séries, games e Realidade Virtual. Meu foco agora é caminhar para o audiovisual e provavelmente escrever para games será meu foco neste ano.