Com a temática inusitada de terror psicológico, Barreto reuniu uma equipe enxuta e conseguiu gravar o roteiro que nasceu em plena pandemia
Depois de escrever, atuar e produzir o longa “Invisible” com coprodução nos EUA, dirigido por Heitor Dhalia e que ainda será lançado internacionalmente, o premiado ator e cineasta Bernardo Barreto é uma referência altamente inspiradora do cinema em tempos de covid.
Isso porque, no embalo da “egrégora” da tensão da atmosfera atual, Bernardo redigiu em 2 meses o roteiro visceral do longa de terror “Epitaph”. Uniu-se ao diretor Jorge Farjalla, um dos grandes nomes no cenário teatral brasileiro que prima por uma linguagem única e pela desconstrução na direção, para dirigirem o filme em inglês.
Gravado cerca de 30 dias em Bichinho (MG), uma pequena cidade de Minas Gerais, Barreto aproveitou o desafio da restrição de uma ampla equipe para formar o enxuto elenco, com um dos personagens interpretado por ele próprio; pela atriz franco americana Alli Willow, que mora no Brasil há 7 anos e fez sua estreia no cinema brasileiro com “Bacurau”; e pela atriz brasileira Juliana Schalch que foi protagonista da série “O Negócio” da HBO, além de filmes como “Tropa de Elite 2”, “Os Penetras” e “Macabro”.
Na trama, Alli interpreta a romântica e perfeccionista Claire, uma recém casada que aluga uma casa na floresta para passar a lua-de-mel. Sem conhecer o passado do marido Alex, um escritor latino alcóolatra interpretado por Bernardo, escolhe a mesma casa em que há dez anos sua antiga namorada morreu, a Hazel, interpretada por Schalch.
Tudo parecia bem, menos para o espírito de Hazel que decide lembrar Alex o significado de “Juntos Para Sempre”. Hazel era uma jovem apaixonada que compartilhava com Alex uma vida de sexo, drogas e rock ’n roll. Manipuladora, intensa e totalmente obcecada pelo seu grande amor, morre aos 25 anos após uma overdose, mas, mesmo morta, não se desapega de Alex e não mede esforços para se encontrar com seu amado, seja neste plano astral ou em outro.
“O roteiro aconteceu de forma visceral e fluída, mas reunir um pequeno grande time, dirigir e atuar nesse filme de um gênero que é inédito pra mim, foi um desafio seguido do outro. Em plena pandemia, as restrições para o audiovisual e o clima da pandemia contribuiu para a atmosfera tensa do filme. Com uma semana de gravação, mesmo seguindo todo o protocolo, uma pessoa da equipe foi infectada com covid causando uma quarentena imediata, levando todos de volta pra casa, com mais de 50% da equipe detectada. Fizemos uma quarentena de 20 dias em casa, mais 1 semana em locação para voltar a filmar com quase toda equipe imunizada. Conseguimos concluir essa etapa que agora segue em pós-produção”, divide Bernardo Barreto.
Bernardo Barreto
Com mais de 20 filmes (entre curtas e longas) e participação em novelas e séries da Rede Globo, Bernardo Barreto também conquista espaço como cineasta através da Berny Filmes, sua própria produtora de cinema que opera tanto em Nova York, como no Brasil, onde o artista vive atualmente.
A produtora assina curtas-metragens, como a coprodução do documentário “Cidade de Deus” – 10 anos depois, lançado mundialmente no Netflix, e a produção da série dramática “Meus Dias de Rock”, disponível no Globoplay, que além de produzida, também foi escrita e protagonizada pelo cineasta.
Em 2019, estreou o filme ”The Seeker” (O Buscador), no Tallin Black Nights Film Festival, um dos 12 maiores festivais do mundo, levando pra casa o prêmio do Júri de melhor filme. Em 2020, o filme em que também dirigiu rendeu prêmio de melhor ator e atriz coadjuvante com Erom Cordeiro e Débora Duboc no Festival CinePE.
A produção anterior ao “Epitaph”, é o longa-metragem de ficção “Invisible”, filmado em Nova Iorque e dirigido pelo renomado Heitor Dália, com previsão de lançamento mundial entre 2021.