#EmCasaComSesc apresenta o monólogo que terá única apresentação, online, diretamente da casa de Hilton Cobra, no Rio de Janeiro, dia 12 de julho, às 21h30 no Instagram e YouTube do SescSP
Celebrando três anos em cartaz, sendo assistido por mais de 20 mil pessoas em diferentes cidades do Brasil, o monólogo Traga-me a Cabeça de Lima Barreto! terá inédita apresentação – online e ao vivo – no próximo dia 12 de julho (domingo) às 21h30, no perfil @SescAoVivo no Instagram e na página do SescSP no YouTube, dentro do projeto #EmCasaComSesc. Trata-se de uma iniciativa do Sesc São Paulo que reúne uma série de apresentações com reconhecidos artistas brasileiros que sempre apresentam seus trabalhos nas unidades da instituição e, agora, em tempos de isolamento social por conta da crise causada pelo novo coronavírus, têm a experiência de levar seus repertórios a um número ainda maior de pessoas.
A apresentação se dará no endereço do ator Hilton Cobra, no bairro de Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro, bairro onde se concentra grande população de profissionais da cultura e da arte, cercado por comunidades de favela, o que o faz um bairro majoritariamente negro.
Escrita pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, especialmente para comemorar os 40 anos de carreira do ator Hilton Cobra, com direção de Onissajé (Fernanda Júlia), a peça mostra uma imaginária sessão de autópsia na cabeça de Lima Barreto, conduzida por médicos eugenistas, defensores da higienização racial no Brasil, na década de 1930. O propósito seria esclarecer “como um cérebro considerado inferior poderia ter produzido uma obra literária de porte se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças tidas como superiores?”.
A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.
A narrativa ganha força com trechos dos filmes “Homo Sapiens 1900” e “Arquitetura da Destruição” – ambos cedidos gentilmente pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. O cenário, de Marcio Meirelles – um manifesto de palavras – contribui para a força cênica juntamente com o figurino de Biza Vianna, a luz de Jorginho de Carvalho, a direção de movimento de Zebrinha, a música de Jarbas Bittencourt e a direção de vídeos de David Aynan. Os atores Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Déda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade – todos amigos e admiradores do trabalho de Cobra, emprestam suas vozes para a leitura em off de textos de apoio à cena.
“Não consigo respirar”
Hilton Cobra, que criou a Cia dos Comuns em 2001, com o propósito de trazer à cena uma cosmovisão artisticamente negra especialmente no âmbito das artes cênicas, fala da motivação para encenar Traga-me a cabeça de Lima Barreto!: “É importante e providencial discutir eugenia e racismo a partir de Lima Barreto nesses tempos de pandemia, onde a população negra é a mais atingida e de amplo debate sobre racismo, principalmente depois do ocorrido com o George Floyd, negro americano que foi assassinado em Minneapolis, no dia 25 de maio de 2020 (dia em que se celebra o dia de África), estrangulado por um policial branco que ajoelhou-se em seu pescoço durante uma abordagem por supostamente usar uma nota falsificada de vinte dólares. Também é um reconhecimento à Lima – um autor tão pisoteado, tão injustiçado, que pensou tão bem esse Brasil, abriu na literatura brasileira ‘a sua pátria estética’, os pisoteados, loucos, os privados de liberdade – esses são os personagens de Lima Barreto. Acredito que ele deve ter sido, se não o primeiro, um dos primeiros autores brasileiros que colocaram esse ‘submundo’ em qualidade e com importância dentro de uma obra literária”. É bom ressaltar que como George Floyd, Lima Barreto nunca consegui respirar livremente, mas ainda assim produziu uma das obras mais geniais e consistentes do Brasil pós-império.
Ficha Técnica:
Hilton Cobra – Ator | Luiz Marfuz – Dramaturgia | Onissajé (Fernanda Júlia) – Direção | Cenário: Vila de Taipa (Laboratório de Investigação de Espaços do Teatro Vila Velha), Erick Saboya, Igor Liberato e Márcio Meireles | Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho e Valmyr Ferreira | Figurino: Biza Vianna | Direção de Movimentos: Zebrinha | Direção Musical: Jarbas Bittencourt |Direção de vídeo: David Aynan | Design gráfico: Bob Siqueira e Gá, Produção executiva: Elaine Bortolanza e Júlio Coelho | Fotos: Adeloya Magnoni e Valmyr Ferreira | Op. câmera: Lílis Soares | Op. áudio e vídeo: Duda Fonseca | Operador de luz: Lucas Barbalho.
Participações especiais (voz em off): Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade