
“Estamos propondo uma ocupação menos predatória e menos violenta do mundo. É inadmissível que ainda hoje o masculino represente uma ameaça à vida de uma mulher, então desfilamos tais assuntos para fazer refletir, mas utilizando graça, beleza e humor nas palavras. Já estamos vivendo num mundo muito árido, que está carecendo de mais doçura. Na peça, a personagem ancestral, ao lado de seu jovem aprendiz, se embrenha numa saga de cenas que discorrem sobre o perigo do destino humano quando longe dos fundamentos matriarcais. Neste momento em que estamos, onde as pessoas não sabem como lidar com as crianças e os adolescentes, e muitos jovens estão órfãos de natureza e contatos presenciais, apresentamos um mosaico de ideias para a construção de uma cultura de paz”, adianta Elisa Lucinda.
Com dramaturgia versada, somos todos levados a uma beleza demasiada.
Impossível não gostar de uma mãe que não exagera ao educar.
Bater em mulher? Nem pensar. Assim fala a atriz no palco a representar.
Na plateia estão seus filhos, todos nós, sentados a vislumbrar, mas com os ouvidos abertos para da mãe escutar.
Tudo é para todos: somos a sociedade que ela deseja transformar. Então, por que não analisar?
No texto, ela defende a cultura. Foi bem maior do que eu imaginava, mesmo contando com média estrutura.
Ela representa o berço da humanidade e nós somos acolhidos em unanimidade.
O machismo também foi criticado; uma mãe não brinca em querer ver seus filhos bem educados.
E assim segue o texto em seu curso, como um delicioso rio seguindo seu percurso.
Longe de ser piegas ou autoritário — muito pelo contrário —, com mais um pouco a peça pode se transformar em um belo rosário.
Não peca a direção musical, que nos apresenta o som da mãe África, de beleza sem igual.
Não é frágil a musicalidade: cheia de vitalidade, parecia carregada de espiritualidade.
Por que duvidar, se o teatro também é lugar para com o sagrado se conectar?
Raízes bordadas no figurino representam a nossa árvore genealógica — e nisso há lógica, basta pesquisar qualquer literatura ideológica.
Na atriz, adereços na cabeça a levam a ser uma rainha. Mas assim são as mães; pelo menos foi a minha.
Tudo muito bem-criado, posso dizer: uma equipe criativa laureada.
No cenário, um trono para a atriz, mãe de todos, se sentar e, com a beleza de suas expressões faciais, nos fascinar.
Tecidos — ou posso chamar de filós — pendurados em uma vara cênica, que, ao encontro da luz, nos oferecem uma bela cena, plena de plasticidade e de mais rica sagacidade.
Teatro lotado — também não poderia ser diferente. A atriz atua fervorosamente.
Ao lado da atriz, um menino de catorze anos dá tudo de si. Ele não decepciona; ao contrário, ele funciona.
Tenta enganar, dizendo ser o primeiro ator de teatro, Téspis, o grego. Mesmo errando, na atriz encontra o aconchego através da verdade e seriedade.
Afinal, é o primeiro trabalho profissional. Que sorte a dele fazer parte de uma peça com uma atriz tão especial.
Enfim, a peça é doce — tão doce quanto algodão-doce.
Suave como o pouso de uma bela ave.
Sutil como uma tarde primaveril. Mesmo diante de uma humanidade esquecida dos bons princípios, saímos prontos para um recomeço — claro, todos, menos os ímpios.
O nome da peça é “O Princípio do Mundo“, mas poderia ser “Ato Fecundo”, afinal precisamos mudar um pouco o ser moribundo.
Não há outra maneira de criticar este espetáculo tão singular.
FICHA TÉCNICA
“O Princípio do Mundo”
Um espetáculo da ‘Companhia da Outra’
- Texto e Dramaturgia: Elisa Lucinda e Geovana Pires
- Elenco: Elisa Lucinda e Gabriel Demarchi
- Direção: Geovana Pires
- Assistente de direção: Nando Rodrigues
- Direção de produção: Rafael Lydio (Paragogí Cultural)
- Direção de movimento: Elton Sacramento
- Cenário e Figurino: Arieli Marcondes
- Direção musical: Glaucus Linx
- Desenho de luz: Djalma Amaral
- Preparação musical: Beà Ayòóla
- Preparação vocal: Pedro Lima
- Assistente de figurino: Luan Mateus
- Assistente de arte/figurino: Jessica Araújo
- Coordenação de comunicação: Daniel Barboza (Incerta)
- Projeto gráfico: Allan Brandão
- Fotografia: Vantoen Pereira Jr.
- Assistentes de fotografia: Iury Senck e Xayoncé Queen
- Cinematografia: Chamon Audiovisual
- Mídias sociais: Fabiana Bugard
- Assistência de mídias sociais e produção de conteúdo: Diogo Nunes
- Auxiliar de comunicação: Nathan Ferraz
- Assessoria de imprensa: Marrom Glacê Comunicação
- Produção executiva: Christina Carvalho
- Assistente de produção: Eduardo Brandão
- Coordenadora institucional: Taís Espírito Santo
- Gestão financeira e Prestação de contas: Carol Villas Boas (Clareira)
- Idealização: Instituto Casa Poema
- Realização: Companhia da Outra
- Produção: Paragogí Cultural
- Apoio: Teatro Correios Léa Garcia e Centro Cultural Correios
- Patrocínio: Prefeitura do Rio – Secretaria Municipal de Cultura
SERVIÇO
O Princípio do Mundo
Temporada: 04 a 27 de setembro de 2025
Horário: Quinta-feira a sábado às 19h
Ingressos: R$ 20 (meia-entrada) / R$ 40 (inteira)
Link de Vendas: https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/47565
Local: Teatro Correios Léa Garcia
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Instagram: @oprincipiodomundo

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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