Claustrofobia, a obra divina que Márcio Vito nos apresentou, apresentou por não estar mais em cena, mas obviamente voltará.
Um ascensorista, uma executiva ambiciosa e um porteiro que sonha em ser policial. Pressionados pelo sistema, os três personagens se cruzam num prédio empresarial no centro de uma metrópole brasileira. Completando 35 anos de carreira, o ator Márcio Vito interpreta este trio no solo “Claustrofobia”, estabelecendo um jogo cênico dinâmico que transita entre a estranheza e o humor. Idealizado e escrito por Rogério Corrêa, com direção de Cesar Augusto, o espetáculo esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, para nossa sorte.
Com a plateia cheia e burburinho de peça boa no ar, a temporada foi um sucesso, não poderia ser diferente. A ficha técnica é primorosa, artistas do teatro, aqueles admirados e respeitados por toda classe do teatro. São profissionais que estão na estrada faz tempo e a cada dia são mais potentes, quando pensamos ver algo espetacular, ao apresentar outro espetáculo, mais uma vez nos surpreendemos, são catalisadores de criatividade, são genuinamente teatrólogos.
O texto ou papiro do dramaturgo Rogério Corrêa é um bálsamo, são mais de dez anos estudando a obra, refazendo, recriando, uma obra inteligente e atual, viva e política, uma estrutura incorrigível, potente e tudo mais que se pode falar.
A maturidade disse ou parecia apenas dizer: não quero ter vida de qualquer forma, eu escolho Marcio Vito para o palco.
O texto falou para a ação: eu só saio do papel se Marcio Vito o fizer.
A fala do texto que traz tantas significâncias, de olhares para o proletariado, por que somos muitas vezes tão insensíveis? Atravessamos o tempo e espaço sem olharmos para aqueles que coabitam alguns segundos ao nosso lado. Válido levantar a nossa humanidade.
Marcio Vito, se eu falar, escrever e procurar um dicionário para palavras mais rebuscadas, nada disso será suficiente para falar de um artista que voa mais alto do que qualquer pássaro. São expressões faciais e corporais de excelência.
O artista não peca, não atropelou seu texto e é possível ver todos os personagens naquele homem. Até seus fios de cabelos se entregam aos personagens.
A iluminação é rica, bem ousada da Adriana Ortiz e trazem ao espetáculo um certo mistério. E a trilha sonora? Criações potentes e inesquecíveis do André Poyart.
O figurino e cenário do Cesar Augusto e Beli Araújo são gloriosos. Um macacão com uma combinação de espartilho, afinal temos aí uma mulher, uma executiva, César, um veneno que enlouquece, como um perfume, que tem extrema sedução.
Ele também é o diretor, como disse, são artistas de grandeza da minha geração e apenas me coloco em posição de reverência, não me cabe outro comportamento. Vida longa a eles.
Claustrofobia
Ficha técnica
Texto: Rogério Corrêa
Direção: Cesar Augusto
Ator: Márcio Vito
Cenário e figurino: Cesar Augusto e Beli Araujo
Iluminação: Adriana Ortiz
Trilha sonora original: André Poyart
Assistente de direção: João Gofman
Direção de movimento: Andrea Maciel
Assistente de iluminação: Jandir Ferrari
Fotografia: Nil Canin
Produção: Malu Costa
Assistente de produção: Rômulo Chindelar
Realização: Treco Produções
Tenho andado bem ocupada com minhas produções, por isso meus textos não estão chegando, mas aproveito esse momento para pedir aos meus leitores ajudem aos brasileiros que enfrentam grandes dificuldades no Rio Grande do Sul. Somos do teatro e entendemos que a arte cênica é a síntese de nós humanos e não estamos de fora dessa corrente de ajuda, de reconstrução.
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta SOS Rio Grande do Sul. Foi restabelecida a chave Pix (CNPJ: 92.958.800/0001-38), a mesma utilizada no ano passado, vinculada à conta bancária aberta pelo Banrisul. As contribuições em dinheiro podem ser feitas por pessoas físicas e jurídicas que tenham condições de ajudar as vítimas das enchentes.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.
- CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Chave Pix: de54af32-c5c3-48fe-b2ae-378b2559648e
- SOS Rio Grande do Sul | Banrisul