Aberta ao público, a mesa-redonda “Olhares sobre Pierre Seel” marca o simbólico aniversário do relato da única vítima francesa a contar sua experiência de deportação por homossexualidade durante a II Guerra Mundial. Dia 15, na Travessa do Shopping Leblon.
Há dez anos, a Cassará Editora publicava: “Eu, Pierre Seel, Deportado Homossexual”, o essencial e surpreendente livro, que se tornou um clássico mundial da literatura de testemunho ao trazer a história da única vítima francesa a relatar abertamente a sua experiência de deportação por homossexualidade durante a II Guerra Mundial. Para celebrar o aniversário simbólico, será realizada a mesa-redonda “Olhares sobre Pierre Seel”, aberta ao público, dia 15 de agosto, segunda-feira, às 18h30 no auditório da Livraria da Travessa do Shopping Leblon.
Convite debate Pierre SEEL. Divulgação.
O livro, traduzido por Tiago Elídio, começa relatando como era viver no seio de uma tradicional e conservadora família da burguesia de Mulhouse com um “comportamento” que não se encaixava no ordenamento vigente. Fala sobre a prisão, aos 17 anos, e a deportação para o campo de Schirmeck; a inesperada libertação e a imposição de servir no exército de seus próprios algozes alemães, pelo fato de ser alsaciano. Ao revelar sua jornada, Pierre Seel expõe como foram sistematizadas as formas de violação à vida destinadas às minorias sexuais nesse contexto histórico.
A obra também retrata o retorno da guerra: quando ser homossexual seguiu sendo crime na França – o que só foi revogado em 1981. Os homossexuais que regressavam viam-se impossibilitados de contar a sua história por receio de maior estigmatização e de denúncias. Assim, o corajoso relato contido em “Eu, Pierre Seel, Deportado Homossexual”, se insere no que o escritor italiano Italo Calvino afirmou sobre os clássicos: “é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer”.
“Essa obra é importante, uma vez que mostra que o presente é um espelho do passado. A perseguição aos homossexuais continua. Os horrores da II Guerra Mundial deveriam ser uma distante memória. No entanto, ecoam até hoje na violência praticada contra os homossexuais. Ainda há um longo caminho a ser percorrido. Precisamos educar e refletir sobre a história para que sociedade evolua, se liberte de amarras preconceituosas, para que todos passem a viver de uma forma realmente civilizada”, afirma o historiador Victor Villon, mediador da mesa-redonda, que contará com a participação do escritor Felipe Cabral, da historiadora Flávia Schlee Eyler e do antropólogo Jacques D’Adesky.
SERVIÇO
Mesa-redonda “Olhares sobre Pierre Seel”
- Data: 15 de agosto, segunda-feira
- Horário: 18h30
- Local: auditório da Livraria da Travessa do Shopping Leblon
