De volta para casa: Chiara Santoro retorna à sua cidade natal para recital solo no Theatro Municipal de Niterói

Chiara. Foto: Junior Zagotto

Após conquistar palcos no Brasil e na Europa com repertório de câmara exclusivamente brasileiro a cantora se apresenta no projeto Quarta Clássica

“Estar de volta a este palco onde tudo começou, depois de tantos anos, com um recital solo e repertório tão importante para mim, é muito especial, é um presente”, afirma Chiara.

Após se apresentar em importantes palcos do Brasil e festivais na Europa, a soprano lírico-coloratura Chiara Santoro retorna à sua cidade natal para o recital Canto Brasileiro, no dia 4 de junho, às 19h, no Theatro Municipal de Niterói, dentro do projeto Quarta Clássica. Com duração de 60 minutos e acompanhada do pianista Silas Barbosa, a cantora convida o público para uma imersão na música de câmara brasileira, com canções de compositores como Carlos Gomes, Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Claudio Santoro, Dinorah de Carvalho, Esther Scliar e outras figuras marcantes — muitas delas mulheres ainda pouco conhecidas do grande público.

Chiara. Foto: Ana Clara Miranda

Com carreira consolidada e passagens por Roma, Milão, Alemanha e diversas capitais brasileiras, Chiara interpretou recentemente a personagem Susanna na ópera As Bodas de Fígaro, no tradicional Festival Amazonas de Ópera, realizado em Manaus há 26 anos. A soprano é reconhecida por sua excelência no repertório mozartiano, tendo vivido personagens como Despina, Zerlina, Aminta e Pamina.

Agora, ela se apresenta em sua terra natal em um reencontro afetivo com o teatro onde iniciou sua trajetória musical ainda criança, no coral da professora Agnes Moço.

“Estar de volta a esse palco onde tudo começou, depois de tantos anos, com um recital solo e repertório tão importante para mim, é muito especial, é um presente”, declara Chiara

Chiara. Foto: Ana Clara Miranda

Idealizado pela cantora, o concerto de voz e piano conecta o público à tradição da música clássica, ao mesmo tempo em que explora a performance e a palavra.

“Algumas canções ficam no limiar do canto erudito com o popular, e acho que isso funciona muito bem para aproximar um novo público da chamada música clássica. Venho fazendo recitais como o Canto Brasileiro há bastante tempo e sempre busco renovar o olhar sobre o repertório, trazendo novas músicas”, explica.

Chiara também destaca a presença feminina na programação:

“É uma forma de reparação histórica, já que as mulheres sempre estiveram relegadas à margem da música de concerto. A produção musical feminina, por muitas décadas, foi invisibilizada por toda uma questão estrutural da nossa sociedade. Todas as canções são muito especiais e escolhidas a dedo.”

Para a cantora, o repertório revela a formação múltipla da identidade brasileira.

“A música de câmara brasileira absorveu, primeiro, a técnica italiana e, mais tarde, influências populares, chegando a flertar até com a bossa nova. Cada canção é um universo que bebe das muitas raízes que formam nossa sociedade. São melodias que contam histórias dos nossos antepassados e dialogam com o futuro”, afirma.

Com formação também em teatro, Chiara transita entre a ópera e o teatro musical.

“Gosto muito da junção do teatro com a música. Mas a música de câmara tem um lugar especial no meu coração. Sem muitos aparatos cênicos ou visuais, também conseguimos comunicar e emocionar.”

O pianista Silas Barbosa, parceiro no recital, é um dos nomes mais destacados de sua geração. Com 18 prêmios em concursos, atua como solista e camerista no Brasil e no exterior. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado em musicologia na UFRJ, com foco na expressividade emocional da canção brasileira.

O espetáculo tem classificação livre e os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pela plataforma online.