OS CARAS MALVADOS: Um filme escrito e dirigido por Quentin Tarantino… só que não! Mas parece!

 

Coleção de livros “The Bad Guys” de Aaron Blabey.

A melhor forma de descrever “Os Caras Malvados” é dizer que parece se tratar de um filme de Quentin Tarantino feito para família, pelo fato da adaptação da série de livros homônima escrita por Aaron Blabey ter diversas referências às obras do famoso cineasta para compor o estilo do filme.

Logo no início, o diretor Pierre Perifel já desperta a atenção do público mais velho ao reproduzir uma introdução que claramente faz referência à “Pulp Fiction – Tempo de Violência” de Tarantino, com dois personagens conversando algo fútil somente para passar o tempo, mas muito do diálogo apresentado nessa cena revela traços das personalidades de cada um deles, além de estabelecer assuntos que acabam tendo mais de importância em algum outro ponto da história.

Seguindo com as referências, como o filme se trata de um grupo de criminosos que planejam roubos muito bem orquestrados, a trama se utiliza bastante como inspiração filmes como “Missão Impossível” e, principalmente, “11 Homens e 1 Segredo” para compor as cenas de assalto, porém como se trata de uma animação voltada para toda a família, possui certo exagero no humor pastelão, que se encaixa bem com a história e até mesmo com a forma nada sutil de agir de alguns personagens.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

Saindo das referências e passando para a parte técnica, a animação é uma das mais diferentes que os estúdios da DreamWorks já fez,  destacando-se de projetos passados, ao misturar 3D e 2D, que é bastante usado no sombreamento da estética, além da movimentação dos personagens um pouco mais dura, como se tivéssemos poucos frames por segundo para compor a movimentação, o que lembra bastante o estilo de animes e dando a “Os Caras Malvados”, uma estética diferenciada e memorável entre os filmes da DreamWorks e até de outras animações de outros estúdios. Isso provavelmente atrairá mais a atenção dos mais velhos do que das crianças.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

Provavelmente um dos grandes diferenciais da animação é que, diferente de estúdios como a Disney, a Pixar ou a Illumination, que fazem um filme família, pensando inicialmente no público infantil, “Os Caras Malvados” é um filme família, pensando inicialmente no público adulto, mas que ainda seja adequado para que os pais se sintam seguros para levar os filhos ao cinema, contudo, quando o filme tenta ser infantil demais, esses são justamente os momentos menos inspiradores, apelando até mesmo para piadas de bunda e de pum, que aparentemente virou algo obrigatório em ter em uma animações hoje em dia.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

A história, mesmo não sendo nada original, tem identidade própria por conta do carisma do quinteto e faz com que o espectador escolha um favorito, já que cada um tem sua própria personalidade distinta e está no grupo por algum motivo relacionado às suas habilidades únicas entre os membros dessa gangue de ladrões.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

Algo interessante a ser destacado é a questão da escolha de cada animal para compor “Os Caras Malvados”, já que cada um dos cinco escolhidos (um lobo, uma cobra, um tubarão, uma piranha e uma aranha), representam um animal traiçoeiro ou perigoso do qual as pessoas tem medo e o mesmo é usado no roteiro desse filme, o que nos faz entender o porquê “Os Caras Malvados” são de fato malvados. Isso é algo que é bem ressaltado em uma das falas do sr. Cobra durante o final do segundo ato, quando, a respeito do porquê ele não comemora seu aniversário, há um diálogo simples, porém com um peso poderoso baseado em fatos.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

Mesmo “Os Caras Malvados” já sejam praticamente vilões pelos olhos da sociedade em que vivem, existe um antagonista que atrapalha a trajetória dos protagonistas em ter uma segunda chance. Mas, além de ser algo previsível e um tanto óbvio, o personagem é fraco, caricato e não consegue passar a imagem vilanesca. Assim, os protagonistas conseguem ser mais vilões do que o próprio vilão do filme, mesmo sendo mais engraçados do que malvados.

Cena de “Os Caras Malvados”. foto: Dreamworks/Divulgação.

Sobre a dublagem brasileira, temos um elenco rico que se entrega totalmente aos personagens, com destaque a Babu Santana que dubla o sr. Tubarão. Sua voz é quase irreconhecível, porém o ator se encaixa perfeitamente ao personagem, pelo timing cômico. Os outros artistas profissionais também entregam excelentes performances vocais, principalmente o ator Sergio Guizé, que dubla o sr. Cobra. De início foi uma escolha bem inusitada, já que o ator tem uma voz serena e reconfortante de tão calma quando fala, algo que não combina com um animal reconhecidamente traiçoeiro, mas ele surpreende ao entregar um ótimo trabalho de voz que encaixou perfeitamente ao personagem. Até mesmo a voz da gamer e influenciadora Nyvi Estephan, que nunca tinha feito um trabalho de dublagem profissional antes, combinou com a personagem que ela dubla, já que,  assim como ela, a srta. Tarântula é expert em informática e tecnologia, provavelmente traços de sua personalidade que a trouxe para esse papel. E foi uma escolha certeira.

Confira o Trailer:

O ritmo acaba se perdendo um pouco antes do final, por conta do desfecho apressado. Há boas reviravoltas, mas impacta na qualidade do resto filme e ao ritmo que tinha sido impresso. Mas ainda assim, “Os Caras Malvados” tem bastante potencial para se tornar a próxima grande franquia da DreamWorks, ao lado de Shrek e Como Treinar o seu Dragão, por conta da série de livros que o filme tem como base e por ser uma animação para adultos, mas recomendada para crianças.

NOTA: 7,5

BRUNO MARTUCI


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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