Desde “Moana”, a Disney tem procurado diversificar mais suas histórias, explorando o passado de outros povos e religiões do mundo, saindo um pouco do padrão de personagens caucasianos como protagonistas. “ENCANTO” é mais um acerto dessa estratégia, situando a trama numa Colômbia do período de sua independência e contando a história da família Madrigal, sobre o ponto de vista de Mirabel, neta da matriarca da família. Sua avó, após escapar dos perigos de seu antigo povoado, recebe uma vela mágica, que cria seu novo lar: uma casa viva, que abençoa cada membro da família com um dom mágico. Mirabel é a única que não recebe algum dom, mas, quando a magia que sustenta a casa começa a desaparecer, vê-se obrigada a descobrir como salvar a casa e impedir que a magia que sustenta todos os dons concedidos para os membros termine.
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Cena de “Encanto”. Foto: Divulgação / Disney Studios
Como de costume em uma produção da Disney que se preze, a história traz uma lição de moral e, no caso de “Encanto”, mostra a importância de sermos nós mesmos, ao invés de criarmos uma imagem agradável apenas às pessoas ao nosso redor, algo bem explorado nas duas canções das irmãs de Mirabel, Isabela e Luiza.
E já que estamos falando das canções, elas foram criadas pelo compositor da Broadway Lin-Manuel Miranda e possuem um ritmo excelente e contagiante, o que faz que queiramos escutar de novo e de novo cada uma delas. Na verdade, todos os números musicais têm incríveis coreografias, num nível teatral, que fazem algumas cenas parecerem, até, um musical da Broadway.
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Cena de “Encanto”. Foto: Divulgação / Disney Studios
Os cenários da animação são maravilhosos, desenvolvendo ambientes extensos nos quartos da casa dos Madrigal, que remetem ao dom que cada membro recebeu. O visual realmente encanta pela qualidade desses ambientes e seu nível de detalhes.
Existe uma cena forte e impactante, com violência bruta e mortal que não se vê desde “O Rei Leão”. Isso sempre choca, tratando-se de um filme da Disney.
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Cena de “Encanto”. Foto: Divulgação / Disney Studios
“Encanto” nos surpreende por algumas quebras de elementos conhecidos do estilo do Estúdio, como, por exemplo, a ausência de um companheiro animal que acompanhe a protagonista por toda a sua jornada. Isso talvez agregasse ainda mais valor ao filme, pois o roteiro caminha para uma resolução diferente de outros filmes do Estúdio (pelo menos até os minutos finais), mas acaba não inovando e finalizando-se a história do jeito padrão Disney.
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Cena de “Encanto”. Foto: Divulgação / Disney Studios
O arco de Mirabel tem bom desdobramento ao mostrar como ela é grata por fazer parte da família Madrigal, mesmo não sendo abençoada com algum dom. Isso é o que também a faz sentir-se excluída, principalmente pela rigidez de sua avó com ela. Seu conflito pode, até, comparar-se ao de seu tio Bruno, que recebeu um dom visto pelos demais como algo ruim, atraindo desespero e más interpretações. Como esses dois arcos possuem bastante coisa em comum, acabam se completando no momento da criação da solução para salvar a casa.
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Cena de “Encanto”. Foto: Divulgação / Disney Studios
Fiel à fórmula da Disney, o roteiro (que cria uma história fluída e orgânica) e a montagem fazem cada passagem seguir de modo natural e sem enrolação, entregando-nos momentos divertidos, emocionantes, trágicos, fortes e engraçados. As piadas são bem pontuais. O problema é quando o roteiro faz questão de reforçar uma situação cômica diversas e diversas vezes na mesma cena, tornando-se muito repetitivo e frustando o espectador.
CONFIRA O TRAILER
“Encanto” tem um título que resume perfeitamente o filme: é encantador em diversos aspectos, seja pela história, pelos personagens, pelas canções ou pela animação em si.
NOTA 9
BRUNO MARTUCI
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