AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA: Continuação do aclamado filme de James Cameron tem visual magnífico e contemplativo, mas com pouca história para sua duração

 

Após 13 anos desde o lançamento de Avatar, a tão aguardada sequência do aclamado sucesso de James Cameron chega aos cinemas no dia 15 de dezembro, e a pergunta que muitos estão fazendo é: depois de tanto tempo, a espera valeu a pena?

O primeiro Avatar, embora não tendo uma história única nem original, foi revolucionário pela parte técnica, ao renovar o uso do CGI de uma forma muito mais realista e rica em detalhes. Agora em Avatar: O Caminho da Água, não foi diferente. Novamente o diretor James Cameron presenteia os fãs com um filme esteticamente deslumbrante, superando o nível do CGI de seu antecessor, criando uma filmo-plastia magnífica, cheia de imagens vivas, claras e nítidas, com cenários marcantes e únicos, explorando novos mundos do planeta fictício de Pandora, principalmente o mundo submerso dos oceanos que é o grande destaque dessa continuação. As criaturas são tão bem feitas que parecem ser reais de fato, e não só pelo design, mas também pela interação com os Na’vi. Os efeitos criados na água são tão incríveis que parecem simples, mas nessas proporções que a história exige e com o nível de realismo que o diretor quer, é deveras complicado, mesmo assim foi muito bem feito.

Cena de “AVATAR – O CAMINHO DAS ÁGUAS”. Foto: Divulgação 20th Century Studios

Embora o visual do filme seja perceptivelmente impecável, James Cameron ainda faz questão de jogar na nossa cara o quanto o filme e visualmente revolucionário, criando diversos momentos contemplativos, mas que se estendem demais, principalmente nas cenas de descobertas de novos mundos e nas cenas em que os protagonistas se adaptam aos novos habitats. Dessa forma acaba se esquecendo de criar uma história sustentável para as 3 horas e 15 minutos de duração que acabam pesando nesses momentos contemplativos, até mesmo em cenas mais agitadas, como o próprio confronto final entre o protagonista e o antagonista, que é dividido em 2 partes, uma com exércitos de ambos os lados e um confronto frente a frente. Percebe-se isso por exemplo na forma como o diretor separa as batalhas finais de forma muito isolada, como se fossem dois eventos distintos com propósitos diferentes (o que não é, pois são dois confrontos com o mesmo objetivo) ao invés de criar algo contínuo e direto, fazendo inclusive que o roteiro decida dar uma pequena pausa antes de finalizar por completo essa parte da jornada dos Na’vi.

Cena de “AVATAR – O CAMINHO DAS ÁGUAS”. Foto: Divulgação 20th Century Studios

Assim como o primeiro filme, a história criada não é nada de nova ou no mínimo marcante. Diferente do primeiro filme, em que souberam  trabalhar com mais do mesmo, essa sequência já não tem o mesmo desempenho: diversas ideias do longa original são recicladas, e não somente de Avatar, mas de outras obras do James Cameron. Para quem conhece a filmografia do cineasta, vai notar diversas semelhanças com “Titanic” e “O Exterminador do Futuro” Até mesmo a ideia de que tudo na natureza está conectado é reutilizada aqui, só que dessa vez usam a água como elemento para retratar que o caminho da vida até a morte está ligado a ela, que flui sobre todas as criaturas vivas, o que é mostrado através de uma frase filosófica pelo povo Na’vi que habitam os Recifes dos mares. Assim, uma repetição da mesma coisa do primeiro Avatar, mas contada com outras palavras.

Cena de “AVATAR – O CAMINHO DAS ÁGUAS”. Foto: Divulgação 20th Century Studios

O arco principal do primeiro filme que envolvia Jake Sully também acaba sendo repetido, mas para disfarçar, o roteiro divide o arco em três personagens de forma mais intensa e foca nisso em cada um deles. O primeiro arco do primeiro filme que envolve aquele sentimento de deslocamento de Jake ((Sam Worthington) em não se sentir fazer parte dos nativos e nem da comunidade humana ficou para um de seus filhos com Ney’tiri (Zoë Saldaña), Lo’ak (Britain Dalton), que vive a mesma situação entre as tribos dos Na’vi e acaba tendo mais afinidade com uma criatura da água isolada de outros de suas espécie, aliás, outra ideia reciclada do primeiro filme. Depois temos o Spider (Jack Champion), um humano que tenta aprender os costumes de Pandora e vive igual aos Na’vi, se distanciando de seu ancestral e, pra finalizar, tem o arco da Kiri, filha da cientista Grace Augustine (Sigourney Weaver), que tem uma conexão forte com o planeta, além do mistério que envolve sua concepção. Embora nota-se a reutilização desses arcos, funcionam para estruturar essa sequência, por conta da forma separada de abordagem e conseguem criar algum tipo de conteúdo narrativo no roteiro.

Cena de “AVATAR – O CAMINHO DAS ÁGUAS”. Foto: Divulgação 20th Century Studios

Sobre a nova ameaça humana, no início é apresentado que “o povo do céu” retorna a Pandora por um motivo, mas após a introdução do retorno do personagem de Stephen Lang, isso é deixado para trás, para focar na motivação pessoal do antagonista, que se torna sua obsessão durante o filme inteiro, mesmo que outros humanos no planeta citam seus motivos para explorar mais os recursos do lugar.

Cena de “AVATAR – O CAMINHO DAS ÁGUAS”. Foto: Divulgação 20th Century Studios

O diretor dá uma certa atenção para alguns desses elementos, mas depois de serem revelados, não vão para frente, assim como outros mistérios e arcos acrescentados, deixando-os em abertos propositalmente para serem respondidos em uma nova sequência.

Confira o Trailer

Avatar: O Caminho da Água novamente surpreende nos efeitos visuais, mas tirando a parte contemplativa desse visual, é um filme com pouca história, que pouco empolga nas cenas mais intensas de ação pela enrolação do ritmo que demora ou estende demais. Um filme que poderia muito bem retirar 1 hora da duração para ficar um pouco mais direto e manter o ritmo estável entre os momentos contemplativos e a ação que o filme proporciona.

NOTA: 6,5

BRUNO MARTUCI

 


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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