Na última quinta, dia 29/09, o ArteCult participou da coletiva de imprensa do lançamento do tão esperado álbum de Pocah: “CRIA DE CAXIAS”.
Com 14 anos de carreira, a cantora retorna às raízes neste novo projeto
“Isso é cria de Caxias, respeita quem vem de lá”. Assim canta Pocah na faixa-título do
primeiro disco de sua longeva carreira. Foram inúmeros sucessos no funk e fora dele,
pioneirismo na cena feminina e preconceitos vencidos por ser uma mulher preta periférica
que não mede as palavras na hora de afrontar o machismo, mas, finalmente, ela chegou
onde sonhou. O novo álbum será lançado hoje, terça-feira, 03 de
setembro, às 21h, nas principais plataformas digitais, marcando um momento significativo em
sua carreira de 14 anos.
Pocah respondeu essa nossa pergunta durante a coletiva :
ARTECULT: a música “Cria de Caxias” é muito dançante, com uma letra que, com certeza, vai pegar fogo entre a população mais nova, pois tem a forma de falar de grande parte da juventude de grandes cidades como Rio e São Paulo. Qual sua expectativa para a recepção do público?
Pocah: “Eu quis iniciar o ato ‘Pocah’ no disco com essa música pois mesmo com 14 anos de carreira eu sigo com a minha essência de Caxias, sigo respeitando e honrando minhas raízes e meu passado. É um funk muito animado mas ele já é diferente dos funks de MC Pocahontas. É um funk que a Pocah faz. E ele vem com a participação especial da Slipmami. Eu queria trazer alguém que também fosse de Caxias, como a Slip, para trazer a real vivência de uma cria para a faixa.”
Chegando aos 30 anos de idade, uma data marcante, Pocah explica que este não é apenas
um álbum, mas um projeto biográfico e conceitual que resgata suas raízes em Duque de
Caxias, onde cresceu e encontrou inspiração. O título do álbum reflete essa conexão
profunda com suas origens, trazendo à tona a pluralidade de sua identidade como artista.
“Demorei para fazer esse disco, mas a espera valeu a pena”, comenta a cantora. “Aqui, entrego um trabalho completo e que representa quem eu sou e todas as fases que vivi. Nesse trabalho, o público vai conhecer histórias já contadas e outras guardadas a sete chaves – não só pela minha voz, mas pela minha arte.”
O álbum é dividido em três atos distintos e cada um representa uma fase da vida e da
carreira de Pocah. Essa estrutura narrativa se faz presente tanto na sonoridade, quanto no conteúdo lírico das faixas, com cada ato sendo introduzido por uma interlude que marca o início de um novo capítulo.
Primeiro Ato: “MC Pocahontas”
No primeiro ato, “MC Pocahontas”, Pocah revisita o início de sua carreira, quando se
destacou como funkeira em Duque de Caxias. Este bloco inclui faixas como “SÓ DE RAIVA”,
uma colaboração com Rebecca e Tati Quebra Barraco que explora temas de
empoderamento feminino com o sarcasmo e o deboche característico de Pocah. A produção
evoca a energia dos primeiros bailes de funk onde a artista se apresentou. “GOSTOSAS NO
TOPO” é uma exaltação à própria auto-estima, enquanto “ASSANHADINHA” assume os
holofotes como a primeira faixa já conhecida do público. Sucesso viral de 2023, ao lado do
funkeiro caxiense MC Durrony, o single biográfico de Pocah sobre as madrugadas no Baile da
RQ, tradicional de Caxias, já acumula mais de 15 milhões de plays nas plataformas. “DI
MAROLA”, parceria com MC Kevin O Chris, mais um representante de Duque de Caxias,
fecha o bloco com uma sonoridade que remete aos tempos em que Pocah viralizou nas
redes sociais com suas danças sensuais.
Segundo Ato: “Pocah”
O segundo ato, “Pocah”, simboliza a transição da artista para uma fase mais ousada e
experimental, onde ela explora novos gêneros musicais e adota uma postura pop sem
abandonar suas raízes no funk. O destaque é a faixa-título “Cria de Caxias”, em parceria com
a rapper Slipmami, que é um hino da cultura periférica. Ela canta “Nós é padrão de
qualidade, o puro suco do Rio / Isso é Cria De Caxias, respeita quem vem de lá”. Slipmami
rima usando frases que fazem referência à fase MC Pocahontas em suas letras rápidas. A
faixa “Venenosa”, parceria com Triz e MC Gw, também já é conhecida do público e, em
menos de uma semana, se tornou umas das músicas mais reproduzidas de Pocah nas redes
sociais. “Conteúdo Sensível” reflete a evolução sonora da artista, com influências de R&B e
uma lírica mais sensual, transicionando o disco para um lado mais distante do funk. “Brilho
No Olho”, colaboração com L7NNON, encerra este ato com uma retrospectiva sobre a vida
dela, celebrando sua jornada, superação pessoal e ascensão econômica.
Terceiro Ato: “Viviane”
No terceiro e último ato, “Viviane”, Pocah revela uma face mais íntima e emocional. Em um
tom mais vulnerável, ela aborda temas pessoais, traumas e batalhas em faixas como
“Livramento”, uma balada poderosa que fala sobre a experiência dela em um
relacionamento abusivo e como sua fé se fez presente naquele momento. Na música, a voz
de Pocah é acompanhada por um corpo de cordas orquestrais. Em “Nunca Tá Bom”, ao som
de um violão, ela reflete sobre as pressões externas em sua vida e carreira. O álbum fecha
com a faixa “Vitória”, uma música emotiva em que ela canta ao lado de sua filha, que tem o
mesmo nome, celebrando a maternidade como uma de suas maiores conquistas e a grande
força que a manteve firme em sua trajetória.
O disco foi produzido pelo DJ TH4I, colaborador de Flora Matos e Tassia Reis. Pocah assumiu
a co-composição do projeto ao lado de três mulheres: Lary, que explora o lado mais
romântico de artistas como Iza e Ludmilla; King, também de Duque de De Caxias, que já
colaborou com Negra Li e Karol Conka; e Bruninha, que trabalha com diversos novos artistas
como Tília e Melody.
“Cria De Caxias” marca o início de uma narrativa visual e performática que ganhará vida
através de visualizers em todas as faixas e culminará em um show especial no Rock in Rio, no
dia 20 de setembro, no palco Espaço Favela. Este palco, que ecoa às vozes da periferia,
deixará registrada a apresentação histórica de Pocah honrando suas origens e sua evolução
como artista.