
Fonte: Biophillick (2024)
CORPO em abertura é uma videodança que dá a ver um grito ecopolítico, um manifesto artístico entrelaçado com práticas ecológicas e bruxísticas, fundamentado na Hipótese Gaia. A obra convoca os quatro elementos como forças vivas e transformadoras nas performances-rituais realizadas por, Andréia Evangelista, no território sagrado da Chapada dos Veadeiros.
Tal ritualística evoca forças cósmicas:
Os rios voadores trazem segredos antigos.
A fênix soberana queima e renasce.
O berço das águas espalha vida.
A savana brasileira persiste, indomável.
E no centro de tudo isso: um corpo poroso, aberto ao vento, ao sol, à terra e ao mistério.
✨ “O corpo não tem paredes, é poroso ao vento, à água, ao sol. É na relação com os demais seres que nos fazemos no mundo.”
— Geni Nunes

Fonte: Isabelle Almeida (2024)
Na videodança, a performer traça um círculo de magia natural ao invocar os quatro elementos, dançando em comunhão com a força transformadora de Gaia. As técnicas incorporadas na obra refletem práticas artísticas que atravessaram sua criação e subjetividade, entre elas: shibari, vogue femme, dança com fogo, dança subaquática, dança afro, samba, cavalo marinho e funk carioca.
A hipótese Gaia propõe que o planeta é um ser vivo autorregulatório, ou seja, dotado da capacidade de se ajustar a novas condições. Nesse sentido, todos os seres vivos que habitam a Terra seriam como os seus tecidos, assim como nós, humanos, somos compostos por inúmeros microrganismos que integram nossa microbiota. Dessa forma, a soma de todos os seres vivos de Gaia a constitui como um ente vivo, cuja qualidade de vida reflete diretamente na maneira como nos relacionamos com ela.

Fonte: Biophillick (2024)
As performances trazem toques subversivos no que diz respeito à liberdade do corpo da mulher, ancoradas no conceito de erotismo sagrado. A fotografia do filme é uma explosão visual que captura as belezas naturais da Chapada dos Veadeiros. A trilha sonora original, criada por três músicos, nasce em sintonia com as demandas cênicas e gestuais da performer, resultando em uma composição singular e instaurando atmosferas que refletem as qualidades de cada elemento.
Todos os figurinos são sustentáveis, confeccionados a partir de materiais reaproveitados e reciclados. Entre eles, destacam-se as linhas de crochê recicladas, as meias-calças que compõem o figurino de vogue, doadas por mulheres de Alto Paraíso de Goiás, o tapa-seio dourado feito de embalagem alimentícia e as composições têxteis criadas com roupas adquiridas em brechós.

Fonte: Biophillick (2024)
CORPO em Abertura estará em exposição até 20/04/2025 no canal da artista: https://youtu.be/qoA3pSljHQQ?si=voao-vu3D69xZbsb
Durante esses dez minutos, o círculo mágico estará aberto.
O voyeurismo é um pacto.
Fetiche e feitiço? Mesma coisa.
Mentalize, peça, acredite.
A estreia online aconteceu em 20 de março, simultaneamente à apresentação presencial no Teatro Escola A Barca Coração, em Alto Paraíso de Goiás, Chapada dos Veadeiros – GO. Para ampliar o acesso, a obra permanecerá disponível por um mês no canal da artista.
E por falar em acessibilidade, a obra conta com versão em audiodescrição, disponível em: https://youtu.be/gm_DR_LZJN4?si=i0KfjOSy8OhsAeUm.

Fonte: Lucas Basílio (2025)
Sobre Andreia Evangelista
Andreia Evangelista é uma artista multidisciplinar com formação em Audiodescrição (Sinal de Afeto – 2024), Artes Visuais (mestrado, EBA/UFRJ – 2021), Dança (licenciatura, Faculdade Angel Vianna – FAV – 2010) e Teatro (curso técnico em interpretação teatral, CAL – 2004). Sua trajetória nas artes cênicas inclui atuação como coreógrafa, preparadora de atores e diretora de movimento, sempre explorando a expressividade do corpo em cena. Como artista visual, investiga a corporeidade por meio de ações performáticas, ampliando a relação entre imagem e movimento. Sua pesquisa em dança contemporânea dialoga com os fundamentos do Teatro Físico e da Dança-Teatro, aprofundando a gestualidade como meio narrativo. No campo da audiodescrição, seu trabalho é voltado à arte e à cultura, buscando uma abordagem sensível e poética na tradução de imagens, promovendo acessibilidade e novas possibilidades de experiência estética.










