Os artistas André Griffo, Diambe, Leila Danziger, Gilson Plano e Vivian Caccuri expõem cinco obras e participam de um bate-papo reflexivo que irá se transformar em uma publicação
Uma imersão no tempo sob a ótica de cinco artistas contemporâneos é o que propõe a exposição “Contratempo“, que estreou no dia 28 de fevereiro na Casa Museu Eva Klabin, localizada na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro.
A proposta da exposição vai além da simples contemplação artística. Em uma série de conversas mediadas pelo curador do projeto, Lucas Albuquerque, especialistas de áreas correlatas às artes, como física, geologia, história e filosofia, serão convidados a compartilhar suas percepções sobre o tempo junto aos artistas participantes da exposição.
Além dos encontros, o segundo andar da Casa Museu abrigará obras significativas da produção recente dos artistas participantes das discussões: André Griffo, Diambe, Leila Danziger, Gilson Plano e Vivian Caccuri.
O resultado desses diálogos será registrado em uma publicação colaborativa, a ser lançada ao término do projeto, compilando a transcrição das conversas, textos dos convidados e contribuições do público. O objetivo é aprofundar o entendimento dos quase 50 séculos de história que compõem o acervo da Casa Museu Eva Klabin.
O curador do projeto, Lucas Albuquerque, destaca a importância de repensar as narrativas do tempo em um mundo complexo e em constante transformação. “Frente a esse desafio, o programa Contratempo realiza uma fissura no percurso histórico conservado pela casa, convidando artistas e pensadores para abrir, ou mesmo inventar, outros tempos que formam o contemporâneo. Se hoje entendemos que a perspectiva de um tempo único e linear é uma ficção, projetos como esse repensam o lugar dos museus que conservam e escrevem tais narrativas”, explica.
MINIBIO DOS ARTISTAS
SOBRE ANDRÉ GRIFFO
André Griffo (n. 1979, Barra Mansa, RJ) demarca sua prática artística – permeada por esculturas, instalações e sobretudo pinturas – a partir da estratégia de relacionar os espaços por ele apropriados com referências históricas e contemporâneas. O artista volta-se para a crítica das estruturas de poder, em especial as ficções por elas criadas para a manutenção do controle dos indivíduos. Griffo nos convida a dar atenção aos mínimos detalhes, refletindo em sua obra as muitas violências que dão corpo às narrativas hegemônicas da história do Brasil e suas ruínas. Discute, por exemplo, as permanências dos efeitos da economia escravocrata na formação histórica brasileira e os mecanismos das instituições religiosas na fundação de imaginários que visam a submissão dos fiéis. A produção de Griffo perpassa o documental e o ficcional; com a sobreposição de tempos e realidades, seus trabalhos permitem expor os pensamentos dos indivíduos de uma determinada sociedade, seus valores e mudanças, e, em certas ocasiões, testemunhar a imutabilidade das coisas.
SOBRE LEILA DANZIGER
Leila Danziger (n. 1962, Rio de Janeiro, RJ) é artista, poeta e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), doutora em história da arte pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Brasil. A partir de documentos históricos como jornais antigos, fotografias e livros didáticos, seus trabalhos exploram as relações entre memória e esquecimento, utilizando múltiplas técnicas e materiais como serigrafias, textos, fotolitografias e vídeos. Apresentou exposições individuais em instituições como Museu Judaico de São Paulo (2022); Caixa Cultural, São Paulo e Brasília (2019); e participou de coletivas em espaços como a Otterbein University, Ohio, EUA (2022); Instituto Goethe Salvador (2020); e Museu de Arte do Rio (2019, 2018). Nos últimos anos, publicou os livros “Descer da nuvem” (2022) e “Navio de emigrantes” (2019). Vive no Rio de Janeiro.
SOBRE GILSON PLANO
Gilson Plano (n. 1988, Goiânia, GO) é artista, educador e gestor cultural, desenvolve trabalhos e pesquisa na intersecção de escultura, ação e narrativas. Investiga em sua produção artística o imaginário sobre a história do corpo preto acompanhadas das idéias de peso, ficção e encantamento. Doutorando no programa de pós-Graduação em artes da UERJ. Participou de exposições coletivas como: “De montanhas submarinas o fogo faz ilhas” no PIVÔ_2022, “A casa Carioca” – Museu de Arte do Rio_2020; Hábito__Habitante – EAV Parque Lage_2021; Estopim e Segredo: uma exposição em cinco corte – EAV_ 19/20; Festival Valongo_2018 – Santos – SP; e às individuais “pássaros e pedras” na GDA, “como erguer tempestades” no programa de exposições CCSP 2021, “TURVO” no espaço duplex em Lisboa – PT
SOBRE VIVIAN CACCURI
Vivian Caccuri investiga culturas musicais e produções sonoras em sentido amplo, propondo experimentos com o som que ultrapassam o campo auditivo e abarcam o visual, o corpóreo e o tecnológico. Por meio de objetos, instalações, performances e músicas originais, Caccuri cria situações que desorientam a experiência cotidiana e, por consequência, interrompem percepções sedimentadas na cultura e entranhadas às estruturas cognitivas. A artista lança luz sobre condicionamentos históricos e culturais que assentam distinções entre ruído, música, sons naturais e silêncio. Formada em Artes Plásticas em 2007, realizou individuais no Brasil, na Dinamarca, nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Suécia. Outras exposições das quais participou são a 32a Bienal de São Paulo: Incerteza viva, em 2016, People’s Biennale – Kochi-Muziris Biennale 2018, Kochi & Kerala, India, a 11a Bienal do Mercosul, em 2018, e 33o Panorama de Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna, São Paulo, em 2013.
SOBRE DIAMBE
Diambe (Rio de Janeiro, 1993) é artista, pessoa negra e não binária que vive em São Paulo. Graduou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Université Sorbonne Nouvelle e obteve mestrado em Artes da Cena na UFRJ. Seu corpo de trabalho é marcado pelo uso de matérias vivas, sendo recorrente o recurso de tecidos, raízes alimentares amefricanas, gravuras e coreografias que relacionam arquiteturas com movimentos espontâneos em elaborações plurais. Diambe apresentou quatro exposições individuais: “Movement (ir e vir)”, AZB (Pro Helvetia Stipend), Zurique (2023); “Jardim Novas Mucosas”, Quadra, São Paulo (2022); “Ampla curva de coisa viva”, Centro Cultural São Paulo (CCSP), São Paulo (2021); e “Cartões de revisita” com Tadáskía, Despina, Rio de Janeiro (2019). Dentre as exposições coletivas que participou, as mais recentes são: “Dos Brasis”, SESC Belenzinho, São Paulo (2022); “Ensaios para o Museu das Origens”, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (2023); “Video-muro”, Isla Flotante, Buenos Aires (2023); “Histórias Brasileiras”, Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo (2022); “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”, Museu de Arte do Rio (MAR), SESC São José do Rio Preto, entre outras.
SOBRE LUCAS ALBUQUERQUE
Bacharel em História da Arte e mestre em Processos Artísticos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É coordenador curatorial da Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro), produzindo diálogos entre seu acervo e arte contemporânea. Foi curador-organizador da Galeria Aymoré (Rio de Janeiro). Como curador do programa de residências artísticas do Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro), trabalhou estabelecendo conexões com artistas, curadores e pesquisadores entre Brasil e Reino Unido (Delfina Foundation), França (Frac Bretagne), Espanha (Homessessions) e Holanda (Rijksakademie). Realizou a curadoria das exposições “Muamba: brazilian traces of movement” (2023), na Ruby Cruel (Londres, U.K.); “Whispers from the South” (2023), na Lamb Gallery (Londres); “Ustão” (2023) e “Ultramar” (2023), na Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro); “O Sagrado na Amazônia” (2023), com Paulo Herkenhoff, e “Gamboa: nossos caminhos não se cruzaram por acaso” (2022), no Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro); “Futuração” (2021), na Galeria Aymoré (Rio de Janeiro); além de outras individuais e coletivas. Desenvolveu a pesquisa “As relações entre melancolia e nostalgia no filme Sixty six”, sobre o cineasta americano Lewis Klahr. No mestrado, desenvolve a sua dissertação realizando uma investigação sobre a produção final de Harun Farocki, refletindo sobre a imagem digital e a interseção entre guerra, entretenimento e mídia.
SERVIÇO
CONTRATEMPO
- Artistas: André Griffo, Diambe, Leila Danziger, Gilson Plano e Vivian Caccuri
- Curadoria: Lucas Albuquerque
- Entrada livre e gratuita.
- Local: Casa Museu Eva Klabin. Av. Epitácio Pessoa, 2480 | Lagoa | Rio de Janeiro |RJ|
- Período: 28 de fevereiro até 31 de março
- Visitação: quarta a domingo, das 14h às 18h.
- Encontros: quartas-feiras, das 18h às 20h30
AGENDA DE CONVERSAS
- 28/02 – André Griffo convida André Capilé (Poeta)
- 06/03 – Diambe convida Laís Amaral
- 13/03 – Gilson Plano convida Eduardo Andrade (Químico)
- 20/03 – Vivian Caccuri convida Gustavo Keno
- 27/03 – Leila Danziger convida Luiza Leite (Antropóloga e Poeta)
Redes sociais: http://evaklabin.org.br | IG @evaklabinoficial
Contato geral: (21) 32028550 (de terça a domingo |14h às 18h)
Não há vagas de estacionamento nas imediações e a casa não dispõe de estacionamento próprio. A instituição recomenda transporte público ou por aplicativo. Os carros estacionados irregularmente estarão sujeitos a multas e reboque.